Matéria do Estadão.
Desempenho brasileiro fica abaixo, porém, de outros países emergentes, como Argentina, China, Índia, Indonésia e Coreia do Sul
Mesmo com o desempenho negativo, marcado pelo recuo de 0,2% do Produto Interno Bruto (PIB), a economia brasileira teve um dos melhores desempenhos do Ocidente em 2009, se comparado com os demais membros do G-20. Entre as maiores economias da América Latina, só a Argentina, que cresceu 0,9%, foi melhor. Austrália e os asiáticos China, Índia, Indonésia e Coreia do Sul também tiveram desempenhos positivos, provando a boa resistência da região à crise financeira.
A comparação é baseada em dados parciais coletados pela Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico (OCDE) em institutos estatísticos das 20 maiores economias. Pelo ranking - que difere nos porcentuais, mas não nas tendências reveladas pela classificação apresentada ontem pelo Banco Central -, o PIB brasileiro é o sétimo melhor do G-20.
Pela ordem da OCDE, em 2009 a China apresentou o melhor desempenho, com 8,7%, seguida por Índia (5,6%), Indonésia (4,5%), Austrália (2,7%) e Coreia do Sul (0,2%).
A seguir, estaria a Argentina, que segundo o Instituto Nacional de Estatísticas (Indec) teria crescido 0,9% em 2009. Diversos institutos independentes, entretanto, estimam que o desempenho real da economia argentina teria oscilado entre -1,5% e -4% no ano passado.
Seguindo a lista, já aparece o Brasil e seu PIB de -0,2%, o primeiro país com desempenho negativo. Pior do que a economia brasileira foram África do Sul (-1,8%), França (-2,2%), Estados Unidos (-2,4%), Canadá (-2,6%) e o trio europeu Alemanha, Itália e Reino Unido, cujas estimativas indicam retrações de 5%.
Completam a lista a Turquia (-5,8%), o México (-6,5%) e a Rússia (-7,9%), este último o único dos países dos Brics a ter registrado desempenho pior que o do Brasil.
Holanda, Espanha, Polônia e Bélgica, todos membros convidados do G-20, também tiveram desempenhos inferiores ao brasileiro. À BBC Brasil, o diretor regional para a América Latina da Economist Intelligence Unit (EIU), Justine Thody, lembrou que o País não perderá - nem ganhará - posições no ranking mundial de maiores economias, mantendo-se na nona posição.
"Os mercados de capitais relativamente profundos do Brasil, bancos muito bem capitalizados e parceiros comerciais diversificados permitirão que o País continue a ganhar com a crescente demanda na Ásia e em outras regiões emergentes", analisou Thody.
Mesmo que as lições da recessão devam servir para prevenir novos choques econômicos, a OCDE propôs ontem, em Paris, que as economias que sofreram desaceleração passem da gestão da crise à ação em áreas como emprego, concorrência e arrecadação de impostos.
"Os países emergentes estão crescendo mais rapidamente do que a maior parte dos países da OCDE. Estamos satisfeitos pelo que eles têm feito pela economia global", afirmou Pier Carlo Padoan, economista-chefe da OCDE, um dos autores do relatório "Objetivo: Crescimento".
"Mas esses países ainda estão em um período de transição, e precisam realizar reformas de mercado que possam garantir crescimento sustentável, como ocorreu em outros membros da OCDE no passado." Segundo Padoan, o País precisa seguir na via das reformas econômicas se quiser garantir sustentabilidade em médio e longo prazos.
"Em países como o Brasil, a reforma tributária poderia acelerar o crescimento e torná-lo mais sustentável, também do ponto de vista fiscal", acrescentou.
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