terça-feira, 29 de setembro de 2009

G1: deputado tucano quer criar trem da alegria em cartórios; deputado petista foi ao STF tentar impedir esse absurdo.

Segue a matéria publicada pelo G1, com alguns grifos meus.

Uma coisa chama atenção, além do absurdo da proposta: logo abaixo da manchete, decobrimos que um deputado do PMDB relata a matéria e que outro, do PSOL, é contrário.

Lá no final, onde pouco gente chega, descobre-se que quem propôs esse despautério foi um deputado tucano (ou seja, do PSDB) e que o deputado do PSOL não é o único contrário. De fato, o Deputado Dr. Rosinha (petista, ou seja, do PT) chegou a tentar barrar o trem da alegria tucano no STF.

Claro , né? Qual a importância de saber que propôs um bagulho desses? Certamente, nenhuma. Relevante mesmo, é saber quem é o relator e que o deputado do PSOL é contrário.

O link do original está abaixo, no título.

Câmara pode votar proposta que efetiva donos de cartórios sem concurso

Relator, João Matos (PMDB-SC), diz que projeto corrige 'falha do estado'.
Ivan Valente (PSOL-SP) critica PEC e defende realização de concursos.

Eduardo Bresciani Do G1, em Brasília

A Câmara dos Deputados pode votar nesta terça-feira (28) uma Proposta de Emenda Constitucional (PEC) que efetiva donos de cartórios sem a realização de concurso público. A proposta chegou a ser pautada na semana passada, mas não foi votada por falta de quorum. A expectativa é que o tema seja colocado novamente em plenário em sessão extraordinária nesta noite. A proposta terá de ser votada em dois turnos na Câmara antes de seguir para o Senado. Nesta Casa também serão necessárias duas votações. Caso o texto se mantenha igual em todas votações a PEC poderá ser promulgada.

A proposta visa efetivar responsáveis por cartórios que assumiram os cargos sem concurso público depois da Constituição de 1988. A intenção é beneficiar quem ocupava a função entre a promulgação da Constituição e novembro de 1994, quando foi sancionada uma lei que regulamentava o artigo constitucional que tratava dos cartórios. O projeto atende também quem era substituto neste período e tornou-se titular depois. Neste caso, o dono precisa estar como titular há pelo menos cinco anos quando a lei for promulgada.

Falha do Estado

O autor do projeto é o deputado João Campos (PSDB-GO). Ele destaca que a efetivação vai premiar quem trabalha bem. “Havia um vazio legal e interinos foram sendo nomeados. Não foi aberto concurso até agora e vão ser efetivados aqueles que vieram desenvolvendo este trabalho de forma honesta e eficiente até agora”. Ele destaca que a PEC determina também punições para o judiciário caso não abra concurso para donos de cartórios seis meses após a vacância dos cargos.

O relator da PEC, João Matos (PMDB-SC), afirma que a efetivação sem concurso público visa corrigir uma “falha do Estado” com os donos destes cartórios. “O estado brasileiro falhou com estas pessoas. Elas foram deixadas seis anos sem regulamentação e não foram atendidas pela lei. Elas não estão nesta situação por culpa delas ou do judiciário, mas por culpa de todo o estado”.

Segundo Matos, devem ser beneficiados pela PEC cerca de 2,2 mil donos de cartórios. O Conselho Nacional de Justiça (CNJ), por sua vez, estima que o número de efetivações pode chegar a 5 mil. Em junho deste ano, o CNJ determinou a destituição de todos os donos de cartório que estivessem na situação que a PEC deseja legalizar.

Só com concurso

O deputado Ivan Valente (PSOL-SP) é um dos contrários ao projeto. Ele defende que a ocupação das vagas deveria se dar somente por concurso público. “Essa PEC veio para violar uma situação que viola a Constituição. Querem oficializar pessoas sem concurso. Entendemos que não é possível violar o princípio da Constituição de sempre realizar concurso”.

Em maio deste ano, o deputado Dr Rosinha (PT-PR) chegou a ir ao Supremo Tribunal Federal (STF) contra a PEC. No pedido, ele destaca que a efetivação sem concurso público fere a Constituição. Dr. Rosinha afirma que a PEC manterá injustiças na área. “Efetivar cria injustiças. Essa PEC é incompleta para solucionar os problemas que existem nesta área”. Ele destaca que em alguns casos, como em comarcas não rentáveis no interior do Brasil, talvez o concurso público não seja a melhor alternativa. Dr. Rosinha ressalta que seria necessário ampliar o debate antes de colocar o tema em votação.

New York Times: a pena de morte é duas vezes incompetente, porque, além de não resolver o problema, é mais cara que as outras alternativas.

Segue o editorial do New York Times, sem grifos meus.

Versão brasileira: Último Segundo

O link para o original, ou para a cópia copiada, está no prórpio título.

O alto custo da pena de morte nos EUA

Entre as muitos excelentes razões para que a pena de morte seja abolida - ela é imoral, não impede assassinatos e afeta minorias desproporcionalmente - podemos acrescentar mais uma. A pena de morte é um problema econômico para governos que já têm dificuldades de orçamento.

Está longe de ser uma tendência nacional, mas alguns legisladores já começaram a questionar o alto custo da pena de morte. Outros deveriam considerar a evidência reunida pelo Centro de Informação da Pena de Morte, uma organização de pesquisa que se opõe à pena capital.

Dos arquivos do blog:
O Brasil é a Nova América?

Estados desperdiçam milhões de dólares em veredictos que condenam à pena de morte, o que exige um caro segundo julgamento, novas testemunhas e os longos processos de escolha dos júris. A pena de morte exige segurança extra e despesas com manutenção.

Também há um processo de apelação de 15 a 20 anos, mas simplesmente abandoná-lo seria antidemocrático e aumentaria o número de pessoas inocentes mortas pelo sistema. Além disso, as maiores despesas está (sic) no pré-julgamento e julgamento.

De acordo com a organização, manter os detentos no sistema à espera da pena de morte na Flórida custa aos contribuintes US$ 51 milhões por ano a mais do que mantê-los na prisão perpétua sem possibilidade de liberdade condicional.

O Estado da Carolina do Norte executou 43 pessoas desde 1976 a um custo de US$ 2,16 milhões por execução. O custo eventual para contribuintes em Maryland que executa prisioneiros de casos importantes julgados entre 1978 e 1999 é calculado em US$ 186 milhões para cada cinco execuções.

Talvez o exemplo mais extremo seja a Califórnia, cuja fila da pena de morte custa aos contribuintes US$ 114 milhões por ano, além do custo de manter os condenados presos em vida. O Estado executou 13 pessoas desde 1976 chegando a um total de cerca de US$ 250 milhões por execução. Este é um Estado cujas cadeias estão superlotadas (inconstitucionalmente, segundo os tribunais) e cujo governo impôs cortes enormes aos serviços sociais, cuidados médicos, escolas e parques.

O dinheiro gasto na prisão à espera da pena de morte poderia ser usado na força policial, tribunais, defensores públicos, agências de serviço legais e celas de prisão. Alguns legisladores, atendendo a funcionários da lei que declararam que a pena de morte deve ter baixa prioridade, apresentaram projetos para aboli-la.

A senadora estadual republicana de Kansas, Carolyn McGinn, alega que seu Estado, que restabeleceu a pena de morte em 1994 não executou ninguém em mais de 40 anos. Em fevereiro, ela apresentou um projeto de lei para substituir a pena de morte pela prisão perpétua. O projeto recebeu enorme atenção mas foi adiado.

Argumentos semelhantes foram feitos, em vão, em Estados como New Hampshire e Maryland. Colorado considerou um projeto para acabar com a pena de morte e gastar o dinheiro economizado na solução de casos frios. Mas este ano, apenas o Novo México foi até o fim, abolindo as execuções em março.

Se os legisladores não conseguem encontrar a coragem moral para abolir a pena de morte, talvez o motivo econômico seja a persuasão que necessitam para seguir o exemplo do Novo México.

Kanitz: ao menso 8 medidas diferenciam a polítca econômica de Lula da adotada por FHC, e justificam o momento vivido pelo país.

Segue a postagem do Kanitz, com grifos meus.

Nela, ele promete uma série de artigos acerca de 8 medidas econômicas supostamente inovadoras adotadas pelo Governo Lula e que o diferenciam do Governo FHC. Essas políticas, segundo o autor, provariam o equívoco da visão segundo a qual Lula apenas deu sorte ao supostamente seguir o mesmo modelo do governo anterior.

Não sou economista e não sei o que o Kanitz escreverá, mas reproduzirei aqui os textos por ele referidos. E a razão é bem simples. Essa verdade, tão repetida, e centrada sempre na taxa de juros e na prática de superávits, há muito me incomoda por sua leviandade.

Como disse, o assunto não é bem minha praia, mas sempre estranhei uma coisa: reduzir-se a economia a juros e e meta de gastos. Fortalecer os programas sociais, e retirar os respectivos gastos do cálulo do superávit, sejam estas medidas certas ou erradas, não tem impacto econômico? Aumentos substanciais para o salário mínimo não representam um política econômica?

Vejamos o que escreverá o Kanitz.

O Legado Lula

Muito se tem escrito de que o governo Lula surfou na onda dos países desenvolvidos, na sorte, ou que simplesmente continuou as medidas econômicas "neoliberais" criadas por FHC, dita até por membros do PT.

Veja um bom resumo destas críticas no blog do Marcio Pessoa "O governo Lula é um horror, dos piores que o Brasil já teve. Surfou na estabilidade monetária que FHC implantou, nas políticas sociais que dona Ruth havia iniciado e numa situação internacional favorável para, com sorte, ter ventos favoráveis".

Esta visão coloca um sério perigo de instabilidade econômica em 2010, na medida que se avalia se o sucessor de Lula irá ou não continuar a “política econômica do Governo FHC", incluindo nesta dúvida a própria Dilma.O futuro de juros para 2011 já disparou para dois dígitos novamente, sinalizando o pânico que poderemos ter, colocando tudo a perder.

A análise que iremos fazer do governo Lula, visa mostrar algumas medidas inovadoras tomadas nestes oito anos de governo que, por terem sido bem sucedidas, continuarão no próximo governo, qualquer que seja o novo Presidente.

