quinta-feira, 28 de janeiro de 2010

Estadão: contra as enchentes, mais um tributo, defende Secretária do Governo Serra.

Por sugestão daqui, matéria do Estadão de 16/12/2009.

Secretária defende tarifa para combater enchente em SP.
Taxa que já existe em Santo André é paga pelo município, mas há cobrança na conta de água do morador

SÃO PAULO - A secretária de Estado de Saneamento e Energia, Dilma Pena, defende a criação de uma taxa antienchente nos municípios da Grande São Paulo para o combate a alagamentos. A ideia de uma taxa específica de drenagem urbana foi lançada na tarde de anteontem durante evento sobre o Plano Diretor de Macrodrenagem da Bacia do Alto Tietê, promovido pelo Departamento de Águas e Energia Elétrica (Daee).

O tributo de drenagem urbana foi citado em dois momentos do evento - nas palestras da engenheira Monica Porto, professora titular do Departamento de Engenharia Hidráulica da Escola Politécnica da Universidade de São Paulo (Poli-USP), e de Angélica Ferrini, gerente de drenagem urbana de Santo André, no ABC paulista, a única cidade da Grande São Paulo que cobra a taxa, desde 1998. No município, a tarifa é embutida na cobrança mensal de água e esgoto, gerida por uma autarquia municipal que cobra, na mesma conta mensal, uma taxa de lixo.

Para Dilma Pena, a cobrança é algo para se pensar nos outros municípios da região, incluindo a capital. "Acho que seria (interessante). Não só para São Paulo. Acho que todos os municípios poderiam pensar em ter uma taxa para drenagem, como tem, por exemplo, a taxa de limpeza pública. Aí tem de discutir individualmente com cada municipalidade", disse a secretária.

"É um arranjo interessante. Até porque colocaria essa questão da drenagem realmente na pauta do cidadão porque, muitas vezes, o cidadão não tem muita consciência dessa questão de drenagem urbana." Procurada, a Prefeitura de São Paulo não se manifestou sobre o assunto. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo

Viomundo: incompetência do Governo Serra levou as barragens do Alto Tiete ao nível crítico em que elas se encontram e obrigou a inundação previsível de diversas áreas.

Entrevista publicada pelo Viomundo.

É PRECISO ler toda a entrevista, ainda que ela expresse apenas uma opinião.

Em resumo, o que o ambientalista diz é o seguinte: por incompentência ou para atender a interesses de determinados particulares, o Governo Serra permitiu que as barragens do Alto Tietê chegassem ao verão (época de chuvas, em nosso país tropical) excessivamente cheias. I

Isso e o assoreamento do Rio Tiete estão causando diretamente as enchentes, e não as chuvas. Chuvas fortes e irregulares fazem parte do nosso clima e devem estar na previsão técnica dos órgãos que cuidam dos rios e regulam a vazam das barragens.

Acerca do assoreamento do Tiete e sua relação com as enchentes, aqui você pode ler a opinião de Júlio Cerqueira César, em entrevista também ao Viomundo.

Atualizado em 28 de janeiro de 2010 às 01:39 | Publicado em 27 de janeiro de 2010 às 22:31
por Conceição Lemes

Sábado, 23 de janeiro. De barco, esta repórter percorreu, das 11 às 15hs, cerca de 7 quilômetros do rio Tietê na região do Pantanal. Primeiro, em companhia do líder comunitário Francisco Amaro Gurgel, coordenador do Movimento em Marcha. Depois, com Pedro Guedes, da Associação dos Moradores da Vila da Paz e do Movimento Unificado dos Moradores da Várzea do Tietê.

Passamos pelo Jardim Romano, Vila Aimorés, Fazenda Biacica, Cotovelo do Pantanal, Pantanal, vilas São Martins, da Paz, das Flores e Chácara Três Meninas. Não choveu durante o trajeto. Mas a correnteza maior – inabitual nesse trecho – chamou nossa atenção.

“O nível do rio também está bem mais alto”, acrescentou o barqueiro Sérgio Silvério Ferz, que fizera o mesmo percurso 15 dias antes.

Guedes reforçou: “Realmente, o Tietê subiu. Aqui, ele costuma ser ‘manso’ mas hoje [23 de janeiro] não está nem um pouco”.

Mal sabíamos que eram primeiros os alertas de um novo infortúnio. Nas horas seguintes, o Tietê transbordou e o Pantanal inundou muito mais do que em 8 de dezembro de 2009. As águas avançaram sobre pontos até então livres de alagamentos.  Entre eles, a avenida de ligação de São Paulo com Guarulhos pela Vila Any e a rua Gruta das Princesas, percorridos pela repórter no sábado anterior com Ronaldo Delfino, do Movimento de Urbanização da Legalização do Pantanal (as fotos abaixo são dele).
Vila_Any_2.jpg
Ligação de São Paulo com Guarulhos pela Vila Any: em 16 de janeiro, sequinha, no dia 24...
GRuta_das_Princesas.jpg
Rua Gruta das Princesas, onde fica o Colégio estadual Flávio Augusto Rosa. A inundação do sábado, 23 de janeiro, alagou inclusive a escola.

“Saí de casa no sábado, às 2 da tarde, estava seco. Voltei às 7, com água no joelho”, conta Maria das Mercedes Cavalcanti, 55 anos, sete filhos, que mora há quatro quadras do CEU do Jardim Romano.  “Liguei para cá às quatro e meia, a minha casa já estava enchendo, ela nunca inundou. A água chegou até a coxa. Hoje, ainda está no joelho.”

“Ainda está tudo cheio. Nunca vi isso. Um conhecido nosso, o ‘seo’ Antonio, acabou de sair daqui. Perdeu tudo”, lamenta Maria Lúcia Farias, esposa de Ronaldo. “No sábado, a casa dele que não tinha enchido antes ficou com mais de 1 metro de água. ‘Seo’ Antonio e a família saíram com a roupa do corpo”.

“A parte da rua onde eu moro já estava alagada desde dezembro, mas a minha casa, não. Porém, desde sábado, estamos com água em todos os cômodos. Ficamos ilhados. Tive de chamar um guincho para tirar o carro, se não estragaria”, indigna-se Gurgel. “Como é o que o governo do Estado de São Paulo deixa a comunidade nessa situação e não se manifesta?”

“Desde a madrugada de domingo, colegas ligam desesperados, com água na altura do peito”, relata Ronaldo. “Estamos sem saber o que fazer nem o que começou a acontecer a partir de sábado. Pela nossa experiência não são as chuvas. Ouvi dizer que abriram as comportas das barragens do Alto Tietê, mas ninguém nos alertou nada antes.”

“O Pantanal inundou, de novo, porque as barragens do sistema do Alto Tietê estão excessivamente cheias para o verão, e a Sabesp abriu as comportas, contribuindo para alagar ainda mais região”, denuncia o economista e ambientalista José Arraes. “É uma irresponsabilidade a Sabesp e o Daee terem deixado a cheias chegar, para começarem a descarregar água dos seus reservatórios. É um crime. É um erro tremendo de gerenciamento”

Há 13 anos as enchentes em Mogi das Cruzes, município da Grande São Paulo, levou o ambientalista a se interessar pela questão de recursos hídricos. Ajudou a solucionar o problema do seu bairro e não parou mais. Atualmente, é membro do Comitê da Bacia do Alto Tietê, do Subcomitê da Bacia Hidrográfica do Alto Tietê e do conselho gestor da APA (Area de Proteção Ambiental) da várzea do Tietê.

Viomundo – O senhor já fez essa denúncia aos órgãos públicos?
José Arraes – Claro. Denunciamos à Sabesp e ao Daee [Departamento de Águas e Energia Elétrica], órgãos do governo do Estado de São Paulo, que as barragens do Alto Tietê estavam excessivamente cheias para o verão. Fizemos isso no final de 2009.

Viomundo – E aí?
José Arraes – Nenhuma providência foi tomada. Aliás, em 2009, duas coisas muito estranhas ocorreram no gerenciamento das barragens do Alto Tietê. No início do ano, a Sabesp e o Daee praticamente secaram o Tietê e encheram os reservatórios. Em Mogi das Cruzes, o rio ficou vários meses com apenas 20 centímetros de lâmina de água. No final do ano, as barragens estavam muito lotadas para a época. Há 13 anos acompanhamos esse processo e sabemos que o Daee e a Sabesp reservam cotas nas barragens, prevendo as cheias do verão.  Em 2009, não fizeram isso. Resultado: chegamos a dezembro com a quase a totalidade das principais barragens cheias. Um absurdo!

Viomundo – Por que a Sabesp e o Daee mantiveram as barragens lotadas?
José Arraes – Eu desconfio de um destes esquemas. Primeiro: para não faltar água para a Região Metropolitana de São Paulo. Assim, pode ter havido determinação governamental para estarem na cota máxima. Segundo: a Sabesp e o Daee já estarem aumentando o volume das represas, visando aumentar a produção da Estação de Tratamento de Água Taiaçupeba de 10 metros cúbicos por segundo para 15 metros cúbicos por segundo (10m³/s para 15m³/s) . Terceira: a privatização do Sistema Produtor de Água do Alto Tietê – chamado SPAT. Hoje é um consórcio de empresas privadas que regula, administra, mantém e fornece as águas que estão represadas nessas barragens.

Viomundo – Por favor, explique melhor isso.
José Arraes – Existe um consórcio de empresas – entre elas, uma empreiteira conhecida na nossa região, a Queiroz Galvão –, que hoje gerencia as águas reservadas nas represas em uma parceria público-privada. Toda a água represada em todas as barragens do Sistema do Alto Tietê são gerenciadas por esse consórcio. Quanto mais cheias as represas, mais interessantes para o consórcio. Interesse comercial, nada mais do que isso.

