Postagem do Blog do Nassif.
Incluí apenas links para os documentos citados por ele, da justiça e do Ministério Público, que derrubariam as matérias da revista.
Aqui, tem uma matéria do Valor Econômico, que esclarece que os fundos de pensão não perderam um tostão na Bancoop e diz, mais uma vez, que o promotor paulista não tem provas de suas acusações.
20/03/2010 - 08:53
O jogo ficou assim:
1. Veja informou que o Vaccari foi denunciado pelo doleiro (que ela chama de consultor financeiro) em um sistema de delação premiada. Deu como provas o relatório sigiloso do depoimento, que estaria no inquérito do “mensalão”. Só disse isso, não apresentou provas maiores. O leitor fica dependendo, então, de confiar na palavra do repórter. Pouco antes, noticiou que o promotor Blat pediria a quebra do sigilo de Vaccari, devido à suspeita de que tivesse havido desvios para financiamento de campanha. São duas denúncias sem apresentação de provas, baseadas exclusivamente na palavra de duas pessoas: do repórter e do procurador. O PT desmentiu, Vaccari desmentiu. Até aí, morreu Neves. É a palavra de um lado contra a do outro.
2. Aí vem o juiz – que recebeu o pedido de quebra do sigilo de Vaccari – e espinafra o promotor. Acusa-o de promover eventos puramente políticos, já que não havia nada que fundamentasse seu novo pedido. Ou seja, a palavra do promotor foi para vinagre.
3. Depois, vem a procuradora de São Paulo que colheu os depoimentos de Funaro. E garante que o nome de Vaccari sequer foi mencionado. Desmontou a palavra do repórter.
4. A revista volta ao tema esta semana, espinafra a defesa do PT, critica os que falam de “mídia golpista” mas sobre os desmentidos oficiais à matéria, nada. Fala sobre “evidências” na cobrança de propinas que já haviam sido desmontadas pelo juiz e pela procuradora – em informações que se espalharam por toda a Internet e por todas as redações do país. Depois do desmentido da procuradora, o jovem repórter Diego Escosteguy ficou sob suspeita de ter inventado uma matéria. Ele não pode simplesmente responder indignando-se com a não resposta do PT. Seu papel, agora, é mostrar as provas de que a matéria da semana passada não foi inventada, inclusive para não prejudicar uma carreira promissora.
Da Veja
O PT continua dando de ombros…
…e repete o mesmo erro visto no mensalão: ignora as evidências de que seu tesoureiro cobrava propina e decide mantê-lo no cargo
Na noite da última terça-feira, o lobista e deputado cassado José Dirceu, acusado pela Procuradoria-Geral da República de comandar a “organização criminosa” do mensalão, réu no Supremo Tribunal Federal por corrupção ativa e formação de quadrilha, celebrou seus 64 anos numa alegre festa em Brasília. Dirceu, o perseguido, aproveitou a tertúlia para anunciar sua enigmática convicção de que será absolvido no STF – e propôs um brinde especial ao novo tesoureiro do PT, João Vaccari Neto, apontado como um dos operadores do mensalão petista e, também, como responsável por desfalques milionários na Cooperativa Habitacional dos Bancários de São Paulo, a Bancoop. “Vamos defender nossos amigos dessas denúncias infundadas”, arengou o petista, observado de perto pelo presidente do Senado, José Sarney, e pelo senador Renan Calheiros, ambos do PMDB, políticos retos que, como Dirceu, conhecem bem esse tipo de “denúncia infundada”. Até o outrora discreto chefe de gabinete da Presidência, Gilberto Carvalho, foi às falas: “Não vamos aceitar linchamento sem provas”. O partido, portanto, está disposto a manter no cargo João Vaccari, o coletor de propina do mensalão junto aos fundos de pensão.
As declarações no convescote de Dirceu demonstram que o PT resolveu aplicar no caso de Vaccari a mesma tática belicosa que adota desde o começo do governo Lula sempre que surgem evidências de malfeitorias cometidas pelos companheiros. É uma estratégia rudimentar, na qual o partido se defende tão somente atacando os autores das denúncias – ou, ainda, o mensageiro delas: “a mídia golpista”. Essa atitude prepotente, de deprezo aos demais protagonistas do jogo democrático, serve ao propósito político de interditar o debate e a validade de quaisquer investigações, ignorando, assim, a substância objetiva das provas apresentadas ao público. A nota divulgada pelo tesoureiro na semana passada – em resposta às revelações de VEJA sobre os depoimentos sigilosos do corretor Lúcio Funaro aos procuradores que investigam o mensalão – ratifica isso. Nela, lê-se apenas que as denúncias visam a “influenciar o processo eleitoral”. Nada diz sobre os fatos. Ou seja, nega sem negar. Não nega que Vacca-ri recebeu o corretor e o deputado mensaleiro Valdemar Costa Neto na sede da Bancoop, no fim de 2004. Não nega que nesse encontro Vaccari explicou que, para fazer negócios nos fundos de pensão, era necessário pagar um pedágio ao PT. Não nega que, na conversa, Vaccari explicou que Funaro e Valdemar também deveriam pagar propina para participar dessas negociatas.
Ao desprezo pelos fatos seguiu-se a terceira linha de defesa do PT, na qual o partido procurou distanciar Vaccari do comitê da campanha presidencial de Dilma Rousseff. Ele é tesoureiro do PT, mas não cuidará das finanças da campanha, asseguram os articuladores do partido. Bobagem. Nem distância física existe. O provável comitê de campanha de Dilma funcionará no mesmo prédio da sede do PT, em Brasília. A partir de abril, quando deixará a Casa Civil para dedicar-se exclusivamente à campanha, Dilma será funcionária do PT. Seu salário sairá dos cofres administrados por Vaccari. Ao menos cinco assessores dela deixarão a Casa Civil e passarão a receber pelo partido. A sigla também bancará, naturalmente, toda a estrutura da caminhada eleitoral de Dilma até julho, quando a campanha começará oficialmente e o comitê poderá arrecadar doações. O partido estima que gastará entre 5 e 8 milhões de reais nesse período de pré-campanha. Tudo com a assinatura de João Vaccari – o homem que pedia comissão a empresários, segundo depoimentos em poder da Procuradoria-Geral da República.
Apesar da soberba petista, a oposição conseguiu, na semana passada, apro-var a convocação de Vaccari para depor numa CPI do Senado. O tesoureiro deve aparecer no Congresso nesta terça-feira, mas não há esperança de que ele se disponha a dar explicações. O promotor José Carlos Blat, que coordena as investigações do caso Bancoop, também irá. O corretor Lúcio Funaro foi convidado, mas não pretende depor. Ele disse a amigos que só quer testemunhar caso Vaccari desminta seu depoimento. “Que-ro ver se ele tem coragem de ir para uma acareação comigo”, desafiou Funaro. “O pessoal está tentando trazer 2005 para a eleição de 2010. Acho pouco eficaz”, disse a ministra Dilma Rousseff. Por “pessoal”, entenda-se adversários. Porém, ao eleger Vaccari como o novo tesoureiro do partido, foi o PT que levou o mensalão para o coração da campanha da ministra.
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