Razão de tranquilidade portanto.

Mostra também que algumas políticas econômicas do governo FHC foram até abandonadas, para melhor. Esta análise fria e apartidária visa serenar os ânimos de algumas discussões eleitorais futuras, para não interromper nosso crescimento em 2009 e 2010 com dúvidas de continuidade.

Legado, é o que permanecerá, daí o termo. São as medidas que futuros Presidentes terão muita dificuldade em mudar, dado o clamor da opinião pública. Por exemplo, como começar a “torrar” nossas reservas internacionais criadas no governo Lula.

Ninguém pressionou o governo FHC a criar Reservas Internacionais, mas uma vez criadas, a opinião pública certamente pressionará se as Reservas forem delapidadas.

Obviamente, todo governo surfa as conquistas do anterior, é isto que queremos, e sem dúvida Lula se beneficiou de várias conquistas de governos anteriores, como o Plano Real do Governo Itamar.

O importante para a turbulência política que teremos em 2010 é lembrar e divulgar a investidores temerosos, que são medidas que nenhum futuro governo irá ousar mudar, algo que muitos intelectuais do próprio PT parecem não perceber, ou querem modificar.

As 8 medidas não são as únicas certamente, mas 7 delas eu inclusive defendi no passado, acompanhei e até participei à distância, daí a minha alegria e obrigação em reconhecer o que foi feito, dar mérito a quem de direito, e divulgá-las para que elas sejam entendidas e mantidas. Comentarei cada uma delas em artigos nos próximos 3 meses, se me deixarem.
Apesar do meu histórico de análises sérias e apartidárias, quero deixar claro que não se trata de uma análise pró PT, ou anti PSDB, como alguns certamente acharão.

São medidas que muitos brasileiros há muito defendem, sensatas e até óbvias, e Lula teve o mérito de ouvir e adotar.

O importante é convencer todos os brasileiros, inclusive a atual oposição, incluindo a oposição dentro do PT, que são idéias que precisam ficar, um legado para os próximos governos.

Lembrem-se, sindicalistas são muito mais próximos a administradores, engenheiros, contadores advogados empresariais e as práticas administrativas das empresas do que qualquer outro partido político brasileiro, e da maioria dos intelectuais deste país.

Portanto, a adoção destas idéias "inovadoras" não deveria ser tão surpreendente assim. A rigor deveriam ter sido implantadas 40 anos atrás e não foram.

Favor distribuírem estes futuros arigos, porque os próximos 10 anos dependem de uma transição presidencial e econômica tranquila, e uma eleição para Presidente baseada em fatos e não emoções. Não podemos mais uma vez jogar um bilhete premiado por incompetência.

Precisamos também ficar atentos para que nenhum futuro presidente mude estes pontos, qualquer que seja o sucessor de Lula na Presidência.

Consultor Jurídico: Petrobrás pode contratar pelo modelo de licitação estabelecido pela Lei 9.478/97 e pelo Decreto 2.475/98, diz o STF.

Segue a matéria, cujo original pode ser encontrado pelo link no próprio título.

STF permite licitação simplificada na Petrobrás

A Petrobras não precisa seguir a Lei das Licitações (Lei 8.666/93) na contratação de empresas. O entendimento é do Supremo Tribunal Federal e foi adotado pelo ministro Gilmar Mendes, ao dar liminar em Mandado de Segurança para suspender decisão do Tribunal de Contas da União que determinava a aplicação da lei.

A Petrobrás alegou que contratou empresas pelo Procedimento Licitatório Simplificado, aprovado pelo Decreto 2.745/98, que regulamentou o artigo 67 da Lei 9.478/97 (que dispõe sobre o monopólio do petróleo). De acordo com a Petrobrás, vincular os procedimentos licitatórios da companhia aos preceitos da Lei das Licitações significa retirar dela os mecanismos que lhe permitem sobreviver em ambiente constitucional e infraconstitucional de livre concorrência e regido em função das condições de mercado. O acórdão do TCU determinou que, até a edição de lei dispondo sobre licitações e contratos das estatais e sociedades de economia mista, essas entidades devem observar os preceitos da Lei 8.666/93.

Ao decidir, o ministro Gilmar Mendes entendeu que a submissão legal da Petrobrás a um regime diferenciado de licitação parece estar justificado pela relativização do monopólio do petróleo trazida pela Emenda Constitucional 9/95. Com ela, a empresa passou a exercer a atividade econômica de exploração de petróleo em regime de livre competição com as empresas privadas concessionárias da atividade, as quais não estão submetidas às regras de licitação e contratação da Lei 8.666/93. Com informações da Assessoria de Imprensa do Supremo Tribunal Federal.

segunda-feira, 28 de setembro de 2009

The Independent: os esforços de Lula ajundaram a esmagar o G8, e a substituí-lo pelo G20.

Segue o artigo do The Independent, com alguns grifos meus e em mais uma terrível tradução minha, com alguma ajuda do Google.

O link para o original está no próprio título

A ascensão e a ascenção do Brasil: Mais rápido, mais forte, mais alto.
Organizar os Jogos Olímpicos 2016 seria a cereja no topo do bolo para a nação sul-americana que está finalmente cumprindo o seu potencial.

Hugh O'Shaughnessy Domingo, 27 de setembro, 2009
Deus pode não ser brasileiro, como alardeiam orgulhosamente muitos dos habitantes do Rio de Janeiro, mas o Todo-Poderoso parece estar barndindo sua nada desprezível influência a favor da Maravilhosa Cidade no oceano Atlântico Sul, enquanto ela se lança fortemente para a possibilidade derealizar os Jogos Olímpicos de 2016. Os seus três rivais - Tóquio, Madri e Chicago - parecem estar desaparecendo à medida que se enquiminham diretamente para o dia D, daquia a cinco dias. Em 2 de outubro, a cidade vitoriosa deve ser anunciada em Copenhague, assistido por um bilhão de telespectadores em todo o mundo.
Na terça-feira, em Brasília, os senadores se mexeram para aprovar a legislação necessária para garantir todo o que requer uma oferta bem sucedida - de financiamento aos regulamentos para brecar o sobrepreço para os quartos de hotéis. Na quarta-feira, o The New York Times pareceu desistir da Windy City, às margens frias do Lago Superior, prevendi que o presidente brasileiro, Luis Inácio da Silva, a quem todos chamam de Lula ( "A Lula"), teria a tarefa mais fácil do mundo para levar o prêmio pra casa. Lula, o ex-metalúrgico e líder sindical que anos atrás perdeu um dedo em uma prensa hidráulica, confessou que tinha a vantagem. Ele será acompanhado em Copenhague por sua esposa, Marisa, enquanto Michelle Obama vai estar lá sem o marido. "Então, vai ser dois para um,", destacou com alegria tranquila.
A votação do próximo mês pode ser um marco na jornada do Brasil para longe de ser o eterno país do futuro - e aquele para o qual o futuro nunca chega - para se tornar uma potência mundial indiscutível, com uma presença permanente no Conselho de Segurança das Nações Unidas e com o dinheiro para alimentar, educar e cuidar de sua população de quase 200 milhões de habitantes.
Lula, que quando criança completava o orçamento de sua mãe vendendo amendoim em torno do porto de Santos, está revelando em sua nova eminência, a liberdade de culpar os "banqueiros de olhos azuis" pela atual crise financeira mundial e para impor respeito. O pânico dos banqueiros e o alarme dos meios de comunicação em Londres e em Wall Street nos últimos meses antes de sua primeira vitória eleitoral maciça em 2002 são coisas do passado. Hoje o Brasil é um dos chamados "BRIC", junto com Rússia, Índia e China, e admirado pelos banqueiros e economistas. E não só o presidente Obama chamá-lo o líder mais popular do mundo, mas, após um período em que a corrupção do governo parecia que poderia derrubá-lo, a taxa de aprovação de Lula pelos os eleitores é agora de cerca de 80%.
Não mais um caso perdido financeiro lutando com a hiperinflação, o Brasil está olhando para a frente do tsunami de riquezas que irá inundá-lo quando a Petrobras, a altamente bem-sucedida estatal de petróleo, alcançar toda a produção dos enormes novos campos de petróleo em águas profundas brasileiras. Lula está planejando usar o dinheiro novo para corrigir os abusos que resultaram do golpe militar de 1964 e dos anos subsequentes de selvagem repressão e tortura, que jogaram para baixo o seu padrão de vida e de milhões de outros brasileiros pobres. O Brasil também é um exportador maciço de alimentos - reconfortanso quando a fome espreita em muitos outros lugares.
As últimas semanas têm demonstrado que Lula está aproveitando a riqueza do futuro como a alavanca da influência internacional de hoje. O primeiro chefe de estado a falar no debate na Assembleia Geral da ONU na quarta-feira, ele entrou antes de o coronel Khadafi incomodar a todos com seu discurso de 90 minutos. Ele aproveitou a oportunidade para desancar as idéias das potências ocidentais durante a crise financeira. "O que foi ao chão foi o conceito social, político e econômico aceito como inquestionável", disse ele em nítida cutucada em políticos e banqueiros que se opõem à regulamentação governamental dos mercados. Os esforços de Lula ajudaram a esmagar o Grupo dos Oito países ricos, substituindo-o pelo Grupo dos 20, que inclui os países em desenvolvimento e que se reuniu em Pittsburgh, na quinta-feira para iniciar a reforma das finanças do mundo.
Na Assembleia-Geral, ele também exigiu o fim imediato do golpe de Estado em Honduras, onde a embaixada brasileira está abrigando Manuel Zelaya, o legítimo presidente, deposto em 28 de junho por um impostor com apoio militar. Lula está clamando por uma ação do Conselho de Segurança contra o cada vez mais bárbaro regime, ameaçando-o com toda a força do direito internacional, particularmente se ela continuar a privar os diplomatas brasileiros e seus convidados de energia, água e alimentos. A ação brasileira, apoiada de perto pelo governo venezuelano, deixou Washington mal, expondo o claro abismo na questão hondurenha entre Obama, que deseja uma ação decisiva para restaurar Zelaya, e as hesitações de Hillary Clinton, cuja ala direita de conselheiros têm outras idéias.
Lula é, também, um líder no novo bloco político da União de Nações Sul-Americanas. Unasul está resistindo à militarização da América do Sul, que muitos acham que se seguirá se a Colômbia, um aliado próximo de os E.U.A, permitir que o Pentágono crie sete novas bases na sua terra. Isso permitiria aos EUA o envio de aviões a qualquer parte do continente, exceto a Patagônia. Como precaução, Lula está comprando armas na França e na Rússia.
Em seus esforços para acelerar a unidade da América Latina, Lula tem tomado riscos políticos em casa, ousando desafiar as poderosas empresas de electricidade. A fim de cimentar as relações com seu vizinho pobre, o Paraguai, ele prometeu um novo acordo sobre a gigantesca hidrelétrica de Itaipu, cuja potência supostamente seria compartilhada por ambos os países, mas quem, na verdade, vai esmagadora para o Brasil.
No entanto, se o Rio ganhar nesta sexta-feira, Lula vai se voltar para a tarefa de dar esperança aos despossuídos da cidade - e garantir que os primeiros Jogos Olímpicos da América do Sul se passem de forma pacífica.