Viomundo – Quer dizer que as águas das barragens do Alto Tietê estão privatizadas?
José Arraes – Sim. As empresas do consórcio fazem a conservação das barragens e a intermediação com a necessidade da Sabesp que a trata e remete para a população. Logo, para o consórcio de empresas, quanto mais cheias estiverem as barragens, mais água fornece para a Sabesp. Mais ganhos financeiros, portanto.

Viomundo – Qual das três hipóteses é a mais provável?
José Arraes – Talvez a combinação das três. Cabe ao Ministério Público investigar. O fato é que as barragens do Alto Tietê estão excessivamente cheias e as comportas estão sendo abertas, contribuindo com as inundações em toda a calha do rio até a região do Pantanal.

Viomundo – Quantas barragens há no Sistema Alto Tietê?
José Arraes – Temos cinco: Paraitinga, Biritiba-Mirim, Ponte Nova, Jundiaí e Taiaçubepa, onde existe também uma estação de tratamento de água da Sabesp. As barragens são como caixas d’água para a cidade de São Paulo.

Viomundo – Qual a capacidade de cada uma?
José Arraes  – A de Paraitinga [município de Salesópolis], tem capacidade para 37 milhões de metros cúbicos, e está com  92% da sua capacidade.  A de Biritiba-Mirim [no município do mesmo nome], 35 milhões de metros cúbicos, está com 94%. A de Jundiaí [fica em Mogi das Cruzes], 84 milhões de metros cúbicos e 97% de cheia. A de Ponte Nova, 300 milhões de metros cúbicos; está com 73%. A de Taiaçubepa [entre Mogi das Cruzes e Suzano] tem capacidade para 82 milhões de metros cúbicos, está com 73% de cheia.

Viomundo – Quais estão soltando água?
José Arraes – Todas. No sábado, 23 de janeiro, a de Paraitinga estava vazando 5m³/ A de Jundiaí, 2m³/s. Biritiba-Mirim, 1m³/s. Taiaçupeba, 5m³/s. A de Ponte Nova, 0,5m³/s.

Viomundo – Mas as barragens normalmente liberam água o tempo todo?
José Arraes – Liberam, mas em pouquíssimas quantidades. É para o rio não perder as suas características. Em condições normais, liberam entre 0,5m³/s a 2 ou 3m³/s, no máximo.

Viomundo – Então quanto está sendo vazado?
José Arraes – Se você somar as vazões de Paraitinga, Taiaçupeba, Jundiaí e Biritiba-Mirim, são 12m³/s. É bem maior que os 10m³/s que a Sabesp está tratando em Taiaçupeba. É uma enormidade de água. Para você ter uma dimensão do volume, você abastece toda a cidade de Mogi, que tem 400 mil habitantes, com 3m³/s.

E o mais complicado é que as barragens de Paraitinga, Biriba-Mirim, Jundiaí e Taiaçupeba vazam para rios afluentes diretos do rio Tietê.  É por isso que o Pantanal está cheio. As águas vazadas já chegaram até aí. Se você libera pouca água no rio, não causa transtorno nenhum. Agora, o transtorno é liberar 5, 6, 12m³/s no rio. É água demais! Acrescida das quantidades das chuvas deste verão, piora a situação.

Viomundo – É preciso liberar as águas das barragens?
José Arraes – Agora, tem de abrir as comportas, não tem outro jeito, pois as barragens estão cheias e vão transbordar. O grande erro foi deixar as barragens acumularem tanta água antes das chuvas do verão. No momento, estão tendo de soltar muita água. 

Viomundo – Ou seja, estão abrindo as comportas na época errada. Quando isso deveria ter começado?
José Arraes – O normal seria o vazamento controlado ter começado por volta de agosto, setembro, para que, agora, no verão, as barragens estivessem mais vazias para receber as águas das chuvas e não transbordar.

Viomundo – Não fizeram isso?
José Arraes – Não, não fizeram. Ou se fizeram, não foi corretamente. O fato é que as nossas barragens não poderiam chegar à época de chuvas com 90% da sua capacidade preenchida. De forma que o Pantanal provavelmente ainda vai ter muita enchente, porque as chuvas vão continuar. A Sabesp e o Daee não vão parar de vazar agora, pois há risco de essas barragens extravasarem e inundar toda a região de Mogi das Cruzes, Paraisópolis, Ferraz de Vasconcellos, Suzano, Biriti-Mirim e até São Paulo.

Viomundo – É verdade que essas barragens podem se romper se as comportas não são abertas?
José Arraes – Romper, eu não acredito. Mas poderiam extravasar, ou seja, passar por cima da barragem. Se isso acontecer, você pode perder o controle da vazão. Diferentemente de quando você abre as comportas e limita a vazão do quanto é necessário.  Por isso, a nossa preocupação é também com o extravasamento dessas barragens. Elas podem encher tanto que a água começará a passar por cima dos vertedouros. Isso é perigoso. Se  vier a acontecer, as águas chegariam fatalmente a São Paulo.

Viomundo – A Sabesp alega que as barragens foram mantidas cheias, por causa do risco de estiagem em 2009. Há também quem diga que não se poderia ter bola de cristal para prever as chuvas dos últimos dias.
José Arraes – Balela. A Sabesp e principalmente o Daee têm o registro das chuvas dos últimos 20, 30 anos. Todos sabem que são cíclicas. De cinco em cinco, de dez  em dez anos, há um período de chuvas mais fortes. Então a Sabesp e o Daee deveriam ter se  prevenido há muito mais tempo. Eu acho que não tem perdão para o que está acontecendo. É falta de gerenciamento mesmo.

Viomundo – Com que volume as barragens deveriam ter entrado na estação chuvosa?
José Arraes – Do jeito que está chovendo este ano, elas deveriam estar bem baixas.  Questão de prevenção.  Há cálculos matemáticos para se estabelecer esses níveis, mas eu não saberia fazê-los e te dizer quanto.

Viomundo – Será que pensaram que São Pedro fosse dar uma mãozinha para São Paulo?
José Arraes – Como poderiam aguardar a ajuda de São Pedro, se a Sabesp e o Daee sabem que chove bastante de períodos em períodos.  Foi uma grande irresponsabilidade.
Viomundo – A Sabesp e o Daee só se preocuparam com o abastecimento de água e se descuidaram das enchentes?

José Arraes – Aparentemente é o que aconteceu. Lembre-se de que a água tratada gera lucro.
Viomundo – A região do Pantanal encheu, de novo, de repente, a partir do sábado no final da tarde. Para isso ter ocorrido no sábado, quando as comportas começaram a ser abertas?
José Arraes – O dia exato eu não saberia dizer, mas foi mais ou menos há 20 dias. Foi mais ou menos quando o governador José Serra noticiou que havia autorizado a abertura das comportas.

Viomundo – Demora tanto tempo para chegar aqui embaixo, na capital, na região do Pantanal?
José Arraes – Demora. Não é imediatamente. O Tietê é um rio de planície, não tem velocidade e correnteza. Tem uma vazão muito pequena.  Quando são abertas as comportas, as águas demoram mais ou menos 10 a 15 dias para chegar a São Paulo, dependendo ainda do assoreamento do rio. O fato é que as comportas já estão abertas há vários dias.

Viomundo – Conversei com várias lideranças comunitárias sobre isso. Nenhuma foi comunicada da abertura das comportas. Segundo Ronaldo Delfino, do Pantanal, talvez a Defesa Civil também não tenha sido alertada, pois muitos moradores acionaram-na e não foram socorridos. Ligavam, ligavam, ligavam, só dava ocupado, “como se o telefone estivesse fora do gancho”.
José Arraes – Infelizmente, em geral, as populações não são comunicadas com antecedência. São alertadas pela televisão, mas só DEPOIS. É um erro muito grave, que pode custar vidas.

Viomundo – Pelo noticiário, as chuvas dos últimos dias são apontadas pelas autoridades como as responsáveis pela nova e maior inundação do Pantanal. O que o senhor acha?
José Arraes – As chuvas podem até ter contribuído, mas a causa mais importante dessa nova inundação é que as barragens do sistema do Alto Tietê estão vazando água. E como Tietê está assoreado, o rio extravasa, inundando a várzea.

Viomundo  -- Reportagem publicada pelo Viomundo denunciou que o Tietê da barragem da Penha até o Cebolão pode ter ficado sem ser desassoreado em 2006, 2007 e 2008 (até outubro) e contribuído para as enchentes históricas de 8 de setembro e 8 de dezembro? Como está o rio acima da barragem da Penha?
José Arraes – De Biritiba-Mirim até barragem da Penha está um horror, todo assoreado. Há muitos anos não são retirados os resíduos acumulados no fundo do Tietê.  São mais ou menos uns 70 quilômetros de extensão. É um Deus nos acuda tentar convencer os órgãos do governo do Estado de que é preciso desassorear o rio

Viomundo – O que fazer agora?
José Arraes – O que o Daee e a Sabesp estão fazendo é fruto de uma irresponsabilidade total. Nós temos denunciado isso, mas a nossa voz ainda é muito incipiente. Até as autoridades do governo do Estado levarem em consideração o que dissemos mais inundações ocorrerão, mais pessoas perderão pertences, algumas até a própria vida. O único caminho que nós temos é denunciar ao Ministério Público do Estado. Se for o caso, até ao Ministério Público Federal. É, insisto, o nosso único caminho.

quarta-feira, 27 de janeiro de 2010

Correio Braziliense: Marcos Coimbra e a má vontade da imprensa com o Bolsa Família.

Artigo publicado pelo Correio Brasiliense e copiado daqui.  Em seguida, nota do MDS, com esclarecimentos à Veja.

Quem não gosta do Bolsa Família?
Autor(es): Marcos Coimbra
Correio Braziliense - 27/01/2010
Será que alguém imagina que a interrupção avisada de um benefício favorece o governo na eleição? Que o fato de 1,4 milhão de famílias saberem que perderão um rendimento vai fazer com que votem em Dilma?

É impressionante a má vontade que parte da imprensa tem com o Bolsa Família. Vira e mexe, alguém encontra um motivo para criticá-lo, tenha ou não fundamento. Quando acha que descobriu algo relevante, aproveita para externar sua antipatia em relação ao programa, quando não seus preconceitos contra os beneficiários.

No último fim de semana, uma das mais importantes revistas de informação trouxe uma matéria típica dessa visão. Nela, ao questionar o que, em uma primeira impressão, parece uma decisão condenável do Ministério do Desenvolvimento Social (MDS), que o administra, fica evidente a hostilidade que é dirigida ao programa, levando a interpretações infundadas e equivocadas.

Ninguém é obrigado a gostar do governo e é natural que existam órgãos de imprensa que se posicionem contra ele por motivos ideológicos. No mundo inteiro, isso acontece e é até salutar que tenhamos jornais e revistas com clara inclinação política e partidária.

O problema é que, às vezes, a circulação dessas matérias vai além da publicação de origem. Com a internet, algo escrito aqui está ali em um piscar de olhos, deixando menos nítida sua autoria. Como determinado texto aparece em inúmeros lugares, parece que tem uma espécie de reconhecimento universal, que todos o subscrevem.

Foi o que aconteceu com a matéria em questão. Os mais prestigiosos blogs a republicaram, como que a endossando. Ela logo virou uma quase verdade.

Seu fulcro é a crítica à concessão de um novo prazo de carência para a exclusão de cerca de 5,8 milhões de pessoas da cobertura do programa, seja por não cumprimento da obrigação de se recadastrar, seja pela elevação da renda familiar para além do limite de R$ 140 per capita. Elas seriam excluídas em novembro passado, mas, com a prorrogação, só o serão em 31 de outubro próximo.

Em função disso, a revista se sentiu autorizada a chamar o programa de “Bolsa Cabresto”, como se a data fixada no ato do MDS fosse evidência suficiente de suas intenções eleitorais. Dado que 31 de outubro é o dia marcado para o segundo turno da eleição presidencial, estaria confirmado e provado o caráter eleitoreiro do programa. A coincidência “nada sutil” das datas explicaria tudo.

É realmente curiosa a tese. Será que alguém imagina que a interrupção avisada de um benefício favorece o governo na eleição? Que o fato de 1,4 milhão de famílias saberem que perderão um rendimento vai fazer com que votem em Dilma? Seria algo totalmente inédito, que desafia a lógica mais banal: alguém ter mais votos quando promete que vai eliminar um benefício e ainda marca o dia (pensando nisso, será que o comando da campanha da ministra atentou para a medida?).

O esdrúxulo argumento vem embrulhado com dados inexatos e ilações mal sustentadas. Tudo no Bolsa Família é inflado para parecer maior e pior.

A matéria afirma que “um em cada quatro brasileiros passou a ser sustentado pelo governo” (sugerindo que através do programa), enquanto se sabe que são 12,4 milhões as famílias beneficiárias (em um total de 60,9 milhões apuradas pela última Pnad), das quais o benefício não chega a “sustentar” nem um terço.

A “prova” que o programa seria um “poderoso cabo eleitoral” é extraordinária. Viria de um estudo que mostra que “a cada R$ 100 mil deixados pelo programa em municípios de mil habitantes” teria correspondido um acréscimo de 3% de votos para Lula nas eleições de 2006. Será que a revista sabe que só existem 103 municípios no Brasil (em um total de 5.565) desse porte (menos que 2 mil habitantes)? Que neles vivem apenas 158 mil eleitores (em um total de mais de 130 milhões), que representam 0,0012% do eleitorado brasileiro? Que o voto nominal total para presidente nesses municípios ficou perto de 125 mil? Ou seja, que esses números dizem, na verdade, que a propalada influência do programa é insignificante?

Para corroborar a ideia de que o Bolsa Família é o “Bolsa Cabresto”, foi ouvida a opinião de um cientista político, para quem ele seria pior que o que faziam os “antigos coronéis”: “(Eles) pelo menos aliciavam votos com o próprio dinheiro. O governo atual faz isso com dinheiro público”. Primeiro, o poder dos antigos coronéis não vinha do dinheiro, mas do mando local. Segundo, é isso mesmo que acham os opositores do programa, que ele apenas alicia votos com recursos públicos? Ou seja, que deveria ser encerrado e terminado, a bem da moralidade?

Enquanto for assim concebido por quem não gosta de Lula, do PT e do governo, mais o Bolsa Família ficará com a cara daqueles que o defendem. Criado em administrações tucanas e largamente ampliado e melhorado pelo governo Lula, é pena que isso aconteça. O programa deveria ser um patrimônio do país.

*****


25/01/2010 - 17:35
A matéria sobre o Bolsa Família publicada pela revista Veja desta semana, edição nº 2149, traz uma série de dados equivocados, incorreções e juízos de valor que não se sustentam. Diante disso, o Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome (MDS) informa:
- A revisão cadastral a cada dois anos, com a permissão de alteração de renda nesse período sem o cancelamento do benefício, foi introduzida pelo Decreto nº 6.392, de 12 de março de 2008, e não em 23 de dezembro de 2009 como afirma o texto publicado pela revista. A jornalista usou a Instrução Operacional nº 34 - um texto técnico de planejamento de trabalho de 2010 - para concluir, erroneamente, que as mudanças tinham sido implantadas a partir de dezembro de 2009, sem qualquer solicitação de entrevista ao MDS ou questionamento sobre o assunto;
- A atualização cadastral de 3,4 milhões de famílias em 2009 também obedeceu ao mesmo princípio, que foi definido também na Instrução Operacional nº 28 de 13 de fevereiro de 2009. Com esse instrumento de trabalho, os gestores municipais do Bolsa Família atualizaram, até 31 de outubro do ano passado, 2,2 milhões de cadastros que estavam há mais de dois anos sem qualquer renovação de informações. Restaram 975 mil, que foram bloqueados em novembro. Após o bloqueio do benefício, mais 265 mil famílias buscaram as Prefeituras para atualizar seus dados. As 710 mil que não tiveram o cadastro atualizado nesse período terão os benefícios cancelados no pagamento de fevereiro de 2010. O arquivo de dados foi enviado à Caixa Econômica Federal na última sexta-feira (22/01) para processamento dos cancelamentos, conforme estava previsto desde fevereiro de 2009;
- A Instrução Operacional tratada pela revista apenas detalha o trabalho a ser feito pelos gestores, em 2010, para atualizar os cadastros de cerca de 1,3 milhão de famílias, cujas informações cadastrais completaram dois anos em 2009 sem renovação. Para evitar acúmulo de trabalho em determinados meses, o MDS distribuiu o total de famílias que precisam renovar dados em grupos, conforme o final do Número de Identificação Social (NIS), código usado pelo cartão de pagamento do benefício do Bolsa Família, da mesma forma que ocorreu no ano passado. Assim, famílias com NIS finalizados em 1 devem fazer a atualização de dados em janeiro, com final 2 em fevereiro e assim sucessivamente, até o final zero, em outubro. O prazo final é outubro porque são 10 as finalizações de NIS e, não por se tratar de período eleitoral, como equivocadamente concluiu a revista;
- O Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome também desconhece em que dados a revista se baseou para dizer que o governo evitou a exclusão de 5,8 milhões de pessoas. A revista ignorou o total de cancelamentos de benefícios desde o início do Bolsa Família em 2003: 4,1 milhões de famílias deixaram o programa por vários motivos. Deve-se ressaltar ainda que, além da atualização cadastral, houve várias auditorias em 2009 – foi feita a verificação da renda de 575 mil famílias, após cruzamento com a Relação de Informações Sociais (Rais), do Ministério do Trabalho; e 1,3 milhão de famílias apontadas em auditoria do Tribunal de Contas da União estão em processo de atualização de dados, por exemplo.
ASCOM / MDS

BBC: produção científica do Brasil ultrapassa a da Rússia, diz pesquisa.

Matéria da BBC, via Inovação Tecnológica.

Produção científica do Brasil ultrapassa a da Rússia, indica levantamento.

A produção científica brasileira ultrapassou a da Rússia, antiga potência na área, caminha para superar também a da Índia e se consolidar como a 2ª maior entre os BRICs (Brasil, Rússia, Índia e China), segundo levantamento feito pela Thomson Reuters.

O levantamento acompanhou a produção científica nos quatro países com base na análise das 10.500 principais revistas científicas do mundo.

Segundo a pesquisa, a produção brasileira avançou de 3.665 para 30.021 artigos científicos publicados entre 1990 e 2008. No mesmo período, a produção russa manteve-se estável - o número de 1990, de 27.603 artigos, é praticamente o mesmo que o de 2008 - 27.605 artigos.

A produção científica da Índia, que em 1990 contabilizava 13.984 artigos publicados, chegou a 38.366 artigos em 2008.

Se o índice de aumento da produção científica dos países se mantiver, o Brasil deverá ultrapassar a Índia nos próximos anos.

