domingo, 22 de novembro de 2009

Veja: em 1999, Dilma Rousseff alertou governo tucano de que a falta de investimentos poderia causar apagão nacional.

Lá embaixo, segue matéria publicada por Veja em 2001.

Esse assunto já cansou um bocado, mas essa é imperdível. E uma boa ajuda para quem ainda não entendeu a diferença entre blecaute (um acidente) e apagão (racionamento de energia por escassez). Um decorre de incidente casual, apesar de poder e dever servir de alerta por uma melhoria no sistema; o outro decorre de falta de investimento e projeto - além da arrogância de não dar ouvidos aos reiterados alertas, no caso do Apagão Tucano de 2001.

A cronologgia abaixo revela que desde 1995, primeiro ano do governo tucano, a própria Eletrobrás já alertara para a futura necessidade de racionamento.

Interessante também é descobrir que, segundo Veja, em janeiro de 1999, a então Secretária de Minas e Energia do RS, Dilma Rousseff (a quem a oposição tenta desgastar com o acidente da semana passada), alertara o governo tucano acerca do risco de blecautes decorrente de falta de investimento.

Dois meses depois, em março, Luis Pinguelli Rosa avisaria no Senado que o blecaute nacional previsto por Dilma - e que, de fato, veio – fora devido à vulnerabilidade do sistema e à falta de investimento no setor energético. (aqui e aqui, o mesmo especialista revela que o recente blecaute não teve as mesmas causas daquele de 1999).

A matéria, dos arquivos de Veja, foi localizada e publicada por esta blog.

Se você quiser mais um pouco sobre o assunto, aqui, aqui, aqui, aqui, aqui, aqui, aqui e aqui há matérias e artigos com especialistas (nacionais e importados) falando sobre o blecaute.

A CRONOLOGIA DOS ALERTAS

Não foi por falta de aviso. Houve muitos. Foi por imprevidência mesmo – e crença na salvação das chuvas. Abaixo, alguns dos alertas recebidos por dezenas de autoridades do governo:

Setembro de 1995 – A Eletrobrás alerta o ministro das Minas e Energia, Raimundo Brito, para o risco de racionamento de energia em 2001-2003 e estima que, nesse período, o consumo terá de cair 10%.

Maio de 1996 – A Eletrobrás alerta o presidente do BNDES, Luiz Carlos Mendonça de Barros, o secretário Andrea Calabi (Planejamento) e os secretários José Roberto Mendonça de Barros e Pedro Parente (Fazenda) sobre a gravidade da crise. Em documento de 38 páginas, lista medidas emergenciais e prevê racionamento para o período 1998-1999.

Junho de 1997 – Num encontro em Belo Horizonte, técnicos das distribuidoras de energia alertam para o risco iminente de blecautes em Minas Gerais, Pernambuco, Bahia, Sergipe e Alagoas.

Janeiro de 1999 – Depois de o Rio Grande do Sul ter sofrido 31 cortes de energia, a secretária estadual de Minas e Energia, Dilma Vana Rousseff, viaja a Brasília e alerta autoridades do setor elétrico de que o problema gaúcho se estenderá ao país caso não se invista em geração e transmissão.

Março de 1999 – Dias depois do maior apagão da história do país, o físico Luiz Pinguelli Rosa, da Universidade Federal do Rio, avisa, em reunião no Senado, que o blecaute é sinal da vulnerabilidade do sistema de transmissão e da falta de investimentos no setor energético. Estão presentes Rodolpho Tourinho (ministro das Minas e Energia), Mário Santos (do Operador Nacional do
Sistema Elétrico, ONS), além dos presidentes de Furnas e Eletrobrás.

Abril de 2000 – Em reunião com a cúpula do ONS, o presidente da estatal energética gaúcha, Vicente Rauber, propõe um plano imediato de racionamento de energia no país. A proposta é rejeitada.

Setembro de 2000 – Horácio Lafer Piva, presidente da Federação das Indústrias de São Paulo (Fiesp), divulga uma "mensagem de alerta à indústria" prenunciando escassez de energia no Estado.

Outubro de 2000 – Num seminário em Brasília, Luis Carlos Guimarães, diretor da Associação Brasileira de Distribuidores de Energia Elétrica, alerta que o país está à beira de um colapso energético. Estão presentes técnicos da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel).

Dezembro de 2000 – O ONS entrega ao ministro Rodolpho Tourinho e ao diretor-geral da Aneel, José Mário Abdo, um relatório informando que o nível dos reservatórios de água das represas está razoável.

12 de março de 2001 – O ONS entrega novo relatório à Aneel e ao secretário executivo das Minas e Energia, Hélio Vitor Ramos, traçando, desta vez, um quadro sombrio do nível dos reservatórios de água das represas por causa da falta de chuvas.

20 de março de 2001 – O ONS informa o novo ministro das Minas e Energia, José Jorge, sobre a gravidade da situação. Três dias depois, no Palácio da Alvorada, FHC reúne-se com a equipe econômica e membros do setor elétrico para tratar do tema. À espera de chuva em abril, descartam o racionamento.

25 de abril de 2001 – Sem as chuvas esperadas, o ONS pede oficialmente ao ministro José Jorge, das Minas e Energia, que deflagre um processo de racionamento.

8 de maio de 2001 – O governo propõe as primeiras medidas de redução do consumo. Dois dias depois, FHC mostra espanto com a gravidade do problema e com o desencontro de informações dentro do governo. Decide criar um comitê para enfrentar a crise e coordenar o racionamento.

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