Gilson Caroni na Carta Maior: atrás de suas versões fantasiosas do que se passa em Honduras, nossa mídia procura esconder os avanços do G-20

Segue o artigo publicado pela Agência Carta Maior.

O link para o original está no título.

Imprensa brasileira: De facto ou interina?

Empenhada em afirmar que o governo brasileiro teria agido de maneira irresponsável ao conceder abrigo ao presidente deposto, a mídia corporativa repete um velho procedimento. Tenta armar uma subversão monstruosa: a autoria e a responsabilidade do golpe são transferidas aos que a ele se opõem.

Gilson Caroni Filho

Desde 28 de junho, quando o presidente Manuel Zelaya foi deposto por um golpe militar liderado por Roberto Micheletti, a grande imprensa brasileira, através de seus articulistas mais conhecidos e dedicados editorialistas, voltou a apresentar, como é comum a aparelhos privados de hegemonia, seu vasto arsenal de produção e redefinição de significados. Desta vez, a novidade foi o deslocamento semântico do real sentido do que vem a ser golpe de Estado. Em Honduras, segundo a narrativa jornalística, não há golpistas, mas "governo interino" ou "de facto", pouco importando que a ação militar tenha sido condenada pela União Européia e governos latino-americanos representados pela Organização dos Estados Americanos (OEA)
Como já tive oportunidade de destacar em outra oportunidade "há algo profundo no jogo das palavras". Ainda mais quando, quem as maneja, tem, por dever de ofício, que relatar o que cobre com precisão e clareza. Fica evidente que razão cínica e ética ambíguas são irmãs siamesas. E no jornalismo brasileiro, mudam as gerações, mas as tragédias continuam e o imaginário dos aquários insiste em se engalfinhar contra as evidências factuais.
Agora, empenhada em afirmar que o governo brasileiro teria agido de maneira irresponsável ao conceder abrigo ao presidente deposto, a mídia corporativa repete um velho procedimento. Tenta armar, na produção noticiosa, uma subversão monstruosa: a autoria e a responsabilidade do golpe são transferidas aos que a ele se opõem, de modo que os golpistas, posando de impolutos democratas, ainda encontrem razões e argumentos para desmoralizar, reprimir e, se possível, eliminar seus oponentes. Para a empreitada foram convocados até diplomatas aposentados, saudosos de uma subalternidade quase colonial.
Uma característica saliente do discurso editorial, e de forma alguma sem importância, é o tom mordaz de quem que se propõe a dizer "verdades" a leitores e/ou telespectadores não apenas iludidos, mas idealizados como obtusos. O trecho abaixo, extraído da revista Veja ( edição 2132, de 30/09/2009) é exemplar. Trata-se da reportagem “O pesadelo é nosso", assinada pelos jornalistas Otávio Cabral e Duda Teixeira.
"Com as eleições marcadas para o próximo dia 29 de novembro, o governo interino que derrubou Zelaya se preparava para reconduzir o país à normalidade democrática. O candidato ligado a Manuel Zelaya aparecia até bem colocado nas pesquisas de intenção de voto. Seria uma saída rápida e democrática para um golpe, coisa inédita na América Latina. Seria. Agora o desfecho da crise é imprevisível. O mais lógico seria deixar o retornado sob os cuidados dos amigos brasileiros até depois das eleições, que, se legítimas, convenceriam a comunidade internacional das intenções democráticas dos golpistas"
Não procurem lógica no texto. Muito menos o uso político do mito da objetividade jornalística. O panfletarismo é prepotente e assumidamente faccioso para se preocupar com detalhes. Falar em “intenções democráticas dos golpistas" não expressa dificuldade de ordem racional, mas uma formidável comédia de erros e imposturas orquestradas por setores decisivos de uma direita inconformada com uma política externa exitosa.
Não se trata apenas da insistência da grande mídia brasileira em “manter um viés anti-Lula, fazendo uma cobertura parcial e tendenciosa sobre os acontecimentos que envolvem o fato", como afirmou o deputado José Genoíno. A operação em curso vai bem além desse propósito. O que ela busca ocultar são os resultados da reunião do G-20, em Pittsburgh, com a abertura para a reorganização das instituições financeiras internacionais e maiores direitos para os países emergentes. O êxito diplomático deve ser substituído por uma "trapalhada ideológica que não faz jus à tradição pragmática do Itamaraty”.
É exatamente isso o que confessa o articulista Clóvis Rossi, em sua coluna de sexta-feira, 25 de setembro, na Folha de S. Paulo.
"Escrevendo textos no lobby do Hotel Sheraton, em que Luiz Inácio Lula da Silva está hospedado em Pittsburgh, sou agradavelmente interrompido por Gilberto Scofield, o competente correspondente de "O Globo" em Washington: Cara, Honduras conseguiu eclipsar completamente o G20 nos jornais brasileiros. Só recebo cobranças sobre Honduras".
Essa desenvoltura de militantes eufóricos só reforça o que se sabe da grande imprensa. Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades, mas os modelos – teimosos - permanecem como farsa de um jornalismo que não se sabe ao certo se é “de facto" ou interino. Os acontecimentos de Tegucigalpa são contagiantes

domingo, 27 de setembro de 2009

Nominuto: tucanos não sabem nem escrever Brasil.

Segue matéria do Nominuto.

Penso eu aqui no meu canto: o Chalita está errado. O Serra, os demos e os demais tucanos têm sim um projeto de Brasil. E começa pondo um z no nome, como um dia quiseram botar o x na Petrobras. Parece que facilita a venda.

O link do original está no título.

Adesivo “PSDB a favor do Brazil” é distribuído em encontro sobre educação.

O encontro reuniu os pré-candidatos do PSDB à presidência da República, governadores José Serra (SP) e Aécio Neves (MG) em Natal.

Adesivos que grafavam a palavra “Brasil” com “z” foram distribuídos hoje (26) durante um seminário sobre educação que o PSDB promoveu em Natal.
Os adesivos “PSDB a favor do Brazil” foram grudados nas camisas das pessoas logo na entrada do hotel Praia Mar, e apesar do esforço do pessoal da organização, que circulava o hotel pedindo para que elas retirassem o adesivo, no final do evento muita gente ainda estampava o erro.
O encontro reuniu os pré-candidatos do PSDB à presidência da República, governadores José Serra (SP) e Aécio Neves (MG), além de secretários de Educação, deputados federais e senadores do DEM e PSDB.

André Baloco: O Globo ataca o Lula por dinheiro, mas dizer essa verdade pode afetar minha carreira de jornalista.

Segue, abaixo, o texto de André Balocco, com alguns grifos meus.

Além daquilo que ele quis dizer, o texto berra outra coisa, dita talvez sem intenção. Diz muito sobre a nossa liberdade de expressão, acho eu, a apreensão do jornalista em tratar de determnado tema. Textualmente, o jornalista diz que não sabe o resultado que dizer a verdade terá para a seu futuro profissional.

O link do original está no próprio títuko.

O que há por detrás dos ataques à imagem de Lula

26/09/2009 - 13:35 Enviado por: Andre Balocco

A verdade, bem, a verdade muitas vezes está escondida nos gestos, nos atos e quase nunca nas palavras. Hoje vou tratar de um tema bem espinhoso que, sinceramente, não sei bem em que irá resultar para meu futuro profissional. Mas a verdade está aqui, como sempre venho tentando fazer. Disse tentando, porque a verdade pode estar nas palavras também , mas nós podemos interpretá-las como desejamos, né?

Que manchete é esta que o Globo estampou hoje, sábado, em sua primeira página, senhores:
"ONU condena golpe mas não no tom que o Brasil queria".

Como assim, queridos companheiros da Rua Irineu Marinho, como assim não no tom que o Brasil queria? Gostaria de saber, melhor, de entender direitinho que negócio é este de tom. Ora, o mundo, o conselho de segurança formado pelas potências mundiais, condenou o cerco à embaixada brasileira e o golpe em Honduras e o pessoal do lado de lá vem tentando enxovalhar a imagem do Lula, mesmo que às custas de atingir a imagem do NOSSO Brasil? Façam-me o favor. Nos tempos do Doutor Roberto, pelo menos não era tão escancarado assim...se bem que teve aquele debate ente Lula e Collor, em 1989, magistralmente editado pelo hoje considerado genial Armando Nogueira.
Mas a verdade é uma só: as organizações Biscoitão (obrigado, amigo) estão revoltadas com a nova divisão do bolo publicitário que vem de de Brasília. Explicando de maneira sucinta: Há pouco, o novo senhor deste bolo percebeu que a divisão da verba publicitária do governo não seguia critérios de alcance de audiência, e que desta maneira as Organizações Biscoitão (obrigado, amigo) estavam faturando muito mais desta verba publicitária do que o 'Ibope' (no sentido figurado, tá?) indicava. Refizeram as contas e passaram a dar mais para a TV do Bispo Macedo, que de santo nada tem, diga-se de passagem. E começou o ataque. Pronto. Esta é a verdade.