O levantamento indica ainda que a produção científica chinesa, que em 1990 ainda estava atrás da russa e da indiana, com 8.581 artigos, chegou a 2008 com 112.318 artigos, numa expansão que, se mantida, verá a China ultrapassar os Estados Unidos e se tornar líder mundial em produção científica até 2020.

Dados revisados

Segundo Jonathan Adams, diretor de avaliação de pesquisas da Thomson Reuters, os dados dos levantamentos foram revisados após 2007, para evitar que a base de revistas científicas analisadas refletisse um viés pró-países desenvolvidos.

"A revisão dos dados levou a uma considerável elevação do número de artigos científicos de China, Brasil e Índia. Porém essas elevações refletiram tendências já evidentes nos dados, em vez de mudar a trajetória geral", explicou Adams à BBC Brasil.

Segundo ele, os dados dos últimos anos já indicavam que a produção brasileira superaria a russa, o que ficou expresso nos números de 2008, mas ele observa que, se a base de análise já tivesse sido revista antes, isso já teria acontecido há vários anos.

De acordo com os últimos dados compilados, de 2008, a produção científica brasileira naquele ano representou 2,6% do total de 1.136.676 artigos publicados em todas as 10.500 revistas analisadas. Em 1990, o Brasil tinha apenas 0,6% da produção mundial.

A produção científica americana - 332.916 artigos em 2008 - ainda representa 29% de todos os artigos publicados no mundo, enquanto a chinesa é de 9,9%. Em 1990, porém, os Estados Unidos tinham 38% de toda a produção científica mundial, enquanto a China respondia por apenas 1,4% do total.

No mesmo período, a produção russa, que já foi considerada uma das mais avançadas do mundo, passou de 4,7% do total em 1990 para apenas 2,4% em 2008.

A produção indiana, por sua vez, teve sua participação no total mundial elevada de 2,3% para 3,4% no período, numa elevação proporcionalmente menor que as da China e do Brasil.

Gastos

Em sua análise da produção científica do Brasil, a Thomson Reuters observa que os gastos com pesquisa e desenvolvimento no Brasil chegaram em 2007 a quase 1% do PIB, proporção inferior aos cerca de 2% gastos nos Estados Unidos e na média dos países de desenvolvidos, mas ainda bem acima de outros países latino-americanos.

Segundo o levantamento, o Brasil tem 0,92 pesquisador para cada mil trabalhadores - bem abaixo da média de 6 a 8 pesquisadores por mil trabalhadores dos países do G7, o grupo das nações mais industrializadas do planeta.

Apesar disso, o documento afirma que a proporção brasileira é semelhante à de outros países em desenvolvimento, como a própria China, e que a base de pesquisadores vem crescendo.

Segundo a Thomson Reuters, o Brasil formou cerca de 10 mil novos pesquisadores doutores no último ano analisado, num crescimento de dez vezes em 20 anos.

O levantamento indica ainda que a produção científica do país é mais forte em áreas como pesquisas agrícolas e ciências naturais.

terça-feira, 26 de janeiro de 2010

O PSDB e o recato publicitário: os exemplos de Serra e Yeda.

Pois é: parece que, recentemente, o Serra (PSDB) declarou que os políticos de seu partido seriam recatados em relação a publicidade. Segundo ele, um tucano teria, em seu DNA, algo que o tornaria avesso à publicidade, de forma que sequer incluiria marcas de governo nos materiais de seus programas.


Bem, tá certo. Governar São Paulo deve ser mesmo muito cansativo e, nessas circunstâncias, mesmo um gênio gerencial como ele pode cometer um pequeno deslize. Talves ele só quisesse dizer que eles não colocam o nome do governador nos materiais (o que é expressamente proibido), e tenha acabado por se exceder um pouquinho. Nada demais, coitado: como disse, até os gênios erram...

Mas essa história de recato publicitário me lembrou de três posts detse blog, que, por oportuno, talvez seja legal relembrar.

Aqui, foi reproduzido post do Viomundo que revelou que, apenas no dois primeiros anos de seu governo, o Serra triplicou o gasto do Estado de São Paulo com publicidade.

Aqui, comparei os gastos do governo Serra e do governo federal com publicidade em 2009. Segundo os dados então colhidos, levando em conta apenas os gastos da Administração Direta do estado, foi possível demonstrar o exato tamanho do recato propagandístico tucano. Até aquela data, o Estado de São Paulo (ou seja, o Governo Serra) havia gastado em publicidade o dobro do que gastara o governo federal, tendo por critério o valor despendido por habitante, e, pasmem, 15 vezes mais que o Governo Lula, se a comparação for baseada em Reais por kilômetro quadarado.

Aqui, a comparação foi entre os gastos do governo federal e aqueles do governo do Rio Grande do Sul, titularizado pela recatada tucana Yeda Crusius. Neste caso, os dados são do ano de 2008 e computam os valores despendidos também pelas estatais gauchas. E eles revelam, mais uma vez, a profundidade da decantada pudicícia pubicitária tucana. Como então foi demonstrado, o Governo Yeda Crusius havia gastado em publicidade 7 vezes mais que o Governo Lula, quando o parâmetro é o valor aplicado por habitante, e 12 vezes mais, se considerado o montante dispendido em Reais por kilômetro quadrado.

Bom, talvez o Governador José Serra tenha razão. Talvez os tucanos sejam mesmo muito recatados em matéria de gastos com publicidade. Mas, nesse caso, sei não, acho que se faz necessária uma completa revisão dos significados dos termos recato e aversão.

R7: indicador de confiaça da indústria sobe 45% em um ano e é o maior desde 1999.

Matéria do R7:
Confiança da indústria brasileira é a maior em 11 anos.
Construção civil lidera ranking com 68,9 pontos, enquanto madeireiras estão na outra ponta.

A confiança do empresariado industrial brasileiro é o melhor nos últimos 11 anos, de acordo com o ICEI (Índice de Confiança do Empresário Industrial) divulgado pela CNI (Confederação Nacional da Indústria) nesta terça-feira (26). A pesquisa da CNI ouviu 1.431 empresas - 792 pequenas, 427 médias e 212 grandes - entre os dias 4 e 22 de janeiro.

O indicador ficou em 68,7 pontos no primeiro mês do ano - uma alta de 2,8 pontos na comparação com outubro e de 21,3 pontos em relação a janeiro de 2009, quando, atingida pela crise internacional, a confiança do empresário caiu para 47,9 pontos.

Todos os setores pesquisados apresentaram índices superiores a 60 pontos. Segundo a avaliação da CNI, valores abaixo de 50 indicam falta de confiança e, acima disso, otimismo.

Na indústria de transformação, o indicador teve o quarto aumento seguido e ficou com 67,7 pontos em janeiro – em outubro foi de 64,6 pontos. O indicador da indústria de extrativismo se manteve estável - passou de 65 pontos em outubro para 65,2 pontos em janeiro.

Na construção civil, incluída na pesquisa a partir deste mês, o índice foi de 68,9 pontos - o mais elevado entre os segmentos industriais pesquisados. Por outro lado, a indústria madeireira está na outra extremidade da lista, com 63,2 pontos.

Em comunicado divulgado pela CNI, o gerente-executivo da Unidade de Pesquisa da entidade, Renato da Fonseca, confirma o otimismo da indústria e explica que o resultado favorável é comum no início do ano.

- A economia está saindo da crise, o que aumenta o otimismo. Além disso, em janeiro o índice é sempre mais elevado, pois no início do ano os empresários estão mais confiantes.

Segundo a CNI, o ICEI acelerou para cima graças à perspectiva das condições atuais da economia brasileira e da empresa em relação aos seis meses anteriores. O índice de condições atuais passou de 60,5 pontos em outubro para 62,7 pontos em janeiro - o maior valor de toda a série histórica.

Ao levar em conta o porte da empresa, as mais otimistas são as grandes, setor que marcou 70,1 pontos no ranking. Entre as médias, a marca foi de 68,7 pontos. Já as pequenas empresas são as mais desconfiadas em relação à economia brasileira, com 66,7 pontos.

Futuro

A expectativa dos empresários brasileiros para os próximos seis meses subiu de 68,7 pontos em outubro para 71,8 pontos em janeiro. Com o aumento, o indicador também atingiu o maior valor de toda a série histórica.

segunda-feira, 25 de janeiro de 2010

Viomundo: satisfação com São Paulo cai e a Folha finge que subiu.

Apenas para registrar mais uma da Folha, segue post do Viomundo:

Folha omite pesquisa de 2004 e diz que satisfação com São Paulo aumentou, quando caiu.

20040125orgulho_vergonha.gif
Quem descobriu foi o MPost: a Folha de S. Paulo omitiu a pesquisa acima, feita em 2003 e publicada em 25.01.2004,  no último ano do governo municipal de Marta Suplicy, quando o cidadão paulistano deu nota 7,7 à cidade.
Pulou direto do primeiro ano do governo Marta, em 2001, quando a nota foi de 6,1, para a nota deste ano, no governo de Gilberto Kassab, quando os paulistanos deram nota 7,4 à cidade.
Ou seja, omitindo a própria pesquisa, a Folha pode dizer que a satisfação do paulistano com a cidade aumentou entre 2001 (6,1) e 2010 (7,4); quando, na verdade, ela diminuiu de 7,7 (2004) para 7,4 (2010).
Nem a Folha leva o Datafolha a sério.

domingo, 24 de janeiro de 2010

The Economist: no BRASIL, há mais LIBERDADE hoje do que havia em 2001.

