Aquela, lá embaixoo, é uma nota da página de apoio de Plínio de Arruda Sampaio.
Segundo ela e outras notas da página, a presidência do PSOL (leia-se, Heloisa Helena) e alguns correlegionários teriam retirado do ar o site do partido. A medida tomaria a gestão do site das mão da Secretária de Comunicação do partido, que, assim como a maioria dos filiados, apoiou outra candidatura à Presidência da República, e não a do escolhido pela Senadora e sua minoria.
Se o partido não faz o que eu quero, neste conceito bem peculiar de democracia, a solução é simples: eu imponho a minha opinião a força.
Isso me lembrou da eleição de 2002. Por um acaso, pude ouvir o discurso da Senadora Heloísa Helena no último comício feito por aqui no Rio. Ela berrava, para delírio de uma parte da audiência, que aquela história de Lulinha paz e amor e de Carta ao povo brasileiro seria, por assim dizer, para inglês ver; que, depois da eleição e posse, eles iriam ver...
Imediatamente, senti um certo regozijo, logo seguido por um gosto amargo na garganta. Seria isso mesmo? Os compromissos assumidos em campanha seriam simplesmente um palavrório sem valor? Seria o Lulinha paz e amor, menos radicalmente de esquerda, uma mera persona, criada para iludir o eleitor, que nunca o elegera na versão anterior?
Havia uma boa dose de questionamentos éticos naquele amargor, mas, acima de tudo, pairava a dúvida: onde está a democracia nesse comportamento? Fingir ser uma coisa, adotar certas idéias, para conseguir o voto dos eleitores, e depois agir com outros parâmetros condiz com o princípio democrático?
Não, claro que não - acho eu. Se a democracia pressupõe o governo do povo, por meio de representantes escolhidos por sua maioria, qualquer coisa que vicie esta escolha colide diretamente com o conceito.
No caso, vendia-se ao eleitor uma proposta de mudança, mas dentro de um quadro de respeito aos princípios e regras postas e no exercício de um governo de coalizão. Qualquer ruptura abrupta, portanto, acho eu, somente poderia ser vista como uma fraude: aquilo que se convencionou chamar de estelionato eleitoral.
Revelando, desde logo, o seu conceito de democracia, o que a Senadora propunha era o seguinte. Já que o povo, este ingrato, não compartilha as nossas idéias, a gente finge que concorda com a deles - e o Lulinha paz e amor faz a campanha. Depois, eleitos democraticamente, a gente impõe o nosso verdadeiro projeto.
Mas não deu certo. Talvez por acreditar num outro conceito de democracia, em que o povo faz suas escolhas e elas devem, dentro do possível e ao máximo do possível, ser respeitadas, a intenção do Lula parece que era outra. O Lulinha paz e amor, para desespero da Senadora Heloísa Helena, era de verdade.
Aí, ela deu mais uma prova do conceito peculiar de democracia que adota. Sem poder para tomar o partido para si, e, convenhamos, agindo razoavelmente dentro das regras, saiu do jogo com a bola embaixo do braço, e foi criar nova agremiação.
[OBS: recentemente, relendo isto, reparei que há, aqui, um erro. A Senadora não saiu do partido, mas foi expulsa. Mas não acho que isso afete o restante da "análise".]
Em seguida, entretanto, já que o governo parecia disposto a valorizar a escolha dos cidadãos que o elegeram, se juntou à pior direita para, democraticamente, tentar derrubá-lo em um golpe institucionalizado.
Agora, parte dos que trilharam esse caminho com ela, parece, provam, eles mesmo, o amargo sabor da democracia segundo Heloísa Helena.
Boa sorte, é o que lhes desejo.
Mas não deu certo. Talvez por acreditar num outro conceito de democracia, em que o povo faz suas escolhas e elas devem, dentro do possível e ao máximo do possível, ser respeitadas, a intenção do Lula parece que era outra. O Lulinha paz e amor, para desespero da Senadora Heloísa Helena, era de verdade.
Aí, ela deu mais uma prova do conceito peculiar de democracia que adota. Sem poder para tomar o partido para si, e, convenhamos, agindo razoavelmente dentro das regras, saiu do jogo com a bola embaixo do braço, e foi criar nova agremiação.
[OBS: recentemente, relendo isto, reparei que há, aqui, um erro. A Senadora não saiu do partido, mas foi expulsa. Mas não acho que isso afete o restante da "análise".]
Em seguida, entretanto, já que o governo parecia disposto a valorizar a escolha dos cidadãos que o elegeram, se juntou à pior direita para, democraticamente, tentar derrubá-lo em um golpe institucionalizado.
Agora, parte dos que trilharam esse caminho com ela, parece, provam, eles mesmo, o amargo sabor da democracia segundo Heloísa Helena.
Boa sorte, é o que lhes desejo.
26 de março de 2010
Diante da retirada do site oficial do PSOL do ar na madrugada desta quarta-feira, alguns militantes estão organizando uma campanha na internet para garantir a democracia interna do partido e a livre circulação de informações sobre a III Conferência Nacional Eleitoral. Nesta sexta-feira, a presidente nacional do PSOL, Heloísa Helena, e outros apoiadores da pré-candidatura de Martiniano Cavalcante publicaram uma nota assumindo a autoria da retirada unilateral da página. A iniciativa, ironica e contraditoriamente, é “justificada” pela “defesa da democracia no PSOL”. Acesse o site de iniciativa do militante Paulo Piramba: http://euqueromeupsoldevolta.blogspot.com/
Um comentário:
[p]D
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