Estou um pouco cansado, este negócio de blog suga muito a gente e meus dois filhos estão aqui em casa, me esperando para almoçar. Vou passar meu final de semana com eles e quero desligar um pouco de tudo, depois de 12 dias seguidos de tabalho. Na semana que vem, estarei em Curitiba, para conhecer melhor o sistema de transporte da capital paranaense e, quem sabe, trazer algumas ideias para o nosso combalido Rio. Um abraço e bom fim de semana.

sábado, 26 de setembro de 2009

Estadão: o método Serra de fazer política, segundo Chalita, um tucano de primeira hora.

Segue a entrevista do Estado de São Paulo, com grifos meus.

O original está aqui.

''Serra tem outra forma de fazer política''

Vereador sugere que governador está por trás de críticas à sua gestão na Educação: 'Acho muito feio tentar destruir pessoas'

Julia Duailibi

Dois dias após anunciar a saída do PSDB, no qual militou por 20 anos, o vereador paulistano Gabriel Chalita disse que não tinha espaço no partido por ser aliado do ex-governador Geraldo Alckmin. "As pessoas ligadas a ele têm muito pouco espaço neste PSDB", afirmou. O parlamentar, que se filiará na terça-feira ao PSB, aliado ao PT no governo federal, disse não estar preocupado com a vaga oferecida pela nova legenda para disputar o Senado em 2010. "Não é a questão do cargo. A questão é, dentro de uma agremiação partidária, você não ter voz alguma. Não tenho estômago para isso."

Chalita não vê "traição" em não apoiar a candidatura tucana. "Teria tranquilidade no campo das ideias de discordar de quem já fui aliado." Insinua que o governador José Serra está por trás de ataques à sua gestão na Educação, no governo Alckmin. "De repente, começou a surgir coisa de todos os lados. Escritor de autoajuda, fez biografia da Vanusa. De uma hora para outra. Começaram a tratar meus programas de educação de forma vulgar."

Abaixo, a entrevista concedida ontem, na Câmara Municipal paulistana.

Por que o sr. saiu do PSDB?
Olha, converso com lideranças do PSDB há algum tempo e tenho tentado encontrar espaço. Sinto que não tenho esse espaço. Tive uma votação significativa para vereador. Nunca fui chamado pelo diretório. As maiores bandeiras que defendo na educação, a escola de tempo integral e a abertura de escola no fim de semana, o conceito de pertencimento, isso se esvaziou em São Paulo. Não é uma crítica. Mas é um olhar que o PSDB tem.


Por que não teve espaço?
Algumas pessoas dizem que, naquele momento eleitoral que eu apoiei o Alckmin (na campanha de 2008), aquilo fez com que um grupo mais ligado ao Serra me olhasse como alguém mais carimbado, alguém que não pertencia ao grupo dele. Entendo que você, num partido, possa ter simpatia por uma ou outra pessoa. O que eu não entendo é você não aproveitar algumas pessoas que têm algo para contribuir. Tenho espaço de povo, de prefeitos do interior, mas não da cúpula do PSDB.

Por que acha que há resistência ao sr. do grupo ligado a Serra?
Eu não sou convidado para absolutamente nada. Tentei conversar com algumas pessoas ligadas a ele, dizendo que gostaria de somar no projeto. Sei que há muitas pessoas que o defendem na mídia e percebo os blogs que saem, o que falam. O presidente (municipal do PSDB) disse que não vai pedir meu mandato. Minha votação ajudou o partido e nunca faltei na Câmara, mas os recados que ouço são que, se alguém for pedir o mandato, é porque é um desejo do Serra.

Essa resistência viria de sua relação próxima com Alckmin ou de uma falta de afinidade pessoal?
Acho que é uma coisa pela relação com o Alckmin. Veja que o Alckmin tem 50% da intenção de voto e houve, aparentemente, um aceno de que seria o candidato a governador e logo depois um desmentido. Então eu sinto, digo por mim, que as pessoas ligadas a ele têm muito pouco espaço neste PSDB. A minha saída do PSDB não vai fazer com que pare de admirá-lo. Ele pediu para eu refletir mais. Não é a questão do cargo que vou disputar. A questão é, dentro de uma agremiação partidária, você não ter voz alguma. Não tenho estômago para isso.

Alckmin deveria sair do PSDB?
Acho que nossas histórias são diferentes. As raízes dele são muito profundas. Eu fui vereador, depois saí da política. Fiz carreira acadêmica e fui dirigir escola. Ele é um político 24 horas por dia. É incapaz de fazer qualquer artimanha ou planos no subsolo. Não tem essa postura. É incapaz de destruir a biografia de qualquer pessoa.

O sr. está falando do Serra?
O Serra tem outra forma de fazer política. Quando apoiei Alckmin à prefeitura, criou-se uma visão de que era contra o Serra. Não era contra ele. Mas aconteceu uma coisa estranha. Nunca tinha recebido críticas pela minha carreira acadêmica e intelectual na mídia. Pelo contrário. Era o rapaz do doutorado, do mestrado. De repente, começou a surgir coisa de todos os lados. Escritor de autoajuda, fez biografia da Vanusa. De uma hora para outra. Começaram a tratar meus programas de educação de forma vulgar. Não sei se foi ele que fez, mas foi uma coincidência. Você pode discordar politicamente, no campo das ideias. Mas acho muito feio tentar destruir pessoas na política.


O sr. se tornou crítico da gestão atual na área da Educação?
O ponto fundamental da minha visão foi ter respeito profundo pelos educadores. O erro foi muita crise na relação com professores. Vendeu-se a imagem de que professores não gostam de trabalhar, faltam demais. São inadequados, vagabundos.


O sr. acha que o eleitor vai entender deixar um partido às vésperas da eleição? Não é traição?
Acho que, quando a gente é sincero, o eleitor compreende.


O que acha da ministra Dilma?
Tive a melhor das impressões. Ela é criticada mais pelas qualidades que pelos defeitos. Nunca se falou da Dilma em nenhum escândalo de corrupção. Só que ela é brava e exigente.


O sr. daria palanque a ela?
Não sei se é ela que o PSB vai apoiar. A tendência está para o Ciro Gomes. Outra pessoa que quando criticam dizem: é destemperado. Mas ninguém disse que não é bom gestor.

Fará campanha contra Alckmin?
A gente não vai virar inimigo. Podemos até estar em lados diferentes numa campanha. Mas é uma questão para o ano que vem. Teria tranquilidade no campo das ideias de discordar de quem já fui aliado. Não enxergaria como traição. Está na hora de não fazer política com o fígado. Essa política de raiva e de perseguição é coisa antiga, da época do coronelismo.

Folha: O PSDB não tem projetos, diz Chalita.

Segue a entrevista publicada pela Folha.

O original está aqui, infelizmente, só para assinantes.

PSDB foi preconceituoso comigo, afirma Chalita.

Vereador mais votado do país, ex-tucano diz que nunca conseguiu ser recebido por Serra
Chalita vai se filiar na terça ao PSB, partido pelo qual Ciro Gomes busca concorrer à Presidência; plano de vereador é vaga no Senado

JOSÉ ALBERTO BOMBIG
DA REPORTAGEM LOCAL

Vereador mais votado de São Paulo na eleição de 2008, o escritor e educador Gabriel Chalita afirma que deixou o PSDB porque estava sem espaço no partido e nem sequer conseguia conversar com o governador do Estado, José Serra. Chalita se filiará ao PSB, da base de apoio a Lula e do deputado federal e presidenciável Ciro Gomes (CE), na terça-feira. Quer concorrer ao Senado:

FOLHA - Por que o sr. saiu do PSDB?
GABRIEL CHALITA - Na condição de vereador mais votado do Brasil, eu queria pelo menos ter sido respeitado pelo partido. Eu não fazia parte da Executiva nem do Diretório. Nunca me reuni com o governador Serra. Fui tratado de uma forma preconceituosa no PSDB. Tenho convicções e experiências de sucesso de quando fui secretário da Educação de São Paulo [2001-2006], como o programa Escola da Família.

FOLHA - E por que o PSB?
CHALITA - O Eduardo Campos [governador de Pernambuco do PSB] é um fenômeno. Eu gosto do Márcio França [deputado federal] e tenho fascínio pela Luiza Erundina [deputada federal]. Quando ela foi prefeita de São Paulo [1989-1992], colocou na educação o Paulo Freire [educador, 1921-1997] e nunca enriqueceu na política.

FOLHA - O sr. esteve com o ex-ministro José Dirceu (PT)?
CHALITA - Não tenho nada contra ele, mas nunca vi o José Dirceu pessoalmente na minha vida. Eu sempre tive uma boa relação com o PT. Não estou saindo para brigar com ninguém.

FOLHA - O sr. se dá bem com o Ciro?
CHALITA - Ele era um dos meus modelos quando estava no PSDB. Gosto muito. Ciro não tem nada de desonestidade e corrupção. Ele é combativo e defende suas causas.

FOLHA - O sr. tentou avisar o Serra de que estava deixando o partido?
CHALITA - Sim, mas todas as vezes que ele marcou comigo, ele acabou postergando. Não quero fazer parte de uma campanha sem fazer parte de um projeto. Eu sinto uma carência de projetos no PSDB. O Lula tem um projeto claro para o Brasil.

FOLHA - Qual sua relação com a ministra Dilma Rousseff?
CHALITA - Ela é intransigente na questão moral e, como o Ciro, tem a qualidade de ouvir as pessoas. Um governante ególatra faz coisas imprevisíveis.

FOLHA - E como fica sua relação com Geraldo Alckmin?
CHALITA - Do ponto de vista pessoal, não muda nada. Fui correto com ele, o procurei várias vezes para dizer que eu não tinha espaço no PSDB.

FOLHA - O sr. não teme que o PSDB tente retomar sua vaga na Câmara?
CHALITA - Espero que não, eu ajudei o partido na eleição.

Observatório da Imprensa: A irresponsabilidade da Folha não tem limites, diz Luiz Antonio Magalhães.

Segue o artigo, com muitos grifos meus.

O Original está aqui.


Uma barriga monumental

Por Luiz Antonio Magalhães em 22/9/2009

No último sábado (19/9), fez dois meses que a Folha de S.Paulo publicou, em edição de domingo e na primeira página, um dos maiores absurdos da história do jornalismo brasileiro, que pode ser conferido abaixo, na reprodução da capa daquele fatídico dia: "Gripe suína deve atingir pelo menos 35 milhões no país em dois meses", vaticinou a o jornal.

Este observador já escreveu sobre o assunto (aqui e aqui), o próprio ombudsman do jornal repreendeu a Redação, mas é preciso voltar ao tema para que os leitores tenham a exata dimensão da barbaridade publicada pela Folha em 19 de julho. Se de fato 35 milhões de brasileiros tivessem sido contaminados pela gripe suína – Influenza A (H1N1), no nome científico –, pela estimativa de letalidade publicada na imprensa (0,6%, em média), 210 mil brasileiros já deveriam ter morrido da doença. Até domingo (20/9), porém, foram notificadas exatas 1.031 mortes em decorrência da gripe suína. A cada ano morrem, da gripe "normal", cerca de 4,5 mil brasileiros, especialmente no inverno.

Sem limites

A verdade é que a Folha cometeu terrorismo ao levar para primeira página um título irresponsável e jornalisticamente inaceitável, como deu a entender o ombudsman do jornal. Uma reportagem como a que saiu no jornal que se arvora o mais importante do país serve apenas para disseminar o pânico, deixar a população amedrontada.

Agora, dois meses após o vaticínio, terá a Folha a coragem necessária para reconhecer o erro? Ou será que vai tudo passar em brancas nuvens, sem maiores esclarecimentos. Os leitores deste Observatório (e também os do jornal) já sabem: a gripe suína nem de longe infectou 35 milhões de brasileiros. E nem vai infectar, até porque a vacina já está praticamente pronta para ser aplicada em larga escala no país. O mínimo que o leitor do jornal merecia, portanto, é uma reportagem explicando por que o jornal cometeu um erro de avaliação tão grotesco. Uma notinha escondida na coluna "Erramos" não é suficiente para reparar o que saiu na primeira página de uma edição dominical.

No fundo, tal gripe suína foi mais uma grande cascata da imprensa, como o Ebola e certas "crises políticas" geradas no conforto das redações. A irresponsabilidade deveria ter limites. Na Folha, ao que parece, não há limites.

quinta-feira, 17 de setembro de 2009

BBC: Lula acertou ao falar em marolinha, diz o Le Monde.

Segue a matéria da BBC com alguns grifos meus.

O Original está aqui.

Lula teve 'visão correta' ao falar que crise era 'marolinha', diz 'Le Monde'

Medidas adotadas pelo Brasil diante da crise foram elogiadas pelo jornal

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva teve uma visão "bastante correta" ao dizer, no ano passado, que a crise no Brasil provocaria apenas uma "marolinha", diz artigo publicado no jornal francês Le Monde nesta quinta-feira.

O diário argumenta que a recessão no Brasil durou apenas um semestre, citando o aumento de 1,9% do PIB no segundo trimestre de 2009, após queda nos dois trimestres imediatamente anteriores, além da recuperação da Bolsa de Valores de São Paulo e do Real.

"A rápida recuperação do Brasil demonstra a precisão da estratégia adotada pelo governo e concentrada no apoio do mercado interno. As reduções de impostos a favor das indústrias de automóveis e de eletrodomésticos mantiveram as vendas nestes nestes dois setores cruciais", afirma o jornal, lembrando ainda que a confiança do consumidor brasileiro jamais chegou a ser abalada.

No artigo, intitulado "A retomada do crescimento mundial se baseia nos Brics", o Le Monde traça o panorama econômico dos países do grupo - Brasil, Rússia, Índia e China - um ano após a queda do banco Lehman Brothers, considerada o marco da atual crise financeira global.

Outros países

"É para os grandes países emergentes que se direciona hoje a esperança de que a fase de recuperação do nível de vida vai se acelerar. E que seus modelos de crescimento, até hoje essencialmente baseados nas exportações, vão progressivamente dar lugar a um novo modelo de desenvolvimento, garantindo mais importância à demanda interna", diz o jornal.

Sobre a China, o Le Monde afirma que a previsão de crescimento de 8% para o PIB de 2009 deve ser atingida, mas ressalta que o modelo econômico do país favorece o investimento em detrimento do consumo.

O diário francês lembra que a Índia conseguiu manter um crescimento sustentado, principalmente nos setores de indústria e serviços.

Já a Rússia, tida como o país mais atingido dos Brics pela crise, também parece estar se recuperando, de acordo com o Le Monde, com um aumento do PIB nos últimos meses.

quarta-feira, 16 de setembro de 2009

Bloomberg: a meta do Minha Casa, minha vida poderá ser atingida em 2011, diz o diretor executivo da Tenda

Segue a matéria, retirada daqui, em mais uma (péssima) tradução minha, com alguma ajuda do Google, e com alguns grifos meus.

Brasil pode alcançar meta de moradias para a baixa renda Homes em 2011, diz a Tenda.
Por Fabiola Moura e Verônica Espinosa
16 de setembro (Bloomberg) - O Brasil poderá atingir o seu objetivo de construir um milhão de casas para trabalhadores de baixa renda em 2011, quando termina o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, disse o diretor executivo da Tenda Construtora SA.


"A beleza do programa de governo é que, pela primeira vez, se fixou uma meta", Carlos Trostli disse em uma entrevista em Nova York. "Será muito difícil para alguém vir e parar um programa que está gerando empregos e aumentando a receita fiscal".


Lula anunciou, em 24 de março, um plano de gastar 34 billhões de Reais (18,8 bilhões de dólares) para a habitação de baixa renda, um negócio que representa mais de dois terços das vendas da Tenda. O Brasil terá eleições presidenciais em outubro de 2010.


A Habitação de baixa renda representará 88% da receita da Tenda no segundo semestre, Trostli disse. Construtoras brasileiras, incluindo a Gafisa SA, que detém 60% da Tenda, mais que dobraram os preços das ações este ano, enquanto os agentes políticos cortaram as taxas de juros para um patamar recorde e o governo anunciou o plano de estímulo de 34 bilhões de Reais.


A Tenda não vai seguir os seus rivais na venda de títulos ou de participação este ano, disse Trostli.


A Brookfield Incorporações SA, a Rossi Residencial SA e a PDG Realty SA Empreendimentos e Participações do Brasil estão entre as empresas do setor imobiliário que pretendem vender ações após o índice Bovespa aumentar 60% este ano, depois de uma queda recorde de 41% em 2008. O BM&FBovespa Real Estate Index subiu 185% em 2009.


As ações da Tenda subiam 0,8% na BOVESPA, para R$ 5,39, às 12:10, horário de New York.


A construtora baseada em São Paulo também planeja aumentar sua equipe de vendas em 10% este ano, enquanto a demanda se recupera.


’Crise de liquidez’

"Com a crise de liquidez, nós tivemos que reduzir o ritmo, mas agora estamos acelerando nossa evolução, a fim de entregar as unidades que vendemos", disse Trostli.


Caixa Econômica Federal, credor hipotecário estatal do Brasil, que controla 72% do mercado hipotecário brasileiro, planeja financiar um total de 400.000 unidades habitacionais em 2009 e "pelo menos" 400.000 em 2010, disse sua CEO, Maria Fernanda Ramos Coelho, ontem em Nova York. Ela tem agendada uma visita hoje a Freddie Mac e Fannie Mae, maiores empresas de financiamento hipotecário dos EUA.


"Hoje a Caixa realmente não é mais o gargalo para nós", disse Trostli. A Tenda tem mais de 20.000 unidades residenciais cujo financiamento está sendo analisado pela Caixa, ele disse.

Kanitz: o Brasil poderá crescer 11% no segundo semestre.

The Economist: Brasil teve recessão suave e pacote de estímulo barato, em comparação aos demais países do G-20.

Segue a matéria, retirada daqui, em mais uma (péssima) tradução minha, com alguma ajuda do Google, e com alguns grifos meus.

Último a entrar, primeiro a sair.

O Brasil é o primeiro país latino-americana a sair da recessão - e um dos primeiros entre os países do G-20 a fazê-lo – conforme expansão da atividade económica no trimestre de abril a de junho, de 1,9% em face do trimestre anterior. Considerando que o ambiente global continua a ser difícil e que o setor de exportação, portanto, continua a luta, a força da demanda interna impulsionou a economia para o início de uma recuperação.
A recuperação no segundo trimestre veio depois de dois trimestres consecutivos de retração (1% nos três primeiros meses de 2009 e 3,4% nos últimos três meses de 2008), que havia colocado o Brasil em uma recessão técnica. Esta recessão relativamente curta foi a primeiro no Brasil desde 2003. A rápida retomada econômica é imputável ao dinamismo da demanda interna, nomeadamente à despesa das famílias, que cresceu 2,1% no segundo trimestre. As exportações de bens de bens e serviços cresceram 14,1%, enquanto as importações aumentaram 1,5%; o consumo do governo cresceu pouco, 0,1%, enquanto o investimento bruto ficou estável.

Encolhimento anual

Na comparação com o ano anterior, a economia ainda se contraiu (1,2% em relação ao segundo trimestre de 2008), embora ritmo mais lento do que o encolhimento de 1,8% registado no primeiro trimestre. O consumo privado aumentou 3,2% em termos homólogos (face a apenas 1,3% no primeiro trimestre). No entanto, os gastos do governo aumentaram apenas 2,2%, o menor aumento de mais de três anos. O investimento continuou a cair, com a formação bruta de capital fixo 17% abaixo ao ano anterior (a contração mais acentuada desde a série de dados começou em 1996). As exportações de bens e serviços diminuíram 11,4%, aliviando a queda de 15,2% do primeiro trimestre. No entanto, as importações caíram de forma mais acentuada, de 16,5% em comparação com uma queda de 16% no primeiro trimestre.


Drivers Doméstica

Ainda assim, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, destaca o fato de que o Brasil foi uma das últimoas grandes economias a entrar em recessão em 2008, e um das mais rápidas a saltar para fora dela. Isso testemunha, diz ele, os fortes fundamentos macroeconômicos do Brasil e a eficácia das políticas fiscal e monetária. Ele espera que a recuperação acelere no terceiro e quarto trimestres: frente ao encolhimento de 1,5% do PIB no primeiro semestre de 2009 em relação ao mesmo período do anos anterior, ele espera um crescimento de 3,5% no segundo semestre. Isto traria um crescimento de 1% no ano todo.
O resultado do segundo trimestre foi um pouco mais forte do que a Economist Intelligence Unit esperava. Em consequência, agora vemos um crescimento do PIB próximo de zero para o ano, no lugar de nossa projeção mais recente de uma contração de 1%. Considerando uma ligeira recuperação global, a taxa de crescimento do Brasil ganhar força em 2010, reforçada pelo impulso às despesas das famílias, pela flexibilização da política monetária e menor inflação. Isso irá contribuir também para uma recuperção (parcial) do nível de investimento em 2010, apoiado também por uma mudança no ciclo de inventário. A despesa pública vai se intensificar com a aproximação da eleição presidencial de outubro 2010. Atualmente, prevemos que o PIB real irá expandir-se 3,3% em 2010, embora esta previsão esteja abaixo da expectativa atual da Fazenda, de un crescimento de de 4% ou melhor.

Bastante resistente


A suavidade da recessão brasieleira, que é especialmente notável considerando a elevada base de comparação, também reflete o alto grau de diversificação da economia e dos parceiros comerciais, bem como a solidez do sistema financeiro. O último amorteceu o Brasil das consequências da crise financeira mundial que atingiu o ano passado. E mesmo que as exportações caído significativamente, eles representam apenas 13% do PIB, uma parcela muito menor do que na China, Japão e Alemanha (onde as exportações atingem cerca de 40% do PIB). Consequentemente, o impacto da desaceleração da demanda global tem sido mais lento para o Brasil.
De fato, vários bancos e agências de risco de crédito têm apontado para a resiliência do Brasil aos choques externos como a razão para manter as suas relativamente positivas classificações de crédito. A Standard & Poor's e a Fitch atribuiram grau de investimento à dívida soberana do Brasil, e a Moody's está considerando a possibilidade fazer a mesma classificação.
Além disso, mesmo o governo tendo implementado medidas contra-cíclicas, o custo delas foi muito grande. Segundo o Sr. Mantega, elas teriam custado o equivalente a 1-1,5% do PIB, contra 13% do PIB para a China e 6,7% do PIB para os EUA. As medidas de estímulo incluiram sete meses consecutivos de cortes na taxa de juros, levando a taxa básica a um piso recorde de 8,75% (um ciclo de flexibilização que parece ter acabado por agora); benefícios fiscais para aquisição de automóveis, bens de consumo duráveis e eletrodomésticos; e reforço do crédito fornecido pelos bancos estatais de desenvolvimento.
Dado o custo relativamente baixo do pacote de estímulo, a economia e a situação fiscal do Brasil estarão em melhor forma do que as de muitas outros países do G-20 no próximo ano. Sr. Mantega acredita que o estímulo fiscal corrente terá o seu curso até o final deste ano, altura em que a economia terá o seu ritmo de crescimento próprio e não será renovada a necessidade de apoio fiscal.
A rápida recuperação do Brasil também será uma boa notícia para outros países vizinhos da América Latina, cujas economias estão estreitamente integradas com a do gigante da América do Sul. Argentina, em particular, pode ver ampliada a demanda por suas exportações. O setor automotivo do Brasil, por exemplo, está ligado ao da Argentina, e tem experimentado desempenho saudável nos últimos meses.

terça-feira, 15 de setembro de 2009

Valor Econômico: Brasil vive fase de febre de negócios.

Seguem alguns trechos do longo material do Valor Econômico.

A cópia copiada, na íntegra, está aqui.

Brasil vive fase de febre de negócios .

Ricos e pobres, do Sul e do Norte, querem negociar com o Brasil

Autor(es): Marta Watanabe

Valor Econômico - 15/09/2009

Trem-bala, construções para a Copa do Mundo, petróleo do pré-sal, oportunidades no Nordeste ou Ano da França no Brasil. Mudam as razões mais imediatas, mas o discurso é muito parecido. "Nunca houve tanto interesse pelo Brasil" é uma frase que hoje é muitas vezes ouvida de integrantes de câmaras de comércio e de representantes de órgãos governamentais que buscam fomentar as relações bilaterais entre o Brasil e um terceiro país. A crise e seu impacto na corrente de comércio do Brasil com os demais países não afetou a intensa agenda com eventos e rodadas de negócios das câmaras de comércio. Ao contrário, fez ela se intensificar.

Há duas semanas o Estado do Espírito Santo sediou o Encontro Econômico Brasil-Alemanha. Estavam agendadas previamente para o evento 67 reuniões de negócios, que saltaram para 180 em função da demanda. Neste ano devem desembarcar no Brasil representantes de 500 empresas francesas para cerca de 40 eventos agendados para 2009. A ideia, segundo divulgação do governo francês, é, paralelamente às comemorações culturais do ano da França no Brasil, promover também as relações comerciais entre os dois países. A Câmara de Comércio França-Brasil contabilizou de janeiro a julho deste ano 256 consultas de empresas interessadas em investir ou vender para o Brasil. A estimativa da câmara é que serão ultrapassadas as 340 empresas que fizeram consultas no ano passado.

(…)

Os eventos do centro, que no ano passado reuniram pouco menos de mil pessoas, ficaram mais concorridos. Devem atrair este ano cerca de 3 mil participantes. Segundo Janet, neste ano, além das missões, destacam-se também a recepção de autoridades que representam outros países. "Está todo mundo se movimentando para girar a economia", define.

A coordenadora chama a atenção para novos países que passaram a mostrar interesse no Brasil. "Este ano tivemos a vinda de países novos, como Vietnã, Índia e Dinamarca." Para Janet, o assédio estrangeiro está mais intenso do que o movimento dos brasileiros para fora do país. "O número de missões de empresários brasileiros ao exterior com apoio da Fiep manteve-se estável", explica. No ano passado foram 17 missões. Em 2009, um total de 19.

Alessandro Teixeira, presidente da Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex), diz que o órgão recebeu neste ano até agora um volume de consultas 40% maior do que do ano passado por empresas querendo investir no país ou comprar produtos ou serviços brasileiros. A diversificação dos países interessados teve grande influência no aumento. "Rússia e México, por exemplo, sempre tiveram interesse no Brasil, mas agora estão vindo de forma mais concreta, com uma pauta mais forte", lembra. Para ele, além do bom desempenho da economia brasileira em meio à crise mundial, contribuiu para o assédio internacional uma exposição maior do país no exterior. "Até 2006 fazíamos uma média de 500 exposições fora do país, entre missões comerciais e participação em feiras. Em 2009, serão cerca de 745", contabiliza.

Ele esclarece que o nível de investimentos diretos no Brasil deve cair em 2009 em relação ao ano passado. "Mas no Brasil a queda deverá ser um pouco menor dos que a média de 40% esperada para o resto do mundo", diz.

(…)

"Também havia interessados em máquinas e equipamentos para a cadeia petrolífera, trem de alta velocidade, turismo, saúde e produtos de energia solar", diz Plõger, dando uma ideia da variedade de segmentos que têm despertado o interesse das empresas alemãs. Segundo ele, as rodadas de negócios foram em volume três vezes maior do que o inicialmente agendado "Houve uma contaminação dos alemães pelo otimismo brasileiro", acredita. "Creio que este ano os investimentos alemães no Brasil vão superar os US$ 2 bilhões."

Para Louis Bazire, presidente da Câmara de Comércio França-Brasil, é o otimismo em relação às perspectivas da economia brasileira o que tem prevalecido no interesse das empresas francesas. Para ele, o ano da França no Brasil criou oportunidades de eventos para gerar novos negócios, mas o interesse independe dessa comemoração cultural. "Dentro do mundo, o Brasil está sendo considerado como um dos melhores lugares para vender e investir", diz.

(…)

Valor Econômico: para 75% das pessoas, no governo Lula, não houve crescimento da corrupção, mas sim do combate a ela, diz pesquisa do Vox Populi.

Segue a matéria publicada pelo Valor Econômico, com alguns grifos meus.

Antes, porém, ressalto alguns dados da mesma pesquisa, publicados na Carta Capital desta semana.

Ali, por exemplo, descobre-se o seguinte: ao contrário do que sugeriria o tão propalado mito da compra de popularidade pelo governo via programas sociais, a percepção de que, aumentou não a corrupção, mas o combate a ela, é maior na região Sudeste que no Norte e Nordeste.

Outro dado interessante, e triste, se refere à confiança na imprensa. Segundo a pesquisa, em 2008, 60% das pessoas acreditavam na imparcialidade da imprensa. Naz pesquisa atual, apenas 42% dos entrevistados indicaram a mesma crença, enquanto 39% disseram que a mídia costuma ser parcial.

O original da matéria do Valor, ou, no caso, a cópia copiada, está aqui.

Denúncias saturam opinião pública.

Autor(es): César Felício

Valor Econômico - 11/09/2009

Em um ano em que a profusão de casos de corrupção no noticiário manteve-se em alta, a opinião pública brasileira mostra sinais de exaustão com o tema, segundo pesquisa com 2,4 mil entrevistados feita em julho pelo instituto Vox Populi, sob a coordenação dos professores Leonardo Avritzer e Fernando Filgueiras, da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), onde são responsáveis pelo Centro de Referência do Interesse Público.

Reduziu-se de 54% para 39% os pesquisados que consideram que a corrupção "aumentou muito" nos últimos cinco anos e de 77% para 73% o de pesquisados que classificam o tema como "muito grave", em relação ao levantamento feito em maio do ano passado. Na faixa com renda acima de 10 salários mínimos, a redução da classificação "muito grave" foi de 90% para 84%. Na que recebe até um salário mínimo, houve uma queda nesta faixa de 69% para 64%.

"A corrupção sempre é percebida como um problema da esfera pública, e não privada. E neste sentido, há uma percepção de maior atuação das instituições de controle, como Polícia Federal, controladorias e tribunais de contas. A sucessão de escândalos começa a ser vista como esperada", disse Filgueiras.

E mesmo a atuação das instituições de controle começa a ser vista com desconfiança: na pesquisa do ano passado, 86% dos entrevistados avaliaram a atuação da Polícia Federal como positiva e 55% afirmaram que a instituição não ultrapassava limites legais para fazer suas investigações. Desta vez, ainda que o percentual de avaliação positiva da PF tenha praticamente se repetido, a maioria absoluta dos pesquisados afirmou que a instituição, às vezes, pode transgredir as leis ao apurar eventuais delitos.