Talvez a revista seja um antro de petralhas ou de miseráveis comprados com bolsa-família. Talvez a publicação só conheça o Brasil por meio do filme do Fábio Barreto. Ou, por fim, talvez o governo tenha comprado elogios com publicidade, dentro da máquinia de propaganda movida na Secretaria de Comunicação. Porque, verdade, não pode ser.

Será que eles não vêm as tendências stalinistas do Governo Lula? Será que não percebem que está se estabelecendo por aqui uma terrível ditadura sindical? Será que não se dão conta de que a liberdade de expressão está sob iminente destruição pelo comissariado petralha?

Pois parece que não.

Segundo avaliação da Freedom House, em pesquisa publicada pela The Economist e que chegou a mim por aqui, o Brasil é mais livre hoje que era 8 anos atrás. Como consta na arte da revista reproduzida abaixo, no apagar das luzes do governo do Príncipe Democráta, FHC, em 2001, o país era apenas "parcialmente livre". Hoje, em plena ditadura sindicalista - como são cegos, meu Deus -, o país seria LIVRE, assim como França, Alemanha, EUA, Canadá e praticamente toda Europa Ocidental.

Isso, em um cenário e por um parâmetro segundo os quais, em termos mundiais, a liberdade declinou no mesmo período.



sexta-feira, 22 de janeiro de 2010

Novae: as propostas de taxação do fluxo financeiro mundial, por Pochmann e Romano.

Artigo publicado na NOVAE:
Tobin or not Tobin?

A taxa Tobin tornou-se uma potencial arma contra a globalização neoliberal, com uma conotação política muito maior do que ele pretendia quando afirmou que queria jogar “areia nas rodas do setor financeiro internacional”. Quando James Tobin retomou, nos anos 1970, as ideias de Lord Keynes a respeito de uma taxação sobre transações cambiais para minimizar ataques especulativos, não imaginava ter lançando uma das principais bandeiras de luta com a qual foi aberto, em 2001, o Fórum Social Mundial de Porto Alegre. A análise é de Marcio Pochmann e Giorgio Romano.

Marcio Pochmann e Giorgio Romano

Quando James Tobin retomou, nos anos 1970, as ideias de Lord Keynes a respeito de uma taxação sobre transações cambiais para minimizar ataques especulativos, não imaginava ter lançando uma das principais bandeiras de luta com a qual foi aberto, em 2001, o Fórum Social Mundial de Porto Alegre. Da mesma forma, os ativistas da Taxa Tobin talvez não imaginassem entre seus aliados líderes políticos como Ângela Merkel, que encabeça desde as últimas eleições na Alemanha uma coalizão de centro-direita. Ela resistiu, no final do ano passado, a pressões do novo ministro de Cooperação, o liberal Dirk Niebel, para abandonar o apoio à taxação sobre fluxos financeiros internacionais. Igualmente surpreendente foi a recente militância do governo britânico em torno do assunto, uma vez que Tony Blair era o principal aliado dos EUA para abortar qualquer discussão ou menção ao assunto nos fóruns internacionais.

É verdade que o próprio Tobin já comentou que o interesse pela taxação de fluxos financeiros flutua de acordo com a ocorrência de crises. As crises financeiras do México, dos países asiáticos, da Rússia e do Brasil na década de 1990 deram forte impulso para reconsiderar a ideia da taxação, uma vez que foi a especulação, no contexto da liberalização financeira, que as havia provocado, ou pelo menos ampliado. Assim, a taxa Tobin tornou-se uma potencial arma contra a globalização neoliberal, com uma conotação política muito maior do que ele pretendia quando afirmou que queria jogar “areia nas rodas do setor financeiro internacional”. Cabe lembrar que, a esta altura, o volume das transações cambiais se multiplicou por 100 desde os anos 1970. Levantamentos mais recentes baseados em números do Banco de Compensações Internacionais (BIS) mostram, em termos anuais, um fluxo de US$ 777,5 trilhões.

Esse aumento exponencial do volume permitiu o surgimento de uma nova abordagem sobre a taxação dos fluxos financeiros. Agora, a taxa serviria unicamente para levantar recursos para o desenvolvimento, sem afetar a liquidez dos mercados. A alíquota da taxação deveria, portanto, ser muito baixa, de maneira a minimizar os efeitos nos mercados financeiros e os riscos de evasão. Contudo, mesmo alíquotas muito baixas poderiam vir a gerar rendimentos expressivos, devido à magnitude desses fluxos, desde que fossem adotadas de forma coordenada entre os principais centros financeiros globais. Considerando um mínimo de impacto sobre as transações, causado pela introdução da taxa, uma alíquota de 0,005% garantiria cerca de US$ 33 bilhões anuais.

E foi o Brasil, na pessoa do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que organizou, em 2004, com seus colegas Jacques Chirac (França), Ricardo Lagos (Chile) e José Luis Zapatero (Espanha) o maior apoio político até agora a essa ideia, de acordo com Lieven Denys, especialista no assunto. A taxa apareceu como uma das principais propostas para arrecadar recursos adicionais no âmbito da iniciativa Ação Global contra a Fome e a Pobreza, lançada na Assembleia-Geral das Nações Unidas. O argumento era que os membros da ONU haviam se comprometido com o combate à fome e à pobreza ao aprovar os Objetivos do Milênio, mas que cálculos da própria organização mostravam um déficit anual para atingir as metas de cerca de US$ 50 bilhões, apontando a necessidade de buscar mecanismos estáveis e adicionais aos esforços nacionais dos países pobres e aos compromissos assumidos pelos países ricos de destinar 0,7% do seu PIB à cooperação internacional.

Algumas outras propostas apresentadas pelo que se tornou conhecido na Europa como ‘the Lula group’ de fato andaram, como é o caso do financiamento, por meio de impostos sobre passagens aéreas, para a compra de remédios para o combate de HIV, malária ou tuberculose (UNITAID), do qual o Brasil acabou participando com recursos orçamentários e sua expertise no assunto. Mas a questão da taxação sobre fluxos financeiros não avançou. Em 2000, os economistas Cintra e Braga já argumentavam que propostas para regulamentar e taxar fluxos internacionais de capitais somente deveriam prosperar “se acontecesse uma crise dramática que atingisse as economias centrais”.

Dito e feito. Desde o ano passado, taxar fluxos financeiros começou a ser discutido em várias instâncias e por governos até então relutantes mesmo em mencionar o assunto como uma opção. O ministro de Finanças da Alemanha, Peer Steinbruck, pouco antes de sair do cargo devido à derrota do seu Partido Social Democrata (SPD) nas eleições, publicou em setembro de 2009 em vários países, entre os quais o Brasil, um artigo com o título Em defesa de um imposto mundial. O objetivo principal proposto era recuperar pelo menos parte dos pacotes de resgate transferidos para o setor financeiro e que geraram aumentos significativos nos déficit públicos. Ou seja, uma terceira abordagem da taxação. Na mesma linha os economistas Paul Krugman e Dani Rodrik escreveram artigos com títulos sugestivos, respectivamente Imposto para especuladores e A volta do imposto Tobin.

Para não perder a liderança que a França sempre tivera na discussão sobre regulação do sistema financeiro internacional, seu ministro das Relações Exteriores, Bernard Kouchner, convidou os países a criar uma Força-Tarefa e um Grupo de Peritos para apresentar a viabilidade técnica e política do imposto. Onze países, entre os quais Brasil, Chile, Espanha, Alemanha e, surpreendentemente, Grã-Bretanha e Japão, entraram no grupo com a França. Em artigo no Le Monde, Kouchner e a ministra de Economia, Lagarde, relembram que a ideia já vinha sendo defendida pela França antes da crise global e da discussão sobre mudanças climáticas – o novo bem público global da moda – para possibilitar a arrecadação de recursos para o combate à fome e à pobreza.

A contribuição mais consistente ao novo debate veio do Ministério de Finanças da Grã-Bretanha, que lançou em dezembro do ano passado um documento, Risco, recompensa e responsabilidade – o setor financeiro e a sociedade. Neste, aponta a necessidade de reduzir os riscos que o setor financeiro gera à sociedade para, em seguida, defender uma taxação para que os setores financeiros retribuam os gastos públicos utilizados em sua salvação. Um tipo de versão financeira para o credo “o poluidor paga a conta”. Mas o mesmo documento dedica um capítulo à defesa da taxação sobre o setor financeiro para que este dê “uma contribuição justa para a sociedade e objetivos sociais mais amplos”.

Ou seja, o assunto entrou na pauta internacional. Há divergências sobre a modalidade, se um imposto coordenado internacionalmente sobre transações financeiras nacionais (tipo CPMF, IOF, ou o imposto sobre compra e venda de ações na Bolsa de Valores de Londres), ou sobre transações cambiais, que seria, na sua essência, um imposto global que poderia ser cobrado nas plataformas de compensação, em particular o CLS (Continuous Linked Settlement). Há igualmente divergências a respeito do seu objetivo prioritário, se seria arrecadar fundos para financiar ações de combate à pobreza e à fome no mundo, financiar os déficit públicos adicionais causados pelas despesas com a salvação do sistema financeiro, ou aliviar os efeitos das mudanças climáticas. Ou, ainda, para diminuir a especulação danosa nos bons velhos termos de Tobin.

No debate sobre o destino dos recursos é perfeitamente plausível imaginar uma combinação dos quatro objetivos. Enquanto em 2004, no lançamento da Ação Global contra a Fome e a Pobreza, no auge da credibilidade do sistema financeiro, era necessário enfatizar que a taxa seria de todos os modos baixa o suficiente para não causar nenhum impacto sobre os mercados, hoje praticamente todas as contribuições admitem que, caso haja uma consequência nesse sentido, mesmo não sendo o objetivo principal, ela seria bem-vinda. Sem dúvida, há o risco de que uma recomposição da força do setor financeiro faça essa discussão retrair rapidamente.

