quinta-feira, 30 de julho de 2015

S&P: das 15 maiores economias, cinco tem viés negativo, Alemanha e Canadá entre elas.



Então é isso: a Standard & Poor´s reviu a perspectiva do risco econômico para investidores no Brasil.

Mantivemos a nota e o tal "investiment grade", mas, segundo a empresa, a tendência não é boa. Nossa nota pode diminuir na próxima avaliação.

Mesmo que voce, como eu, veja estas avaliações com desconfiança, a notícia não é boa. Muita gente, gente com dinheiro, não compartilha nossa opinião e toma decisões de negócio e investimento olhando para estes "ratings".


Por outro lado, a notícia poderia ser pior. Tinha muita gente por aí prevendo, apostando (torcendo?), que perderíamos o grau de investimento. Ficamos a um passo disso, mas não perdemos. Menos mal. Talvez..

De qualquer forma, triunfantes (com a nossa suposta derrota como país), os insuspeitos analistas de sempre, aqueles mesmo que fingem não existir uma crise mundial, apregoam: "viu, a crise brasileira colocou nossa nota em viés negativo".

Beleza: ponto pra eles.

Mas... será?

Hoje de manhã, a mesma S&P publicou no twitter o gráfico acima, com o risco e a perspectiva de risco das 15 maiores economias mundiais.

E o que ele mostra? Entre outras coisas,

(1) que sim, a S&P nos vê com risco alto - mas empatado com a Espanha e, vejam voces, a China e melhores que a Rússia;
(2) que, dos 15, apenas 2 países tem perspectiva de risco positiva - Reino Unido e a sofrida Espanha (dos 25% de desempregados); e
(3) que mais 4 países tem perspetiva de aumento do risco - Rússia, Índia, Canadá (sim, o Canadá) e Alemanha (isso mesmo, a poderosa Alemanha).

Sei não, mas não me parece exatamente um quadro mundial de economia bombando. Ao contrario, na média, de orelhada, não seria mais sensato falar em uma situação de perspectiva de aumento de risco para a economia mundial? Ou, ao menos, trabalhar com essa hipótese nas análises?

terça-feira, 28 de julho de 2015

Brasil começa a corrigir atraso na área biofarmacêutica, diz especialista




O setor biofarmacêutico brasileiro está com cerca de 30 anos de atraso em relação aos países desenvolvidos, de acordo com Leda Castilho, professora de Engenharia Química do Instituto  Alberto Luiz Coimbra de Pós-Graduação e Pesquisa de Engenharia da Universidade Federal do Rio de Janeiro (Coppe-UFRJ). Nos últimos anos, porém, o governo federal detectou esse atraso e o seu impacto na balança comercial e começou a investir na área, disse ela hoje (27) à Agência Brasil.

Leda Castilho salientou que há um déficit grande na área de saúde, em grande parte decorrente da necessidade de importar produtos biotecnológicos para a saúde humana. Algumas empresas biofarmacêuticas, segundo ela, foram criadas individualmente ou em consórcio com outras companhias, no país, apoiadas por financiamentos do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).


As aprovações de empréstimos do BNDES entre 2004 e 2015 para esse segmento somam R$ 617 milhões, o que representa 14% da carteira de aprovações totais do banco, relativas às três fases do Profarma, o programa de apoio ao setor. Os projetos em análise na área de biotecnologia equivalem a 52% do total e alcançam R$ 500 milhões.

Os investimentos permitiram, inclusive, que uma das empresas financiadas, a Recepta Biopharma, criasse um produto inovador (anticorpo monoclonal) que acaba de ser licenciado para os Estados Unidos, visando o desenvolvimento de remédio para o tratamento de câncer. Segundo Leda, é a primeira vez que o Brasil não está comprando uma tecnologia do exterior. Ao contrário, "estamos vendendo para os EUA a tecnologia de um novo produto, moderno, para a saúde humana“. As vendas do setor de biofármacos superaram US$ 160 bilhões no ano passado. “Hoje em dia, o setor biofarmacêutico já representa 20% das vendas da indústria como um todo. E é um percentual crescente”, adiantou.

