sábado, 28 de novembro de 2009

Nassif: na banda larga, provedor de acesso é tecnicamente desnecessário; serve apenas para dar lucro para às empresas.

Segue post do Nassif.

Os cartórios da mídia

Dia desses escrevi aqui que o UOL é o único caso de sucesso da velha mídia com novas tecnologias.

Um especialista do setor me telefona. E informa que o UOL sobrevive devido um cartório criado especialmente para ele, o do provedor de acesso, excrescência que só existe no Brasil.

Por partes.

Quando acabou a era da conexão discada e entrou a banda larga, o provedor de acesso passou a ser desnecessário. Toda receita de assinatura foi para o brejo, o que levou ao fim da AOL (America Online), modelo no qual se espelhou a UOL. A empresa, que chegou a valer mais do que a Time-Warner, hoje vale um centésimo do que valia.

No Brasil, os provedores de acesso se mantém graças à desinformação das pessoas, me explica ele. O lobby da Folha fez com que, na contratação de uma banda larga, fosse obrigatório o provedor de acesso. Criou-se um cartório.

Ocorre que poucos sabem que, depois de contratado o provedor de acesso, para adquirir uma banda larga, pode-se descontratá-lo no mês seguinte, sem sofrer descontinuidade no acesso à banda larga.

Recentemente a Folha soltou um editorial reclamando isonomia no uso da banda larga. Ocorre que, no campo econômico, o provedor de acesso não tem justificativa, é apenas um ônus a mais para o usuário, exclusivamente para garantir a sobrevivência dos portais.

Para se ter idéia da importância do tema para Folha-UOL, hoje em dia a receita de assinatura ainda corresponde a 70 ou 80% do total de receitas do portal. Publicidade representa uma quantia ínfima. A ponto do portal buscar serviços de hospedagem para garantir seu futuro.

Em nenhuma outra parte do mundo existe o conceito de portal, como na UOL, porque esse cartório é exclusivamente brasileiro, sem nenhuma justificativa de ordem econômica ou social.

Outro cartório é o da publicação de balanços em jornais de grande circulação. Não há a menor lógica. O balanço visa dar transparência para os dados de sociedades anônimas. A publicação na Internet é muito mais transparente, porque permite recolher mais dados, relatórios adicionais, explicações adicionais. Além disso, o balanço fica registrado e disponível através do site da CVM (Comissão de Valores Mobiliários) ou da BMF-Bovespa.

Esse é o fantasma que está por trás dessa escalada suicida de alguns órgãos da velha mídia. O cartório do provedor de acesso é essencial para a UOL; o da publicação de balanços, essencial para o Valor, Folha e Estado.

Nenhum comentário: