Segundo o G1, ao falar acerca de um assalto à sua casa, um Deputado Estadual de São Paulo criticou os programas sociais do Governo Federal e defendeu o controle de natalidade. Segundo o sítio, Antonio Salim Curiati (PP) teria afirmado: "A Dilma vem para cá falar de Bolsa Família... Aí você agracia a comunidade carente, e eles começam a ter filhos à vontade. É preciso controlar a paternidade".
As assertivas do deputado são todas tão disparatadas que dá até preguiça de se indignar com elas. Mas uma delas, pelo menos, oferece uma bela chance de botar alguns pingos nos devidos is.
Dos arquivos do blog:
A carga tributária, os "tributos de país desenvolvido" e os serviços públicos brasileiros
Dos arquivos do blog:
A carga tributária, os "tributos de país desenvolvido" e os serviços públicos brasileiros
Diz ele que, com a concessão da Bolsa Família, os beneficiários passariam a ter “filhos à vontade”. Leia-se: o Bolsa Família estaria estimulando as famílias carentes a terem mais filhos. Não é nem original, o Deputado. Essa bizarrice vem sendo repetida por muita “gente boa” por aí. Mas será verdade?
Posso estar enganado, mas os números do IBGE não corroboram a idéia. De fato, conforme dados do último Censo, a Taxa de fecundidade da mulher brasileira caiu de 2,40 em 2002 para 1,90 em 2010. Ou seja, a relação entre o número de nascimentos e o número de mulheres em idade fértil despencou 20,83%
No mesmo período, a Taxa bruta de natalidade caiu 25,63%, passando de 20,33 em 2002 para 25,63 15,12 em 2010 [rapidamente corrigido, 6 meses depois da publicação]. À título de comparação, registre-se que, nos 8 anos imediatamente anteriores à implementação do Bolsa Família, o índice já sofrera alguma redução, mas a um ritmo 3 vezes mais lento. Entre 1994 e 2002, a taxa bruta de natalidade sofreu uma redução de 8,55%, passando de 22,23 para 20,33.
E, então, se as taxas de fecundidade e de natalidade vêm caindo aceleradamente desde a implantação do programa, será que dá pra falar que o Bolsa Família estimula as famílias a terem mais filhos?
Nenhum comentário:
Postar um comentário