A professora Leda informou que dos 41 mil novos produtos para a saúde humana com testes clínicos em andamento no mundo, 40% são produtos biotecnológicos. “O setor biofarmacêutico está se tornando cada vez mais importante”, segundo ela. Na avaliação dela, o Brasil está dando os primeiros passos para participar desse mercado mundial. “Está montando as primeiras fábricas para passar a produzir daqui a alguns anos”, disse.

A produção de biofármacos em cultivos de células animais é o tema do sexto seminário internacional promovido a partir de hoje (27) pelo Programa de Engenharia Química da Coppe-UFRJ. O evento se estenderá até a próxima sexta-feira (31) e reunirá especialistas de universidades e da indústria de 13 países.

Para que o leitor possa entender a importância do seminário, biofármacos são produtos biológicos usados para fins terapêuticos. Leda Castilho explicou que no mundo existem medicamentos tradicionais, como aspirinas, por exemplo, que são produzidos por síntese química. Mas desde a década de 1980, começaram a chegar ao mercado, “e de forma crescente nos últimos anos”, medicamentos produzidos por biotecnologia. "São medicamentos que a molécula é muito mais complexa. Por isso, não dá para produzir pelas vias tradicionais, e tem que usar biotecnologia na fabricação. Eles usam células que foram, um dia, isoladas a partir de animais. Essa ferramenta é utilizada para produzir os modernos medicamentos biotecnológicos, explicou.

Durante o seminário, serão discutidas todas as etapas para o desenvolvimento dessas biotecnologias e sua aplicação industrial, disse ela. A manipulação genética da célula, visando a produção de uma cópia da proteína humana – para que ela possa ser injetada em um paciente e suprir uma deficiência que ele tenha em produzir aquela proteína, como ocorre em doentes com hemofilia – será um dos temas em debate, adiantou Leda.

Os especialistas vão discutir desde a modificação genética da célula até a propagação dessas células com a cópia do gene humano, de modo a que elas produzam grande quantidade da proteína humana. A purificação dessa proteína e aspectos regulatórios e de mercado, envolvendo a realização de testes em animais e testes clínicos (em humanos), também estarão na pauta do seminário, disse Leda Castilho. Os especialistas abordarão ainda outros produtos biológicos relevantes também fabricados a partir de células animais, como vacinas e terapias celulares.

domingo, 26 de julho de 2015

Ex-beneficiário do Bolsa Família, estudante brasileiro apresenta projeto sobre hanseníase em Bruxelas.

Do Portal Brasil.


ESIMundi


Trabalho foi um dos 20 escolhidos para a Expo-Sciences Internacional; mãe destaca importância do Bolsa Família para garantir que jovem chegasse ao ensino superior

Aos 19 anos, o jovem estudante de Comunicação Social, Raimundo Otávio Ribeiro Neto, morador de Campo Maior (PI), embarca neste sábado (18) para Bruxelas, Bélgica, para representar o Brasil na Expo-Sciences Internacional (ESIMundi).

Raimundo e Nazaré Andrade, colega do estudante, desenvolveram o projeto Diagnóstico e acompanhamento dos casos de hanseníase nas unidades básicas de saúde na zona urbana de Campo Maior, que ganhou o direito de representar o Brasil em um dos maiores eventos científicos do mundo após ter ganhado o título de melhor projeto da II Feira de Ciência e Engenharia do Estado do Amapá.


“É uma satisfação representar meu estado e meu País. Meu objetivo é levar o projeto para a universidade”, destaca. A viagem está sendo custeada pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Piauí (Fapepi).

