Matéria do Portal Terra.
Guilherme Mergen
Direto de Porto Alegre
Apostando no potencial da classe C, a Azul Linhas Aéreas estabeleceu metas ousadas para o seu segundo ano de operações no mercado brasileiro. Em 2010, a empresa projeta um crescimento de 50% e quer se consolidar como a terceira maior companhia área do País, lugar atualmente ocupado pela WebJet. As pretensões foram apresentadas nesta quarta-feira pelo sócio-fundador da Azul, David Neeleman, durante encontro com empresários em Porto Alegre.
Atualmente, segundo dados de fevereiro da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), a Azul é a quarta companhia do Brasil, com pouco mais de 5% do mercado - atrás de TAM, Gol Varig e Webjet, que respondem por 42%, 41% e 6% de participação, respectivamente. Desde o final do ano passado, a empresa de Neeleman tem registrado a maior taxa de ocupação no País, com quase 90% de lotação em suas aeronaves.
Para alcançar os 50% de crescimento, a companhia colocará em operação mais sete aeronaves modelo Embraer 195 até o final do ano, contabilizando 21 aviões. Segundo Neeleman, o número de rotas deve aumentar das 19 atuais para até 30, com quatro novos destinos. "Ainda não podemos dar detalhes dessas rotas e cidades. No entanto, com esses planos, a nossa projeção de crescer 25% saltou para 50%", disse o sócio-fundador da empresa, sem citar valores.
Para chegar ao 3º lugar no mercado, Neeleman aposta, além do avanço de sua empresa, na estagnação da maior concorrente, a Webjet. "Pelo que ouço, eles (Webjet) não têm tanta perspectiva de crescimento neste ano. Essa projeção, aliada ao nosso desejo de dominar metade do mercado onde atuamos, nós permite ocupar o lugar que planejamos. Mas, sinceramente, não importa o percentual que temos do mercado. O que importa é dominar onde estamos voando, com voos diretos e mais frequentes e um serviço satisfatório", afirmou.
Ofensiva na classe C
A partir de abril, a Azul deve iniciar uma nova ofensiva para atrair passageiros na classe C. Além de continuar com promoções como os passaportes, a empresa quer facilitar o processo de compra de passagens para pessoas sem cartão de crédito ou com limite reduzido. Conforme o sócio-fundador, qualquer cliente com conta corrente poderá adquirir pela internet a passagem parcelada, mediante o fornecimento de alguns dados.
"Tem uma fatia da classe C que deixa de viajar de avião por causa dessa questão do cartão de crédito. Queremos esse mercado. Por isso, daremos outras opções. Não posso detalhar muito ainda, mas antecipo que vamos aceitar quase todas as formas de pagamento. Nossa meta é ensinar as pessoas a andarem de avião", disse. Nas próximas semanas, com primeira parte da ofensiva, a companhia aceitará o pagamento em cheques.
Capital estrangeiro
No almoço com empresários da Federação das Associações Comerciais e de Serviços do Rio Grande do Sul (Federasul), Neeleman mostrou-se indiferente à proposta encaminhada ao Congresso que permite às companhias brasileiras fixarem até 49% de capital estrangeiro. Na opinião dele, o projeto é benéfico somente para Gol e TAM, que possuem acionistas no mercado internacional.
"Não tememos a possibilidade de outras companhias crescerem com investimentos estrangeiros. Estamos girando o caixa, com lucro. Portanto, temos capital para investimentos, sem necessidade de buscar lá fora. Nenhuma companhia no mundo começou a operar com tanto capital com a Azul, disse, informando que a empresa alcançou 2,2 milhões de clientes no primeiro ano de atuação (2009).
Insatisfação com Congonhas
Apesar de a Azul ter garantido a permissão para operar em oito horários de pousos e decolagens de Congonhas, em São Paulo, Neeleman chamou de "ridícula" a distribuição de slots comandada pela Anac na semana passada. De acordo com ele, a agência destinou cerca de 80% dos voos a companhias como TAM e Gol, que atualmente já operam em mais de 95% dos horários no aeroporto paulista.
"É ridículo. A Anac deveria distribuir os novos voos de forma igual, como ocorreu no final do ano passado no Santos Dumont (Rio de Janeiro) - quando a empresa começou a operar no aeroporto carioca. Lá, TAM e Gol ganharam 20%, e não 80% como no Congonhas", disse.
Mesmo com o direito de operar em oito horário, o sócio-fundador da Gol adiantou que a companhia deve atuar, por enquanto, com apenas um voo. "Nossos slots são somente no fim de semana. Por enquanto, pensamos em um voo. Ainda não pensamos na rota. Teremos de avaliar onde encontraremos uma demanda específica de fim de semana", afirmou.
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