Duas matérias da Agência Brasil, um mesmo assunto: mais uma missão internacional promovida pelo Governo Federal em busca de mercados para nossas empresas.
Além da inciativa em si, chamou minha atenção e, de certa forma, causou um certo orgulho ufanista, o respeito com que o nosso embaixador em Angola tratou o país e recomendou que seja adotado pelos nossos empresários.
Renata Giraldi* (Enviada Especial)
Luanda (Angola) - Em defesa do incremento das relações comerciais entre o Brasil e o Sul da África, o ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Miguel Jorge, desembarcou ontem (8) com 98 empresários de vários setores em Luanda, em Angola.
A partir de hoje (9), com uma agenda lotada, o ministro tem reuniões previstas com o presidente daquele país, José Eduardo dos Santos, e seis ministros. Paralelamente os empresários transformam cada oportunidade em balcões de negócios.
“A expectativa é muito boa. Nessas missões, esta é a terceira à África, a maioria tem feito bons negócios e tem tido bons resultados. Temos uma história de bons negócios com a África”, disse o ministro. “Somos mais próximos dos angolanos do que os chineses e norte-americanos [maiores investidores estrangeiros em Angola]. E temos um histórico de cooperação, isso é uma vantagem competitiva.”
Durante a reunião com os empresários hoje (9), o embaixador do Brasil em Angola, Afonso Cardoso, apelou para que eles não concorram com os chineses nem os norte-americanos em determinados nichos comerciais, mas busquem opções.
O diplomata afirmou ainda que o mercado angolano é atraente e aberto, mas que o ideal é buscar aperfeiçoar a mão de obra e respeitar as idiossincrasias locais. Cardoso disse que os angolanos “têm muito orgulho da nação” e destacou que, diferentemente de outros países da África, em Angola não há disputas étnicas. Apenas 4% da população angolana são formados de mestiços e brancos, o restante é negro.
“Vivemos um momento muito especial em Angola, depois de 41 anos de luta, desfruta da paz e da estabilidade”, afirmou o embaixador. “É um pobre país rico. Mas por que os angolanos se acham diferentes? Em primeiro lugar, eles têm a riqueza de que nem todos os países [africanos] dispõem. E ainda é um país que não tem disputas étnicas. O angolano é profundamente nacionalista.”
Com uma economia dominada pela produção de petróleo e diamantes, o governo de Angola tem se dedicado a diversificá-la, estimulando a criação de um fundo de US$ 600 milhões. Segundo o embaixador, a produção de petróleo no país é de cerca de 2 milhões de barris por dia e de mais 10 milhões de quilates por ano de diamantes.
“Esse é um país que tem um projeto de reconstrução nacional, que é ambicioso, e implica fazer muitos investimentos em infraestrutura física e também social. O objetivo do governo de Angola é fazer desse país uma nação forte e potência na região”, disse o diplomata.
Em seguida, o embaixador afirmou: “É necessário capacitar gente e falta gente capacitada. Angola tem créditos brasileiros – de 1997 a 2008 há cerca de US$ 3 bilhões concedidos, mas a China já nos ultrapassou.”
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Renata Giraldi* (Enviada Especial )
Luanda (Angola) - O Hotel AAA, na região central de Luanda, foi transformado hoje (9) em uma espécie de balcão de negócios para empresários brasileiros e angolanos. Cinco salões do hotel estão sendo usados para fechar contratos e vender produtos entre os parceiros.
O Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, com apoio de vários órgãos do governo federal, reuniu empresários de vários setores desde serviços, energia, construção civil até alimentar e têxtil. O ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Miguel Jorge, é favorável à diversificação do mercado.
A empresária gaúcha Beatriz Dockhorn, da marca de malhas esportivas Bia Brasil, chegou a Angola com uma mala de camisetas, catálogos de cores e disposição para negociar. “Vir em uma missão, coordenada pelo governo federal, dá mais credibilidade nas negociações. O temor dos estrangeiros é que os produtos não cheguem até eles. Com o governo à frente, o medo diminui.”
O empresário paranaense Gerson Sampaio Filho, da companhia energética Teknergia, veio a Luanda para vender um sistema de software capaz de controlar o abastecimento de energia e reduzir os riscos de pico. “As falhas de energia são um problema neste país. Em uma hora de reunião com o ministro e o embaixador do Brasil, Afonso Cardoso, houve quatro falhas.”
O empresário paulistano Paulo Amanthéa, da Eucatex de produtos de construção civil, afirmou que o mercado angolano é rico em oportunidades. “Temos informações de que o mercado de construção aumenta bastante e há necessidade muito grande de matéria-prima. Trouxe pequenas amostras para poder indicar o
que fazemos.”
Experiente em missões anteriores capitaneadas pelo ministério, o empresário paulista Wilson Martins Point, que atua na lotação de subestações de energia, disse que o apoio do governo nas negociações facilitam os acordos comerciais. Depois de uma missão à Venezuela, por exemplo, Point afirmou estar prestes a fechar um contrato para aluguel de subestações em até 30 cidades.
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