O estudante desenvolveu o projeto durante o ensino médio no curso profissionalizante de Técnico em Enfermagem no Centro de Ensino Profissionalizante de Tempo Integral, quando descobriu que seu município apresentava dados preocupantes de hanseníase. “Temos 45 mil habitantes e 80 casos da doença”, conta Raimundo.

Os jovens então resolveram trabalhar no projeto e realizar o sonho de conscientizar as pessoas, por meio da divulgação em veículos de comunicação, sobre a importância do tratamento da doença. “Multiplicamos a informação para minimizar o preconceito e mostrar que o tratamento é simples, leva de seis meses a um ano.”


Maria Amparo, mãe de Raimundo, conta que a educação sempre foi vista pela sua família como algo essencial para que eles pudessem ter uma vida melhor.  Até o mês passado, a família era beneficiária do Bolsa Família. Maria Amparo utilizava a complementação de renda para alimentação e na compra de remédios. Raimundo reforça a importância do programa. “Na escola, alguns alunos tinham melhores condições. Com o Bolsa Família, conseguimos comprar uniforme, sapatos, material escolar.”

A irmã, Jamile Loides Otávio Ribeiro, 23 anos, também ingressou na faculdade. Ela está cursando licenciatura em Biologia na Universidade Estadual do Piauí, em Campo Maior. No ensino médio, fez curso técnico de Higiene Bucal. Ainda concluiu um curso profissionalizante de Maquiadora, pelo Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e Emprego (Pronatec).

Maria Amparo conta que devolveu o cartão do Bolsa Família porque a filha conseguiu um emprego com carteira assinada. “Jamile foi umas das 10 selecionadas, entre 80 candidatos, por uma rede de farmácias para trabalhar como operador de caixa. Teve prova de português e matemática, entrevista e teste psicológico.”

quarta-feira, 8 de julho de 2015

Pesquisadora da FGV: com aumento real de 76% na última década, salário mínimo foi o principal fator na redução da desigualdade.

Da EBC.


Ao completar 75 anos de vigência no Brasil, o salário mínimo registra o maior poder de compra e pode ser considerado fator fundamental para a redução da desigualdade no país. A avaliação é da cientista política, historiadora e professora da Fundação Getúlio Vargas, Dulce Pandolfi.

Dos arquivos do blog:

Ela lembrou que o salário mínimo foi criado pela Lei nº 185 de janeiro de 1936 e surgiu como um direito social em meio à chamada Era Vargas. A partir daí, começou a ser implementada uma legislação focada no trabalhador, que resultou na Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), aprovada em 1943.

“Nos últimos anos, o país registrou grandes avanços. Na realidade, quando se fala que a desigualdade social diminuiu, a razão principal é ter um salário mínimo com poder de compra maior. O valor real dele aumentou muito. Claro que ainda temos uma quantia baixa, mas este é o período com seu maior poder de compra”, avaliou.

Dados do Departamento Intersindical de Estatísticas e Estudos Econômicos indicam que cerca de 46,7 milhões de brasileiros – entre empregados domésticos, trabalhadores rurais e beneficiários de programas sociais – têm como remuneração básica o salário mínimo.

O aumento real do mínimo, nos últimos 11 anos, segundo o Ministério do Trabalho e Emprego, foi 76,5%. Com o valor fixado em R$ 788, a partir de 1º de janeiro deste ano, o poder de compra é estimado em 2,22 cestas básicas.

“É a maior média anual registrada desde 1979 e resume bem as conquistas de todos os trabalhadores brasileiros nos últimos 12 anos”, avaliou o ministro Manoel Dias, por meio de nota. “Mesmo diante do quadro econômico atual, são boas notícias, que merecem ser mostradas nesta data”, concluiu.

O ministro da Secretaria-Geral da Presidência da República, Miguel Rosseto, avaliou o salário mínimo como um extraordinário ganho para garantir renda básica aos trabalhadores e aposentados. “É um reconhecimento do trabalho e a preservação, portanto, de uma qualidade de vida básica”, disse.

terça-feira, 7 de julho de 2015

Cisternas nas escolas melhoram vida de alunos e de comunidades no Semiárido

Da EBC.