Não está descartado, por exemplo, que a militância do governo britânico tenha uma relação com o fato de estarmos na véspera de uma eleição que pode significar a volta dos conservadores ao poder na Grã-Bretanha, sendo que estes já se declaram radicalmente contrários à proposta. Mas, de qualquer forma, essa discussão vai ainda ganhar força, porque há uma forte pressão dos governos da França, Grã-Bretanha e Alemanha para incluí-la na pauta da próxima reunião do G-20, em junho, e para isso já deveria constar um relatório que o FMI está preparando a pedido do próprio G-20 sobre a responsabilidade do setor financeiro na economia.

E o Brasil? O governo brasileiro estava à frente no relançamento da discussão sobre taxação de fluxos financeiros em 2004, participa da Força-Tarefa e do Grupo de Peritos criado no ano passado para aprofundar o tema e está representado nos principais fóruns onde o assunto será discutido: FMI e G-20. O Brasil não pode se permitir ficar ausente do debate.

Marcio Pochmann, presidente do Ipea e membro do Grupo de Peritos sobre a taxação de fluxos financeiros.
Giorgio Romano, coordenador de estudos de política internacional do Ipea.

Rovai: dono da Veja reconhece: no Brasil, crise foi marolinha, como Lula dissera.

Publicado no Blog do Rovai:


Acabo de ler a boa entrevista com Roberto Civita (o big boss da Editora Abril) realizada pela revista Negócios da Comunicação.

Ela é bastante esclarecedora do que a Abril pretende para os próximos anos e vale ser lida também por isso. Mas torna-se muito mais interessante por que lá pelas tantas Roberto Civita diz: “Aqui não se sabe o que é crise. O Lula tinha razão quanto à marolinha.”

Convenhamos, se ele acha que isso é a verdade dos fatos, por que não pede pra que os seus meninos da Veja façam um meio culpa na capa da revista.

A declaração de Civita é mais uma prova cabal da falta de seriedade jornalística da Veja.

Blog do Nassif: associação de pesquisadores denuncia apagão científico em São Paulo.

Artigo reproduzido no Blog do Nassif:
“Apagão científico” ameaça pesquisas em institutos de SP.

Êxodo em institutos traz risco de ‘apagão científico’

Responsáveis por gerar e transferir conhecimentos científicos e tecnológicos para os agronegócios, os institutos de pesquisas agrícolas do Estado estão sob o risco de um “apagão científico” por causa dos altos índices de exoneração de servidores – pesquisadores, técnicos, oficiais e agentes de pesquisa – que buscam institutos federais ou até mesmo o setor privado por melhores salários. Segundo a Associação dos Pesquisadores Científicos do Estado de São Paulo (APQC), Campinas – sede de quatro dos oito institutos estaduais – tem hoje cerca da metade dos profissionais que o setor registrava há dez anos.

Coordenados pela Agência Paulista de Tecnologia dos Agronegócios (Apta), vinculada à Secretaria de Agricultura e Abastecimento, os institutos – Agronômico de Campinas (IAC), Biológico (IB), Economia Agrícola (IEA), Pesca (IP), Tecnologia de Alimentos (Ital) e Zootecnia (IZ), e 15 Pólos Regionais distribuídos estrategicamente no estado, bem como o Departamento de Gestão Estratégica (DGE) – contribuem para o desenvolvimento regional, a inovação científica e tecnológica, e para o fortalecimento da economia baseada no agronegócio. Porém, por causa do “exôdo profissional”, muitos projetos correm o risco de não seguir adiante por falta de pessoal.

No IAC, por exemplo, atualmente são 187 pesquisadores e 542 técnicos, oficiais e agentes de pesquisa. No passado, segundo o presidente da associação, Laerte Machado, esse número era quase o dobro. “Tomando em consideração que Campinas ainda abriga o Ital e uma parte do Instituto Biológico, não somamos na cidade 300 pesquisadores”, disse. Na Região Metropolitana de Campinas (RMC), também está localizado o Instituto de Zootecnia (IZ) de Nova Odessa, atualmente com a maioria dos 46 pesquisadores e 214 profissionais da pesquisa. A explicação para Machado são os baixos salários. “O Estado de São Paulo é o que pior paga no país”, disse.

Exôdo

Os profissionais dos institutos têm preferido optar pela Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), onde o salário inicial é de R$ 7 mil e pode chegar a R$ 11 mil em um curto período de tempo. No estado, o salário inicial de um pesquisador com doutorado é de R$ 2,7 mil. No auge da carreira, o salário atinge R$ 6,4 mil. “Em alguns órgãos, o salário chega a ser o dobro do nosso”, disse o pesquisador do IAC, Maurílio Terra, durante uma debate ocorrido no final do ano passado na Câmara de Vereadores de Campinas. Segundo ele, no Instituto Agronômico do Paraná (Iapar), o salário varia entre R$ 5 mil e R$ 10,5 mil. Nas universidades estaduais, o salário varia de R$ 3,5 mil a R$ 9,5 mil.

“Além de estarmos perdendo profissionais para órgãos federais ou empresas privadas que pegam mais, não conseguimos repor as vagas deixadas por quem se aposenta. Os jovens que estão preferindo prestar concurso em órgãos como a Embrapa e outros federais do que nos institutos”, disse Machado. “Há vários anos foi prometida a equiparação salarial entre pesquisadores e professores universitários de São Paulo. Mas, com os anos, essa promessa foi deixada de lado e hoje a diferença é grande. Todos os nossos pesquisadores tem no mínimo o mestrado, mas ganha menos”, completou.

Em todos os institutos há notícias de pesquisas paralisadas por falta de pessoal. No IZ, por exemplo, um projeto de suinocultura foi abandonado por um pesquisador que preferiu atuar em outras instituições. “Os institutos estão bem equipados, mas a falta de pesquisadores faz com que eles não sejam usados. Há casos como o de um microscópio de última geração que ficou quase dois anos sem uso por falta de um profissional adequado”, contou o presidente da associação. “Em outros casos, por não suportar os baixos salários, os pesquisadores têm partido para a iniciativa privada. Hoje, o setor do agronegócio cresce e demanda profissionais, e é onde eles encontram bons salários”, completou.

APQC cobra equiparação salarial com professores universitários

Há pelo menos um ano a direção da Associação dos Pesquisadores Científicos do Estado de São Paulo cobra do governo do Estado a equiparação salarial com professores de universidades estaduais. Embasados em decisões da Justiça que lhes garante a equiparação, eles cobram o governador José Serra (PSDB) e o secretário de Estado da Agricultura e Abastecimento, João de Almeida Sampaio Filho, o aumento do salário. Segundo dados da associação, a correção resultaria em mais R$ 87,8 milhões ao ano ou R$ 7,3 milhões por mês ao Estado.

“Estamos cientes das dificuldades que iremos encontrar nas negociações com o atual governo. Fato já demonstrado nas respostas que nos tem sido dado à ementa que encaminhamos a diversos elementos do governo, pleiteando o ato normativo, junto ao governo paulista, para corrigir a diferença salarial provocada por efeito de medidas judiciais”, disse o presidente da associação, Laerte Machado. “Esperamos solucionar os problemas pertinentes a nossa carreira, principalmente o relacionado à questão salarial. Algo que tem sido desestimulador e nos deixado muito a quem de outros órgãos de pesquisa, a exemplos, citamos aqueles mantidos pelo governo federal”, completou.

No ano passado, em debate na Câmara de Vereadores de Campinas, os pesquisadores acusaram o governador de sucatear a categoria. Machado disse que o recurso enviado aos institutos pelo governo não é suficiente. “Precisamos nos mobilizar para conquistar melhorias”, defendeu, à época. Ele contou ainda que o governo estudava a possibilidade de transformar os institutos de pesquisa em autarquias. “Nós não temos medo de mudança, o que tememos é perder os recursos de orçamento do Estado”, disse. “Se isso acontecer, teremos que vender projetos de pesquisa para gerar nossos recursos”, criticou Machado. “O governo tem que investir em pesquisa porque nosso trabalho é longo e sequenciado, não podemos perder a manutenção desses repasses”, disse o pesquisador do IAC, Maurílio Terra. (VBF/AAN)

Direção da Apta reconhece problema, mas nega “apagão”

O coordenador da Agência Paulista de Tecnologia dos Agronegócios (Apta), Orlando Melo de Castro, que já atuou como pesquisador do Instituto Agronômico de Campinas (IAC), reconheceu o “exôdo profissional” de pesquisadores e técnicos, oficiais e agentes de pesquisa por causa dos baixos salários oferecidos pelo governo do Estado. “É muito difícil a gente competir com a Embrapa. Se fosse por salário base, até que dava, mas existem outras remunerações que fazem com que o salário fique superior”, disse. Ele, inclusive, prevê uma nova debandada de servidores com o novo concurso aberto pela Empresa de Pesquisa Agropecuária (Embrapa).

No entanto, ao mesmo tempo que confirma o problema, ele nega a possibilidade de um “apagão científico”. “Não vai sair todo mundo, de um dia para outro (dos institutos). Nós temos os jovens pesquisadores”, disse. “Os projetos de pesquisa são crescentes, as atividades estão sendo mantidas. O que acontece é que, quando a pesquisa não gera mais interesse para o estado, ela deixa de ser trabalhada. E, diante disso, cada instituto tem que se plajenar e ajustar no que é de importância trabalhar”, completou, ao responder sobre a falta de profissionais para seguir com pesquisas iniciadas e paralisadas.

