Esbarrei nesta piadinha acima no Facebook. Ela foi compartilhada, por um usuário gay, sem o carimbo, que eu acrescentei. Qual a diferença entre os dois personagens? A cor e a renda? A fama? Afinal, rebolar seminu não seria novidade para o Rick Martin, exemplo de homossexual na imagem.
Pensando nisso, lembrei do texto abaixo, já bem antigo. Talvez ele seja meio bobinho, mas acho que ele ainda reflete o que penso sobre o assunto.
Pensando nisso, lembrei do texto abaixo, já bem antigo. Talvez ele seja meio bobinho, mas acho que ele ainda reflete o que penso sobre o assunto.
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A lusofobia justificável e os outros preconceitos
Eu tenho um preconceito justificável contra portugueses. Fui obrigado a ouvir essa pérola hoje, de passagem por uma mesa de bar. A entonação deixava claro: o jovem boêmio pretendia brindar seus colegas com a justificativa do preconceito confesso. Fiquei bastante chateado, triste até, por não poder sentar ali e ouvir o resto da explanação. Talvez fosse a chance de me convencer de que alguns preconceitos são justificáveis, em oposição, imagino, a outros que não o sejam.
É mesmo bem comum essa tendência de considerar justificáveis os nossos próprios preconceitos. Inaceitáveis são apenas os dos outros, especialmente se dirigidos a nós.
Dos arquivos do blog:
Desde a implantação do Bolsa Família, a Taxa de Natalidade já caiu 25%
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Assim, há gays que se indignam com a mínima reprovação que sofram, mas mal disfarçam seus preconceitos de classe ou de raça. O mesmo fenômeno ocorre com muitos negros, a quem nem o preconceito que experimentam, em certo sentido, literalmente na pele, ensinou a respeitar os homossexuais.
E esses são apenas exemplos de grupos tradicionalmente descriminados que, justamente, se levantam e organizam contra o preconceito que sofrem, mas muitas vezes se esquecem de lutar contra os seus próprios. Parecem não ver que qualquer preconceito, seja de raça, condição social, sexo, orientação sexual, nacionalidade, ou o que for, é igualmente odioso; que devemos todos lutar contra todos os preconceitos, indiscriminadamente.
Eu tenho alguns preconceitos - assim como todo mundo. Não lembro de ter algum dia encontrado alguém realmente livre de preconceitos. Concordo que não sou lá muito velho, mas acho que quase trinta anos já dá uma boa amostra estatística. Acho mesmo que ter preconceitos é meio inerente a nós, humanos.
Por isso não me envergonho de dizer que tenho preconceitos; ao contrário, talvez me orgulhe. Se não os tivesse, seria fácil e nada meritório: não poderia lutar contra eles.
De fato, uma pessoa desde sempre livre de preconceitos, além de ser amiga íntima do saci e galopar a mula sem cabeça, não me causaria tanta admiração. Bonito, tocante, é ver alguém realizando esta luta árdua e diária que é vencer os próprios preconceitos. Ou seja, tê-los é normal; mantê-los é uma burrice cruel; propagá-los é ignóbil; mas reconhecer e combater preconceitos, principalmente os instalados em nós mesmos: é isso que faz a realmente a diferença.
E o primeiro passo, lógico, é exatamente esse reconhecimento.
E o primeiro passo, lógico, é exatamente esse reconhecimento.
Se não formos capazes de olhar para dentro e identificar nossos próprios preconceitos para, a partir daí, pôr a baixo até aqueles aos quais mais nos apegamos, não podemos esperar que respeitem e aceitem nossas pequenas idiossincrasias ou grandes particularidades. Ao justificarmos nosso próprios preconceitos, quando os identificamos, no lugar de miná-los, autorizamos que os outros façam o mesmo com os seus. Só que, neste caso, não acharemos eles nada justificados, principalmente se voltados contra nós.
Sei muito bem que a frase do moço lá no início podia ser apenas uma brincadeira, mas eu ainda tinha uma longa caminhada pela frente e nada melhor em que pensar.
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