Fonte



A placa de alumínio com a identificação da obra era o último elemento que faltava na cisterna da Escola Furtado Leite, na comunidade Pereiros, em Nova Russas (a 304 quilômetros de Fortaleza). Na prática, o reservatório foi inaugurado pelas chuvas de março, quando as águas serviram para lavá-lo e deixá-lo pronto para garantir que aulas não sejam mais suspensas pela falta desse recurso.

Dos arquivos do blog:

“Tinha a água da rua, que caía um dia, dois não. A gente aparava e ia usando, mas não dava para todos os dias da semana. Às vezes, eu ia pegar no cacimbão [poço profundo] com o carrinho de mão. Já houve vezes em que a aula foi suspensa porque não tinha água”, conta a auxiliar de serviços gerais Mirlânia Magalhães Camelo, que trabalha há seis anos no local.

A agricultora Maria Iranir de Souza, assim como muitos pais, costumava mandar uma garrafa d'água pela neta Maria Heloísa, de 6 anos. “Antes era muito ruim. As crianças tinham que trazer água de casa. A cisterna ajudou muito.”

A cisterna, de 52 mil litros, é a primeira construída dentro do programa Cisternas nas Escolas, que deve inaugurar 2,5 mil unidades em escolas da zona rural no Semiárido brasileiro até o fim de 2015 e mais 2,5 mil em 2016, beneficiando 254 municípios. O programa é coordenado pela Articulação no Semiárido Brasileiro (ASA) em parceria com o Ministério do Desenvolvimento Social (MDS).

No Sertão de Crateús, serão 83 cisternas distribuídas nos municípios de Nova Russas, Ipaporanga, Independência, Tamboril, Monsenhor Tabosa e Quiterianópolis. Nessas cidades, a construção das tecnologias sociais é feita por meio da Cáritas de Crateús, que foi selecionada pela ASA.

A monitora pedagógica da Cáritas, Valdênia Delmondes, fixa a placa de alumínio com pregos na lateral da cisterna sob os olhos atentos das crianças e dos moradores do local, que tiveram papel crucial na construção do reservatório. Antes de iniciar o projeto, a Cáritas faz encontros com a comunidade para apresentar os detalhes e definir os papéis de cada um.

“A grande importância desse projeto é envolver as pessoas e trazer renda para os moradores. Os pedreiros são agricultores que, no momento de estiagem, estão sem roça. Os serventes são pais de alunos que se dispuseram a ajudar na construção da cisterna para ter água para o filho beber”, explica Valdênia.

“O objetivo da ASA não é construir tecnologias, mas sim cidadania. Muitas pessoas que não vinham à escola passaram a vir a partir desse empoderamento que a gente possibilitou”, destaca.

Dez escolas de Nova Russas foram contempladas e as cisternas já estão prontas. Dentre as unidades selecionadas, cinco são creches, consideradas prioritárias pelo programa. A lista de escolas aptas a receber os reservatórios é feita pelo Ministério da Educação (MEC) a partir de informações dadas pelos municípios no Censo Escolar. A Cáritas de Crateús estima que cada cisterna custe R$ 7,6 mil e que a construção seja feita entre quatro e cinco dias.

De dia, no prédio da Escola Furtado Leite, funciona a Creche Sonho Feliz. Já à noite, o espaço recebe alunos da Educação de Jovens e Adultos (EJA). Ao todo, 31 estudantes terão acesso à cisterna não só como um reservatório de água, mas também como um item pedagógico.