Castro contou que um dos problemas que podem ter contribuído para o déficit de profissionais é a falta de regularidade nos concursos públicos. O último grande concurso foi finalizado em 2006. No entanto, um ano depois, a Embrapa abriu um concurso e todos os profissionais recém-contratados pelo Estado deixaram as funções. “Atualmente, estamos com 805 pesquisadores em todo o estado e 2.488 profissionais de apoio à pesquisa. Por conta disso, estamos fazendo um levantamento para identificar vagas em aberto e novos cargos. Após toda essa pesquisa, vamos apresentar ao secretário e pedir concurso, cuja regularidade tem de ser no máximo de quatro em quatro anos”, afirmou.

Sobre a equiparação salarial, Castro afirmou que o pedido deverá ser encaminhado em breve ao governador José Serra (PSDB). (VBF/AAN)

Inovação Técnológica: Ministério da Ciência e Tecnologia inaugura hoje laboratório de bioetanol de segunda geração..

Matéria do Inovação Tecnológica.

Aqui, você encontra texto do MCT sobre o projeto e, aqui, um artigo do prórpio Ministro da área sobre o laboratório e sua importância.

Laboratório de bioetanol de segunda geração é inaugurado em Campinas.
Sílvio Anunciação - Jornal da Unicamp - 22/01/2010
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva inaugura nesta sexta-feira (22), às 15h30, no Polo II de Alta Tecnologia, em Campinas, o Laboratório Nacional de Ciência e Tecnologia do Bioetanol (CTBE).

O novo laboratório trabalhará focado na pesquisa, desenvolvimento e inovação (PD&I) do ciclo cana-de-açúcar/etanol para a produção, em larga escala, do chamado álcool de 2ª geração ou etanol celulósico.

Com a nova unidade, o Brasil entrará definitivamente na corrida mundial em busca do etanol de celulose, considerado o combustível do futuro.

Patrocinado pelo Ministério de Ciência e Tecnologia (MCT), o empreendimento conta com recursos iniciais de R$ 69 milhões e será coordenado pelo professor Marco Aurélio Pinheiro Lima, do Departamento de Eletrônica Quântica do Instituto de Física Gleb Wataghin (IFGW) da Unicamp.

Ambiente industrial de pesquisa

A missão do CTBE, detalhada por Marco Aurélio em coletiva à imprensa nesta quinta-feira (21), será desenvolver um pacote tecnológico que não apenas seja capaz de extrair o combustível da biomassa de cana-de-açúcar, mas que também seja viável economicamente.

"O Centro quer criar um ambiente industrial de pesquisa, um ambiente que possa trazer processos de sucesso da universidade para uma escala intermediária entre o laboratório e a indústria", explica.

A criação do CTBE surgiu a partir de estudo iniciado em 2005 a pedido MCT e coordenado por Rogério Cezar Cerqueira Leite, professor emérito da Unicamp e pesquisador do Núcleo de Planejamento Energético da Unicamp (Nipe). O trabalho detectou os gargalos em um cenário que projeta o país para fornecer, em 2025, etanol para substituir 10% da gasolina utilizada no mundo.

Demanda de ciência

"Há alguns anos foi feito um estudo sobre a possibilidade de o Brasil fazer o escalonamento de produção de etanol. E a pergunta feita na época é se seria possível o Brasil substituir 10% da gasolina mundial por álcool brasileiro. O estudo apontou que sim, mas existem gargalos no ciclo que demandam ciência para resolver. E por essa razão a ideia de trazer um laboratório como esse para dentro dessa estrutura. Essa estrutura tem capacidade para fazer o aprofundamento científico necessário para vencer esses gargalos", contextualizou Marco Aurélio Pinheiro.

O CTBE desenvolverá, ainda de acordo com ele, tecnologia eficiente e sustentável de conversão da biomassa da cana-de-açúcar em energia química renovável. Para isso, contará com uma ampla infraestrutura de pesquisa e desenvolvimento (P&D), com destaque para a Planta Piloto para Desenvolvimento de Processos (PPDP). A PPDP permitirá o escalonamento de tecnologias relacionadas à produção de etanol a partir do bagaço de cana.

Centro multidisciplinar

Marco Aurélio Pinheiro ressalta que o CTBE insere-se no cenário de P&D como um Centro que abre as portas para outras instituições, convidando pesquisadores de diversos setores a encontrar soluções para o desenvolvimento do bioetanol de cana-de-açúcar em todo seu ciclo produtivo.

Haverá também interface com a indústria que poderá desenvolver pesquisa no ambiente do laboratório com todos os direitos garantidos e sustentados pela Lei de Inovação. "Esse é um projeto com as características de uma política de estado", afirmou.

Após a coletiva, o diretor científico do CTBE, Marcos Silveira Buckeridge, do Instituto de Biociências da Universidade de São Paulo (USP), apresentou a cadeia de produção do etanol de 2ª geração nos laboratórios científicos do novo centro.

Sobre o Etanol de Celulose

O etanol de celulose é produzido a partir da transformação de biomassa em açúcar.

Toda matéria vegetal é constituída de lignocelulose, um conjunto de polímeros formado por celulose, hemicelulose e lignina.

A celulose e a hemicelulose podem gerar etanol celulósico. Antes da fermentação, porém, é preciso quebrar suas cadeias químicas para obter o açúcar.

As duas técnicas mais conhecidas são as hidrólises enzimática e ácida. Na primeira, mais lenta, uma enzima faz a quebra; na segunda, a tarefa fica a cargo de um ácido.

Localização privilegiada

Com a criação deste novo laboratório nacional com foco no ciclo cana-de-açúcar/etanol, o MCT decidiu reestruturar o campus de pesquisa, situado ao lado da Unicamp (Universidade Estadual de Campinas), criando o Centro Nacional de Pesquisa em Energia de Materiais (CNPEM).

O CNPEM passa a abrigar, além do CTBE, o Laboratório Nacional de Luz Síncrotron (LNLS), o Laboratório Nacional de Biociências (LNBio) e o Laboratório de Nanotecnologia Cesar Lattes.

O CTBE conta com a parceria científica do LNLS e do LNBio. O LNLS é pioneiro no Hemisfério Sul e único na América Latina a possuir uma Fonte de Luz Síncrotron, tecnologia que permite conhecer a estrutura tridimensional e química da matéria.

Já o LNBio atua no desenvolvimento da ciência, tecnologia e inovação em biociências. Na interação com o CTBE, desenvolve pesquisas avançadas em estrutura e função de biomoléculas, como as enzimas necessárias ao processo de produção de etanol de 2ª geração.

Valor Econômico: relatório americano coloco o Brasil entre os países em que mais crece o investimento em pesquisa e desenvolvimento.

Matéria do Valor Econômico:
Autor(es): Alex Ribeiro,
Valor Econômico - 22/01/2010

Brasil é um dos países em que os investimentos em pesquisa e desenvolvimento mais crescem no mundo, afirma o Conselho de Ciência e Engenharia dos Estados Unidos, que acaba de soltar o seu relatório bianual, considerado um dos mais importantes guias para a formulação das políticas públicas americanas na área.

O foco central do relatório são os Estados Unidos, mas, quando são feitas comparações internacionais, o Brasil aparece bem algumas vezes, como na expansão nos investimento em pesquisa, calculada em 10% anuais. O destaque entre os emergentes, porém, é a China, com uma taxa de crescimento da ordem de 20%. O desempenho brasileiro também é positivo no número de publicações de artigos em revistas acadêmicas internacionais. "Ciência e tecnologia não são mais uma província das nações desenvolvidas", conclui o relatório. "Elas se tornaram mais democráticas."
Os investimentos mundiais em ciência em tecnologia são calculados em US$ 1,1 trilhão em 2007, ano mais recente com dados disponíveis, o que equivale ao dobro dos US$ 525 bilhões observados em 1996. "A cada 11 anos, os investimentos em pesquisa e desenvolvimentos duplicam", afirma o relatório. O Brasil tem apenas uma fração desse valor, com investimentos calculados em US$ 13 bilhões em 2006. Os Estados Unidos mantêm a dianteira no ranking de investimentos, com US$ 369 bilhões; o Japão vem em seguida; com US$ 148 bilhões; e, na terceira posição, aparece a China, com US$ 102 bilhões.

Os dados sobre investimento em pesquisa são coletados pela OCDE, o clube dos países ricos, e incluem apenas os seus membros e alguns países selecionados. O Brasil, que não é sócio da OCDE, não está nas estatísticas. Mas o relatório usa dados coletados pela Unesco, organismo das Nações Unidas para cultura e educação, para mostrar que o Brasil está se tornando mais importante na área de pesquisa e desenvolvimento.

"Índia e Brasil estão entre os países com o melhor desempenho, ainda que não façam parte das estatísticas oficiais", afirma o relatório, que diz que os dois países dobraram o volume de investimentos desde meados de 1990. "Brasil e a Índia estão entre os 15 maiores países que mais investem em pesquisa e desenvolvimento."

Apesar de seu rápido crescimento, a China ainda tem uma relação entre investimento e o Produto Interno Bruto (PIB) relativamente pequena, de apenas 1,49%. Especialistas costumam citar como nível desejável percentuais acima de 3% do PIB, diz o conselho americano de ciência e tecnologia . Os Estados Unidos estão muito próximos disso (2,69%) e o Japão supera esse percentual (3,44%). O relatório não calcula o percentual do Brasil.