Ao longo do ano passado, a PF atravessou uma crise decorrente da Operação Satiagraha, comandada inicialmente pelo delegado Protógenes Queiroz, que resultou na prisão do banqueiro Daniel Dantas, entre outras personalidades. Dantas foi beneficiado por dois habeas corpus concedidos pelo presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Gilmar Mendes, Protógenes afastou-se das investigações com seus métodos de atuação sob suspeita e ingressou na vida partidária.

A mesma situação acontece com o Legislativo. Em 2008, 48% dos pesquisados afirmaram que deputados e senadores poderiam pisar no arcabouço legal ao investigar os integrantes do Executivo. Agora, a maior parte dos pesquisados disse acreditar nesta possibilidade.

A pesquisa da Vox Populi-UFMG não chegou a medir o grau de conhecimento dos pesquisados sobre a onda de denúncias contra o presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), que, ao lado dos questionamentos sobre a atuação da Petrobras, dividiu o noticiário de escândalos neste ano. Mas foram detectados indícios de que a imagem do Legislativo conseguiu se tornar ainda pior do que já estava.

Em 2008, instados a atribuírem notas de zero a dez em instituições e grupos, sendo a nota máxima o maior grau de corrupção e a nota mínima o menor, os pesquisados consideraram as Câmaras de Vereadores como o órgão mais corrupto, com nota 8,36. A Câmara dos Deputados vinha em segundo, com 8,34; as prefeituras em terceiro, com 8,07; e o Senado em quarto, com 8,02. Agora os deputados pularam para o primeiro lugar, com 8,54, e os senadores os escoltam em segundo, com 8,43.

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva permanece, assim como na pesquisa de 2008, relativamente blindado da associação com escândalos. A Presidência da República caiu do 7º para o 12º posto entre as instituições com maior nota de corrupção. E permaneceu igual o percentual dos pesquisados que acredita que o que cresceu no governo Lula não foram os casos de corrupção, mas a apuração dos escândalos: 75% das entrevistas. Apesar disso, ao contrário do que ocorreu em 2009, o número de entrevistados que acredita que os escândalos do momento guardam alguma relação com o governo federal é ligeiramente maior do que os que não veem relação.

Tanto para Avritzer como para Filgueiras, os resultados da pesquisa deste ano são um indicativo de que o tema da corrupção, ainda que atraia a atenção da mídia e seja considerado grave ou muito grave pela grande massa da população, continuará não sendo um fator para a determinação do voto.

"No Brasil o corte partidário entre denunciantes e denunciados impede que esta questão seja determinante em termos eleitorais. A denúncia à corrupção usualmente é vista como uma ferramenta de setores conservadores para um ataque ao Estado, e não como uma proposta de reforma", afirmou Avritzer, para quem a eleição de Fernando Collor, em 1989, foi o último momento em que o combate à corrupção foi o elemento central de uma campanha bem sucedida. "E a evidente contradição entre a plataforma de Collor e o que representaram seus governos fizeram com que o discurso moralista perdesse audiência na cena eleitoral", afirmou. Collor foi o primeiro chefe de Estado no mundo a ter um processo de impeachment aprovado pelo Legislativo, em 1992.

Avritzer e Filgueiras chamam atenção para o fato de mais de 50% dos pesquisados afirmarem concordar inteiramente com a necessidade de leis mais duras contra a corrupção, um dado já presente na pesquisa do ano passado. "A sensação de impunidade leva à defesa de leis cada vez mais severas, em um círculo virtuoso. Este, ao contrário do que se poderia imaginar, não é um processo por si positivo. Termina por engessar o poder público e a sociedade em um conjunto de normas cerceadoras", afirmou o cientista político.

Avritzer citou que a própria pesquisa realizada pela Vox Populi só se tornou possível graças ao apoio financeiro da Fundação Konrad Adenauer, vinculada ao CDU, o partido de centro-direita alemão. "Se fosse seguir o trâmite de uma instituição pública, uma pesquisa como essa não teria viabilidade, dado o grau de controle existente ", comentou Avritzer. O professor vê de maneira auspiciosa as propostas que endureçam o processo e a execução penal. "O conceito de presunção de inocência deveria ser relativizado para os que concorrem a cargo eletivo, caso exista condenação judicial em primeira instância", sugeriu.

Terra Magazine: “o Brasil conseguiu digerir” a crise global e volta ao dinamismo que a antecedeu, diz professor da Unicamp.

Segue artigo publicado pelo Terra Magazine, com alguns grifos meus.

O original está aqui.

O fim da recessão

Julio Gomes de Almeida
De São Paulo

Aquela crise iniciada a nível global há precisamente um ano atrás, o Brasil conseguiu digerir. Mais do que isso, ao que tudo indica a economia do país voltou ou está a caminho de voltar a desfrutar do dinamismo que antecedeu a crise, exceto no que diz respeito às exportações que já estão melhorando, mais porque caíram muito desde o início da crise e não porque está sendo recomposta a capacidade brasileira de abastecer mercados externos, especialmente no caso de produtos manufaturados.

Isso significa dizer que se não houver outra "rodada" da crise internacional, o mercado interno brasileiro que já vinha sustentando o crescimento econômico do país voltará plenamente a exercer esse papel.

É reconhecido a importância de estabilizadores que ajudam amortecer as oscilações da economia brasileira e que serviram para suavizar o contágio à crise internacional. Esta teria tido um impacto maior, caso não operassem esses estabilizadores que dão sustentação, sobretudo, ao setor de serviços. No caso, por exemplo, de "administração, saúde e educação públicas", um segmento de serviços que representa 14% do PIB total brasileiro e é integralmente estatal, a trajetória foi de crescimento ininterrupto.

Daí que o setor de serviços tenha declinado pouco no último trimestre do ano passado (-0,5%), enquanto a economia brasileira assistia a um declínio do PIB de 3,5%. Também explica o desempenho positivo nos trimestres seguintes, de 0,6% no primeiro trimestre e de 1,2% no segundo trimestre.

A despeito desses estabilizadores e do desempenho todo peculiar de serviços, a recuperação do crescimento do PIB no segundo trimestre de 2009 com relação ao primeiro (1,9%), que simboliza o fim da recessão para economia brasileira, o decisivo determinante foi a recuperação da indústria.

Nesse caso, o crescimento real foi de 2,1% após dois trimestres anteriores de quedas muito fortes (-3,2% e - 8,0%). Em outras palavras, se o setor de serviços serviu como um "escudo" contra a crise, a economia brasileira teve na reativação da indústria o fator determinante de sua saída da crise no segundo trimestre de 2009.

E a melhora do setor industrial veio da performance que o país soube preservar em seu mercado interno. Em parte, porque adotou medidas de redução de impostos que beneficiaram amplas cadeias produtivas e, por outro lado, porque não voltou atrás em programa de investimento público e de complementação da renda.

Deve ser sublinhado que o avanço muito elevado das exportações de bens e serviços no segundo trimestre de 2009 (+14,1%) foi capturado quase exclusivamente pelas vendas externas de produtos básicos, beneficiando muito pouco os produtos manufaturados. É provável um aumento parcial das vendas externas de manufaturas nessa segunda metade do ano, se for mantido o retorno ao crescimento das economias centrais. Mas, no período em tela, o mercado externo pouco contribuiu para a retomada da indústria.

O investimento também ainda não contribui positivamente. No trimestre, teve um crescimento zero, o que não deixa de ser um resultado positivo porque sugere que a inversão no país já caiu tudo o que tinha que cair com a crise internacional. Os declínios foram de 12,3% e 9,1%, e é possível que sejam apurados índices positivos já no terceiro trimestre. Mas, o alto índice de ociosidade da indústria faz crer que uma recuperação mais efetiva da inversão do investimento venha a tardar um pouco mais, apresentando-se somente no ano que vem.

Do lado do gasto, o consumo das famílias sustentou a recuperação, com variação no segundo trimestre de 2009 (+2,1%) substancialmente superior ao primeiro trimestre (+0,6%) e ao terceiro trimestre do ano passado, quando houve recuo de 1,4%.

Ajudaram nesta recuperação do consumo a relativa preservação do emprego em setores não industriais e a evolução menor, porém, ainda positiva do rendimento real das pessoas em parte decorrente de políticas como o Bolsa Família e aumento do salário-mínimo. No entanto, foi o retorno do crédito das famílias a mais relevante fonte da mudança. Como é de se esperar a continuidade do afrouxamento da restrição do crédito nos meses finais desse ano, o consumo familiar deverá manter essa direção positiva, mesmo que o governo exerça o seu plano de retirada dos incentivos fiscais para os setores produtivos.

Júlio Gomes de Almeida é professor da Unicamp e ex-secretário de Política Econômica do Ministério da Fazenda.

sábado, 12 de setembro de 2009

Portal Exame: quem colocou o pé atrás vai ter que correr para não perder mercado, diz presidente da TAM.

Segue a matéria do Portal Exame, com alguns grifos meus.

O original está aqui.

TAM avalia que crise acabou e retomará investimentos

11 de Setembro de 2009 19:15

O presidente da TAM, David Barioni Neto, afirmou hoje que a expansão de 1,9% do PIB brasileiro no segundo trimestre de 2009 confirma que o País está retomando o caminho do crescimento e mostra que foi acertada a decisão da empresa, tomada em outubro do ano passado, de manter investimentos de US$ 6,9 bilhões para a compra de 22 novos aviões da Airbus, modelo A350, com entregas previstas para o período entre 2012 e 2018. "A nossa leitura realmente é de que a crise já acabou e que vamos agora começar a colher melhores resultados", afirmou, dizendo-se otimista em relação ao atual cenário.

Barioni destacou ainda que a aposta da empresa era de que quem mantivesse investimentos sairia da crise mais fortalecido. "Quem colocou o pé atrás vai ter que correr para não perder mercado agora", avaliou.

O executivo lembra que investimentos estratégicos foram mantidos, mas outros aportes, que poderiam ser retomados com maior facilidade, foram adiados no pico da crise. Segundo ele, esses investimentos em tecnologia da informação, mudança da sede da empresa, além da reforma interna das aeronaves, voltam agora à pauta de decisões da companhia. "Já está na hora de retomarmos esses investimentos", disse.