“Eles vão passar a trabalhar a qualidade da água, como preservá-la e como cuidar da cisterna. Quando a gente vai visitar essas escolas, a gente vê as crianças bem mais animadas, porque já estão trabalhando esses conteúdos, veem que a qualidade da água está melhor. Isso melhora a autoestima delas, porque não é mais necessário mendigar água, recorrer a político A ou B. A escola fica independente”, ressalta a coordenadora do Programa Cisternas nas Escolas e da Educação Contextualizada de Nova Russas, Dina Raquel.

Além dos alunos, a cisterna visa a atender a todos os 322 moradores da comunidade Pereiros. Devido às poucas chuvas deste ano, não foi possível captar água por meio das calhas do telhado da escola. Atualmente, a cisterna está abastecida com água de carros-pipa.

Reservatórios de água ajudam sertanejos a conviver com a seca

Da EBC.

Fonte



Os reservatórios de água arredondados, com cobertura em forma de cone, feitos de placas de cimento e pintados de branco já fazem parte do cenário do Semiárido brasileiro. Os equipamentos dão um alento a 22 milhões de pessoas, famílias que vivem no sertão nos estados de Alagoas, da Bahia, do Ceará, de Minas Gerais, da Paraíba, de Pernambuco, do Piauí, do Rio Grande do Norte e de Sergipe.

Dos arquivos do blog:

Na comunidade Pereiros, em Nova Russas (a 304 quilômetros de Fortaleza), a casa da agricultora Maria Bezerra Magalhães Camelo, mais conhecida como Marinete, foi a primeira a ter uma cisterna, em 2002. A realidade da família mudou e a antiga forma de conseguir água ficou só na memória.

“Eu morava em Tamboril (município próximo) em 1988, quando fiquei grávida. Buscava água a meia légua de casa e carregava balde na cabeça. Nessa época, meu marido foi trabalhar em São Paulo e eu voltei para Nova Russas. A gente sofria muito. Então quando veio a cisterna, a vida da gente se transformou”, conta, exibindo o reservatório cheio de água da chuva.

Em Mossoró (a 281 quilômetros de Natal), na comunidade Jucuri, a agricultora Antoneide Julião de Góis tem uma cisterna de placas - que permite o armazenamento de água para consumo humano em reservatório protegido da evaporação e das contaminações causadas por animais e dejetos trazidos pelas enxurradas - na frente de casa há menos de um ano.

Devido às poucas chuvas no Rio Grande do Norte, não foi possível captar água, nem mesmo o suficiente para limpar o telhado e as calhas que vertem o líquido para o reservatório. Mesmo assim, ela se sente satisfeita em ter a cisterna para poder armazenar a água que vem de um poço na comunidade por meio de uma adutora. “Antes, a gente passava dois, três, até quatro meses sem água. A gente comprava água salgada para fazer as coisas. A cisterna melhorou tudo.”

A meta da Articulação no Semiárido Brasileiro (ASA) deu nome ao programa surgido em 2003: Um Milhão de Cisternas (P1MC). No site da instituição já são contabilizados 578.689 equipamentos construídos nas zonas rurais, em parceria com o Ministério do Desenvolvimento Social (MDS). De acordo com a ASA, a construção das cisternas conta com forte mobilização das comunidades que se envolvem no processo e sabem manusear e consertar os equipamentos.

“Mesmo quando não capta água da chuva, a cisterna atende à necessidade da família porque garante um local onde se possa reservar água para utilizar no período que vai ser necessário. Eles têm a independência de não precisar estar todos os dias com um balde correndo atrás de um carro-pipa”, explica Yure Paiva, coordenador da ASA Potiguar.

O Ministério da Integração Nacional, que também integra os esforços para promover segurança hídrica no Semiárido dentro do programa Água para Todos, já soma cerca de 1,2 milhão de cisternas, entre as feitas com a tecnologia de placas e as de polietileno (um tipo de material plástico).

Além de água para ser consumida pelas pessoas, as cisternas também ajudam as famílias a produzir alimentos, mesmo em épocas de estiagem. No sertão, as chuvas costumam se concentrar entre os meses de fevereiro e maio.