As empresas privadas respondem pela maior parte dos investimentos em ciência e tecnologia. Nos Estados Unidos, sua participação é de 72%. As empresas multinacionais americanas investiram US$ 31,1 bilhões em pesquisas em tecnologia fora dos Estados Unidos em 2006. A Alemanha é o país que mais recebe investimentos das multinacionais americanas, com US$ 4,919 bilhões. O Brasil recebeu US$ 571 milhões em investimentos em pesquisa das multinacionais americanas, à frente da Índia (US$ 310 milhões), mas atrás da China (US$ 804 milhões).

A maior parte dos investimentos de multinacionais americanas no Brasil vai para o setor de transportes e equipamentos, no qual está a indústria automobilística, com 53% dos investimentos. Depois vêm o setor químico (24%) e indústria de máquinas (8,4%).

O Brasil teve, em 2007, 11.885 artigos publicados em revistas acadêmicas, bem acima dos 3.436 de 1995. "O Brasil teve a maior taxa de crescimento na América Latina entre os países que produzem mais de mil artigos por ano, com crescimento de 10,9%, seguido de México (6,7%), Chile (5,8%) e Argentina (4,8%)", diz o relatório.

Os brasileiros também têm, cada vez mais, escrito artigos em conjunto com argentinos. Normalmente, pesquisadores de países emergentes se associam a pesquisadores de países desenvolvidos, onde a infraestrutura de pesquisa costuma ser melhor. Mas o relatório do comitê americano de ciência e engenharia identifica uma tendência crescente de colaborações entre países vizinhos.

No relatório é calculado um índice de colaborações de artigos entre pesquisadores de diferentes países. Valores abaixo de 1 significam colaboração pequena. Os EUA e o Brasil têm um indicador conjunto de 0,88, enquanto os americanos têm um indicador de 1,03 com o México. Valores acima de 1 significam forte colaboração. Brasil e Argentina têm índice de 5,32, o maior do mundo.

Brasil Econômico: a classe C movimenta o consumo e é assediada por bancos.

Matéria do Brasil Econômico:

Classe C movimenta consumo e é assediada por bancos.
Aline Lima 22/01/10 09:59


-------------------------------------------------------------------------

Indústria e comércio dos mais diversos segmentos da economia se debruçam sobre a classe C que emerge como novo motor do consumo.

Estão todos empenhados em entender os hábitos, preferências e necessidades desse público que, segundo a Fundação Getúlio Vargas (FGV), já responde por metade da população brasileira (exatos 49,22%).

Mas por trás da demanda crescente por eletroeletrônicos, veículos, imóveis, entre outros produtos de uma lista de desejos sem fim, existem os recursos - e, em última instância, a alavanca do crédito. Como será, pois, a relação entre a classe média e o dinheiro?

Um levantamento feito pela Associação Comercial de São Paulo (ACSP) com 800 pessoas em novembro do ano passado, intitulado "Perspectivas do consumo", oferece um retrato interessante dessa nova classe média (com renda familiar mensal de R$ 1.116 a R$ 4.807) sob o aspecto financeiro.

A estratificação da pesquisa por camadas sociais foi aberta com exclusividade para o Brasil Econômico. O objetivo do estudo é compreender o papel do crédito para esse grupo de consumidores e, além disso, verificar como eles lidam com a dívida.

A classe C se mostra otimista com a economia brasileira e, por extensão, com o próprio futuro financeiro. Quando questionadas sobre a situação econômica do país nos próximos 12 meses, 67,7% das pessoas da classe C acreditam que ela estará melhor.

Da mesma forma, 33,20% estão confiantes na ascensão social para as classes AB nos próximos cinco anos.

Esse nível alto de confiança tem estimulado a ida às compras. E o crédito, sem dúvida, tem possibilitado o acesso a produtos de melhor qualidade. A forma de pagamento mais usada é, de longe, a compra a prazo.

Para a aquisição de móveis, por exemplo, corresponde a 60,3%; para a compra de eletrodomésticos, a 53,9%; e para a reforma da casa, a 51,9%.

Mas, ao mesmo tempo que o otimismo estimula as compras a prazo, faz aumentar também o comprometimento da renda com parcelas que tendem a representar uma fatia do salário cada vez mais significativa. Aí mora o perigo da inadimplência.

"Embora a maioria das pessoas mostre disposição para se planejar financeiramente, 53,2% dos entrevistados admitem comprar por impulso", observa Sandra Turchi, superintendente de marketing da Associação Comercial de São Paulo.

É preciso que haja, portanto, um trabalho intensivo de conscientização junto a essa classe C que, só agora, passa pela experiência de ter crédito farto na praça. "O sistema bancário ganha ainda mais com juros sobre atrasos", alerta Sandra.

Ela cita o exemplo do valor mínimo de pagamento do cartão de crédito. "Já vi muitos casos de confusão entre o valor da fatura do cartão e o pagamento mínimo que aparece em destaque", comenta.

"Essas pessoas estavam acostumadas a comprar com carnê e não são orientadas a usar os novos meios de pagamento."

A falta de conhecimento se estende também para a seara dos juros bancários. De acordo com a pesquisa feita pela ACSP, no discurso os juros são indesejados. Mas quando perguntados sobre o que é mais importante, se a taxa de juro ou se o valor da parcela cabe no bolso, 51,3% dos entrevistados pertencentes à classe C deram como resposta o valor da parcela.

Além disso, 51,9% não sabia responder qual era a taxa de juro cobrada em suas compras a prazo.

Planejamento financeiro

A boa notícia é que existe, sim, uma vontade genuína do consumidor em se planejar financeiramente. Na hora da compra, 47,9% das pessoas da classe C informaram fazer pesquisa de preço em diversas lojas.

Nas classes DE, todas as famílias entrevistadas fazem pesquisa de preço. Isso porque uma redução de 10% no valor de uma geladeira, por exemplo, pode representar até 25% do salário.

Pechinchar é conduta arraigada na classe média - 71,9% dos consultados confirmam a prática antes da compra. De forma semelhante, 88% das pessoas afirmam levar em consideração as dívidas atuais nas próximas compras, e 44,80% usam planilha para monitorar os gastos.

"É essencial ter um nível de endividamento que não saia do controle", observa Sandra. "A ideia é comprar bem para comprar sempre."

As mães e os desejos dos filhos

Mamãe Coragem, de Caetano Veloso e Torquato Neto, com Gal Costa.


quinta-feira, 21 de janeiro de 2010

Nassif: o Bolsa Família como obra histórica.

Do Blog do Nassif:

Bolsa família: uma obra para a história.

Prestes a deixar o cargo – para ser candidato a candidato ao governo de Minas Gerais pelo PT – o Ministro do Desenvolvimento Social Patrus Ananias deixa em seu currículo a montagem do mais bem sucedido programa social do país – depois do SUS (Sistema Único de Saúde) -, o Bolsa Família, considerado o mais bem sucedido programa de massificação de políticas sociais já tentado no mundo.

Levará algum tempo para se produzir a obra definitiva sobre o programa, os desafios iniciais, a consolidação do corpo técnico, a montagem das redes com movimentos sociais, prefeituras, demais ministérios, para o feito de levar políticas compensatórias a 50 milhões de pessoas, 12 milhões de famílias, um quarto da população brasileira.

***

Antes do Bolsa, os teóricos de políticas sociais se dividiam em duas linhas. De um lado os focalistas, especialistas em indicadores e estatísticas que centravam seus estudos na identificação dos segmentos mais necessitados da população. De outro lado, os universalistas, defensores das políticas sociais universais.
Havia uma dissonância invencível entre eles. As técnicas estatísticas são fundamentais para se conseguir otimizar a aplicação dos recursos. Mas o discurso focalista era utilizado para impedir a ampliação dos gastos sociais.

Por outro lado, os universalistas, embora mais generosos na distribuição de recursos, tendiam a considerar que qualquer forma de controle e acompanhamento prejudicaria os objetivos finais dos programas sociais.

***

Oriundo dos movimentos sociais, mas com uma passagem executiva como prefeito de Belo Horizonte, Patrus soube juntar o que de melhor havia nas duas linhas.

Dos focalistas trouxe o maior nome – o técnico do IPEA (Instituto de Pesquisas Econômico Aplicadas) Ricardo Paes de Barros, referência internacional – e as técnicas para hierarquizar a pobreza, permitindo chegar de forma mais eficiente nos segmentos de miséria absoluta. Dos universalistas, trouxe a convicção de que políticas sociais têm que ser universais – mas sem abdicar da ciência dos indicadores e acompanhamentos.

***

O passo seguinte foi definir as prioridades dos programas sociais. O MDS toca vários programas, do Bolsa Família aos Benefícios Continuados (como aposentadoria para idosos). Mas o desafio maior, o ponto inicial de qualquer política social, é o atendimento da mais básica das necessidades, a fome. Esse foi o foco, que fez com que o programa substituísse seu antecessor, o desastrado Fome Zero.

***

O desafio seguinte era montar a rede de parceiros, para garantir a estrutura mais enxuta possível na sede. O programa é tocado por 1.500 pessoas, estrutura mínima para a população atendida.

Na ponta recorreu-se aos movimentos sociais e, especialmente, às prefeituras – incumbidas de cadastrar os beneficiários. Para prevenir fraudes, foram montados convênios com Ministérios Públicos Federal e Estaduais, visando a criminalização das fraudes. Depois, tratou-se de fortalecer os conselhos municipais e regionais.

***

Ainda há um longo caminho pela frente. Mas caminha-se para a constituição de uma rede social, um processo em construção, que tornará o programa irreversível.