O executivo lembra ainda que a empresa revisou sua previsão de crescimento de demanda para o mercado interno como um todo em 2009 de uma faixa de 1% a 5% para um intervalo de 7% a 10%. Barioni ressalta que as companhias aéreas brasileiras registraram crescimento de 25,68% no fluxo de passageiros transportados no País em julho, em relação ao mesmo período do ano passado, o maior crescimento da aviação em um só mês. "Desde que trabalho na aviação não me lembro de ter visto um crescimento dessa ordem em um único mês", destaca.

Barioni ressalta ainda que o crescimento expressivo de julho mostra que a vitalidade da economia voltou e que as pessoas não têm mais medo de comprar a prazo ou de perder o emprego, o que é bom, uma vez que mostra o retorno da confiança do consumidor.

sexta-feira, 11 de setembro de 2009

Valor Econômico: por seu tamanho, as reservas do pré-sal são atrativas mesmo com o novo marco regulatório, diz agência internacional especializada.

Segue a matéria, creditada ao Valor Econômico pelo Minaspetro, de cujo site foi tirado o original (ou a cópia copiada), que está aqui.

AIE avalia que interesse de estrangeiros supera restrições

Com tanto petróleo em jogo e o acesso a reservas inexploradas sendo frequentemente restringidas em outros países, a camada do pré-sal brasileiro continuará a atrair as companhias internacionais de petróleo mesmo se o regime de exploração que foi definido em projeto a ser votado pelo Congresso Nacional favorecer o Estado.

É o que diz a Agência Internacional de Energia (AIE), entidade dos países industrializados, que em seu relatório periódico sobre a situação do petróleo analisa as propostas do governo Luiz Inácio Lula da Silva que poderão determinar como "presumíveis" 50 bilhões de barril ou mais de petróleo recuperável serão produzidos na "mais recente e mais significativa fronteira do óleo desde o desenvolvimento no Cáspio".

Destaca que, enquanto o governo moldou o regime de exploração como um "novo dia de independência do Brasil", observadores indagam se o modelo poderia dificultar um desenvolvimento rápido e lucrativo das reservas e restringir o acesso a uma "das poucas oportunidades atrativas nas quais as companhias internacionais de petróleo podem investir".

Para a AIE, uma preocupação é de que o atual ambiente de concorrência possa sofrer "mesmo que a Petrobras seja amplamente admirada por seu rápido desenvolvimento na exploração offshore de petróleo em recentes anos". Lista também temores de que o crescente papel do governo resulte em interferência política nas decisões operacionais. E que o atual regulador de energia, a Agência Nacional de Petróleo (ANP), seja escanteada pelo maior papel do Ministério de Minas e Energia, Petro-sal e Conselho Nacional de Política Energética (CNPE).

Na avaliação da agência dos países industrializados, em todo caso, o maior peso do Estado servirá sobretudo para garantir que a exploração das gigantescas reservas do pré-sal seja gradual, e portanto mais lenta, comparado com um sistema no qual considerações do mercado e de companhias dominariam a velocidade do desenvolvimento, e do declínio, da produção.

A AIE diz que "outros observadores" detectaram imperativos políticos, antecedendo a eleição presidencial do ano que vem, na pressa do governo para aprovar as propostas no Congresso.

Mas constata que a camada do pré-sal é tão grande que continuará atraindo as petroleiras. Nota que elas já são ativas no Brasil e contribuíram para o recente crescimento da produção. Exemplifica que Chevron e Shell começaram neste verão a produção nos seus campos de Frade e Parque das Conchas, que vão resultar em 80 mil e 100 mil barris por dia, respectivamente. BG e Galp compartilham com Petrobras o campo de Tupi, o primeiro campo do pré-sal a ser explorado.

Assim, "apesar do potenciais soluços regulatórios", as reservas do pré-sal deverão ser um dos sustentáculos principais para o crescimento da produção em países não membros da Opep, o cartel do petróleo, conclui a AIE.

BBC: com uma das maiores recuperações, Brasil sai da recessão, enquanto EUA, União Européia e México mantém redução do PIB.

Segue a matéria da BBC Brasil.

O original está aqui.

Brasil tem uma das maiores recuperações pós-recessão; veja dados

Fabrícia Peixoto

Da BBC Brasil em Brasília

O crescimento da economia brasileira, de 1,9% no 2º trimestre, representa um dos melhores resultado entre os países que estavam em recessão, segundo dados da agência de classificação de risco Moody's e da OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico).

A maior recuperação do trimestre foi registrada pela Turquia (+ 2,7%), onde a economia encolheu durante quatro trimestres consecutivos. No Brasil, no entanto, foram dois.

Entre os países desenvolvidos, o que mais cresceu no 2º trimestre, em comparação ao 1º trimestre do ano, foi o Japão, com alta de 0,9%. O país vinha apresentando um PIB (Produto Interno Bruto) negativo desde o 2º trimestre de 2008, antes mesmo do agravamento da crise, em setembro do ano passado.

“O Brasil não apenas ficou pouco tempo em recessão, como também apresentou um dos maiores crescimentos no trimestre”, diz Alfredo Coutinho, diretor para América Latina da Moody’s.

Enquanto no Brasil o crescimento foi puxado pelo consumo interno, no caso japonês o resultado foi impulsionado pela demanda externa, principalmente da China, e por maiores gastos do governo.

Clique Leia também na BBC Brasil: Economia brasileira cresce 1,9% no 2º trimestre e sai de recessão

Europa

Alemanha e França também já tiraram o pé da recessão técnica, caracterizada por dois trimestres consecutivos de queda no PIB. As duas economias cresceram 0,3% cada.

Apesar do crescimento desses dois países, a União Europeia como um todo ainda se encontra em recessão. A economia do bloco encolheu 0,2% no 2º trimestre.

Uma das razões está no consumo das famílias. Com o aprofundamento da crise, os europeus deixaram de comprar. Investimentos e exportações também continuam negativos.

A Grã-Bretanha, um dos países mais afetados pela crise financeira internacional, registrou uma queda de 0,7% do PIB no 2º trimestre.

Américas, Índia e China

Pelo levantamento da Moody’s, o Brasil é o primeiro país da América Latina a sair de uma recessão neste ano.

Chile e México, dois dos principais países da região, ainda estão com dados negativos. O PIB chileno caiu 0,5% no 2º trimestre, enquanto o México registrou resultado ainda pior: queda de 1,1%.

Os Estados Unidos, foco da crise atual, continuam em recessão. A economia americana vem encolhendo desde o 3º trimestre do ano passado.

No 2º trimestre deste ano, o PIB dos Estados Unidos caiu 0,3% em comparação aos primeiros três meses de 2009.

Enquanto isso, China e Índia seguem em crescimento. O ritmo da expansão diminuiu, mas os dois países estão entre os poucos do mundo que não entraram em recessão.

No 2º trimestre deste ano, a economia chinesa cresceu 7,9% em comparação ao 2º trimestre de 2008, enquanto a Índia cresceu 6,1%.

Segundo Alfredo Coutinho, no entanto, os dados desses dois países, assim como os da Rússia, não consideram a sazonalidade e, portanto, não são comparáveis com a maioria dos países.

PIB do 2º trimestre de 2009 (comparado ao 1º trimestre*)

Saíram da recessão: Turquia: + 2,7%; Brasil: + 1,9%; Japão: + 0,9%; Polônia: + 0,5 %; Alemanha: + 0,3%; França: + 0,3%; Israel: + 0,3%

Quem ainda está em recessão: México: - 1,1%; Canadá: - 0,9%; Grã-Bretanha: - 0,7%; Chile: - 0,5%; Estados Unidos: - 0,3%; União Europeia: - 0,2%

*Com ajuste sazonal Fonte: OCDE e Agência Moody’s

quinta-feira, 10 de setembro de 2009

UOL: não há indícios de envolvimento de traficantes nos protestos em Heliópolis, diza polícia civil.

Segue a matéria do Uol, com um grifo meu.

O original está aqui.

Delegado nega que traficantes tenham ordenado protestos em Heliópolis

Guilherme Balza
Do UOL Notícias
Em São Paulo

O delegado do 95º DP (Cohab Heliópolis), Gilmar Pasquini Contrera, afirmou que a polícia não tem qualquer informação de que o protesto realizado no dia 1º por moradores da favela de Heliópolis, na zona sul de São Paulo, foi ordenado por traficantes da comunidade.


A manifestação foi realizada após a morte de Ana Cristina de Macedo, 17, atingida por uma bala perdida no dia 31 de agosto, disparada por um guarda civil metropolitano de São Caetano (SP) durante uma perseguição a supostos criminosos que haviam praticado um roubo.


Durante o protesto, ao menos dois veículos e três ônibus foram queimados. Agentes do Grupo de Operações Especiais (GOE) e do Grupo de Repressão a Roubos e Assaltos (Garra), auxiliados por policiais militares e pela Tropa de Choque, foram enviados ao local para tentar conter a manifestação e entraram em confronto com os moradores, lançando bombas e atirando balas de borracha contra a população.

A PM afirmou que traficantes estariam por trás dos protestos, informação que o delegado contradiz. "Não temos qualquer informação de que o protesto tenha sido ordenado por traficantes. A manifestação dos moradores foi para protestar contra o uso indiscriminado de armas de fogo na comunidade", disse nesta quinta-feira (10).

O delegado recebeu hoje o laudo de Instituto de Criminalística (IC) comprovando que o guarda metropolitano Vicente Pereira Passos, 45, foi o autor do disparo que causou a morte da jovem. Ele será intimado a comparecer à delegacia amanhã para ser indiciado por homicídio culposo (sem intenção de matar), mas responderá em liberdade. No momento do disparo, Passos estava fora de sua jurisdição.

Segundo João Miranda, vice-presidente da Unas (União de Núcleos, Associações e Sociedades dos Moradores de Heliópolis e São João Clímaco), o protesto foi organizado por moradores revoltados com a morte da jovem. "Na favela, 99% é trabalhador e 1% mexe com droga. A manifestação foi conduzida pelos moradores de Heliópolis. Nós repudiamos a destruição de ônibus porque prejudica o trabalhador, mas o protesto foi legítimo", afirma.