Pelo Programa Uma Terra e Duas Águas (P1+2), a ASA coordena a instalação de reservatórios que captam água para a produção de grãos, frutas e verduras e para a criação de animais. A agricultora  Marinete, de Nova Russas, exibe satisfeita sua plantação de tomate, pimentão vermelho, cebolinha e maxixe. Para cuidar dos canteiros e para dar de beber ao gado leiteiro, a casa tem, desde o ano passado, uma cisterna-enxurrada, que capta a água que cai no solo por meio de canos. O líquido passa por dois decantadores antes de cair no reservatório de 52 mil litros.

“Antigamente, em época de seca, todo mundo ia embora para o Sul do país. Agora, com as cisternas, melhora tudo. Em vez de você ir comprar alimentos na feira com muito agrotóxico, a gente produz, usa em casa e, muitas vezes, vende nas feiras quando produz mais.”

A casa do agricultor José Almir, na comunidade Conventos, em Crateús (a 355 quilômetros de Fortaleza), conta com uma cisterna-calçadão há três anos. Trata-se de um reservatório, também de 52 mil litros, que recebe a água captada por meio de um calçadão de 200 metros quadrados. Antes dela, o agricultor não conseguia produzir alimentos. “A gente plantava no inverno e, na seca, morria. Depois dela [cisterna-calçadão], a gente planta várias coisas: bananeira, cana, mamão, coco.”

O secretário nacional de Segurança Alimentar e Nutricional do MDS, Arnoldo de Campos, explica que a próxima fase do trabalho é acelerar a construção das chamadas cisternas de segunda água para fazer com que experiências como as de José Almir e de Marinete se repliquem. “Quem acompanha de perto o drama da seca, vê que as pessoas mantêm sua dignidade, que não houve migrações. Porém, muito da produção agrícola se perdeu, vários animais morreram de sede.”

Para o professor da Universidade Federal do Semiárido (Ufersa), Joaquim Pinheiro, o crescimento das chamadas cisternas de segunda água criam uma nova perspectiva para as famílias da zona rural e enfrenta a lógica atual do agronegócio. “É uma produção para melhorar a alimentação da família e que discute a transição do modelo produtivo agropecuário, pois trabalha com foco na agroecologia. Eu observo que muitos agricultores que, praticamente, não estavam mais produzindo, estão voltando a produzir. Há também um envolvimento maior das mulheres porque [as produções] ficam nos arredores de casa.”

quinta-feira, 2 de julho de 2015

Ministério da Saúde garante construção de primeira fábrica de equipamento para radioterapia no Brasil.

Iniciativa equipará o SUS com mais 80 equipamentos, economizando cerca de R$ 40 milhões, além de gerar empregos. Os equipamentos produzidos no Brasil terão pelo menos 40% de conteúdo nacional.



Brasil terá primeira fábrica de equipamento para radioterapia
Da EBC

O ministro da Saúde, Arthur Chioro, assinou contrato hoje (2) com a empresa Varian Medical Systems para construção da primeira fábrica de equipamentos para radioterapia da América Latina. A indústria ficará em Jundiaí, São Paulo, e tem previsão de entrar em funcionamento no final de 2018. As máquinas são usadas no tratamento de câncer.



Dos arquivos do blog:

O acordo prevê que o governo brasileiro compre 80 aceleradores lineares da empresa, que serão distribuídos para hospitais que não têm o aparelho e para hospitais cujas máquinas precisam ser renovadas. Cada equipamento chega a custar R$ 2,1 milhões, mas, pela negociação, deve ficar em R$1,6 milhão. Atualmente a rede pública de saúde conta com 261 aceleradores lineares.

A iniciativa conta com investimento de R$ 500 milhões para a compra dos aceleradores, as obras de ampliação e a criação de serviços em estados e regiões que não disponibilizam os equipamentos. A previsão é que os aparelhos sejam entregues até de 2018, porque são necessárias obras para a instalação e treinamento de pessoal.

Para firmar parceria, a Varian ganhou licitação em 2013. “Nós fazemos a compra dos equipamentos e, em contrapartida, a empresa vencedora instala a fábrica no Brasil”, explicou o ministro. Segundo ele, o acordo assegura a produção dos equipamentos e a manutenção das máquinas, além de transferência de tecnologia para os institutos tecnológicos brasileiros.

A parceria prevê também a instalação de um centro de treinamento da Varian, para profissionais de toda a América Latina que lidam com esse tipo de equipamento. Segundo o presidente da Varian, Humberto Isidoro, atualmente estes profissionais são treinados em Las Vegas, nos Estados Unidos.

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Brasil terá primeira fábrica de equipamentos para radioterapia da América Latina
Da Agência Saúde

Fábrica é resultado de acordo de compensação tecnológica promovido pelo Ministério da Saúde para maior independência do mercado externo e expansão do tratamento de câncer no país

Um acordo assinado nesta quinta-feira (2) entre Ministério da Saúde e a empresa Varian Medical Systems garantirá ao Brasil a primeira fábrica para soluções de radioterapia da América Latina. A indústria, que será construída em Jundiaí (SP), será a terceira unidade da empresa no mundo a produzir aceleradores lineares, utilizados para a realização de radioterapia no tratamento do câncer. O acordo, assinado na 9ª edição da reunião do Grupo Executivo do Complexo Industrial da Saúde (GECIS), faz parte da compensação tecnológica prevista no Plano de Expansão da Radioterapia no SUS, lançado em 2012. A previsão é que a unidade inicie suas atividades em dezembro de 2018.

Confira a apresentação.

A compensação será realizada por meio da prática do “Offset”, que alia a aquisição do produto à geração de benefícios industriais, tecnológicos ou comerciais. A iniciativa pioneira na área civil e liderada pelo Ministério da Saúde foi adotada por ser capaz de criar alternativas comerciais que possibilitem maior inserção internacional e também como forma de buscar o fortalecimento tecnológico e o desenvolvimento industrial. Além da fábrica para produção de aceleradores lineares, estão previstas outras ações de desenvolvimento e qualificação de fornecedores locais, desenvolvimento de softwares e a criação de um centro de treinamento e capacitação no Brasil.

"A expansão da radioterapia é um processo fundamental e estruturante, tanto para as pessoas que tem câncer, quanto para o complexo industrial da saúde. Trata-se de um conjunto de iniciativas que vão transformar o Brasil em uma plataforma de negócios para toda a América Latina. Se antes o tempo entre a decisão de se comprar equipamentos e o início de seu funcionamento, demorava cerca de dez anos, agora a expansão levará cinco anos”, garantiu o ministro da Saúde, Arthur Chioro.

Atualmente, tanto os aparelhos, aceleradores lineares, como suas peças e softwares utilizados na programação das sessões de radioterapia e organização da assistência são importados, de forma que seus custos e preços sofrem constantemente com flutuações cambiais e tornam o Brasil totalmente dependente do mercado externo. O acordo dará ao Brasil maior autonomia nesta área estratégica para a saúde em relação ao mercado internacional.

“Este é um projeto absolutamente inovador. Na área civil, é a primeira vez que o modelo offset é usado e o que queremos é que esta seja a porta de entrada para projetos deste tipo no governo brasileiro”, disse o secretário de Ciência, Tecnologia e Insumos Estratégicos (SCTIE), Jarbas Barbosa.

O processo de produção nacional pela empresa Varian e qualificação de fornecedores brasileiros deverá ocorrer em um prazo de cinco anos a contar da assinatura do contrato comercial de aquisição das soluções de radioterapia, assinado em dezembro de 2013. No acordo está previsto que a Varian capacite fornecedores para a linha de produção e profissionais brasileiros para garantir que o produto final tenha ao menos 40% de partes, peças, acessórios e software produzidos no Brasil.

A fábrica ocupará uma área 17.500 m² e garantirá a criação de empregos. A escolha por uma cidade do interior de São Paulo, Jundiaí, deve-se a infraestrutura local, com acesso a aeroportos internacionais e de carga, rodovias e porto, bem como a proximidade de centros de ensino e de centros de tratamento de câncer.

“Com a fábrica e o centro de educação instalados no Brasil vamos capacitar todos os profissionais da América Latina. Serão mais de 50 treinamentos por ano e mais de 1000 profissionais capacitados”, informou o presidente da Varian no Brasil, Humberto Izidoro.

ENVOLVIMENTO DE UNIVERSIDADES – O processo de transferência de tecnologia para a produção dos aceleradores lineares e os softwares utilizados nas sessões de radioterapia envolverá até cinco Instituições Científicas e Tecnológicas (ICT) do Brasil. O Ministério da Saúde e a empresa Varian lançarão uma chamada pública para a seleção dessas instituições para participarem do centro de treinamento e capacitação que será criado dentro do acordo. A ideia é transferir conhecimento aos engenheiros, físicos e técnicos brasileiros para manutenção dos equipamentos, desenvolvimento, manuseio de softwares específicos que auxiliam na programação das sessões de radioterapia, entre outros processos.

Nesta quinta-feira (2), será anunciado também acordo de cooperação técnica para o acompanhamento da compensação tecnológica em parceria com os ministérios da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI) e do Desenvolvimento Indústria e Comércio (MDIC), a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN) e Financiadora de Estudos e Projetos (FINEP).

EXPANSÃO DA RADIOTERAPIA – Este acordo de compensação tecnológica é um dos desdobramentos do Plano de Expansão da Radioterapia no Sistema Único de Saúde (SUS) em que o Ministério da Saúde realizou a maior compra pública mundial de aceleradores lineares. Foram adquiridos um total de 80 equipamentos para ampliação da rede pública de atendimento radioterápico. A iniciativa conta com um investimento previsto de cerca de R$ 500 milhões para a compra dos aceleradores, as obras de ampliação e a criação de serviços em estados e regiões que não disponibilizam desses equipamentos. O valor da compra dos equipamentos, elaboração de projetos e acompanhamento de obras, licitados em R$ 119,9 milhões, foram 60% menor que o inicialmente estimado, gerando uma economia de R$ 176 milhões aos cofres públicos até o momento.

Os aparelhos serão destinados à ampliação de serviços existentes e criação de novas unidades de atendimento privilegiando as demandas regionais de assistência oncológica, com o objetivo de reduzir os vazios assistenciais. Assim, 65 municípios, em 22 estados e no Distrito Federal, serão beneficiados com a política de expansão do Ministério da Saúde. Além da compra dos aceleradores, serão licitadas as obras para  a construção dos “Bunkers”, locais específicos destinados a abrigar os aceleradores para garantir a segurança dos pacientes e profissionais.

GECIS – Criado em 2008, o Grupo Executivo do Complexo Industrial da Saúde (GECIS) tem como objetivo promover medidas e ações concretas visando à criação e implementação do marco regulatório brasileiro, referente à estratégia de desenvolvimento do Governo Federal para a área da saúde, segundo as diretrizes das políticas nacionais de fortalecimento do complexo produtivo e de inovação em saúde, bem como propor outras medidas complementares.

Trata-se de um Grupo de articulação intragovernamental coordenado pelo Ministério da Saúde e conta com a participação de representantes do MCTI, MPOG, MF, MRE, Casa Civil, MDIC, ANVISA, FIOCRUZ, BNDES, INPI, ABDI, INMETRO e FINEP. Também tem assento no grupo  representantes da indústria, dos gestores e dos prestadores de serviços em saúde.