sexta-feira, 29 de outubro de 2010

Istoé: mãe de Paulo [totalmente inocente(sic, Serra)] Preto alugou guindaste para construir o Rodoanel.


Matéria da IstoÉ, copiada do Viomundo.

Vale lembrar que Paulo Preto é aquele diretor do DERSA acusado por tucanos de fugir com U$ 4 milhões do caixa 2 tucano.

Perguntado sobre ele, primeiro, Serra fingiu que não conhecia Paulo Preto. Depois, confrontado publicamente pelo próprio funcionário, Serra não só reconheceu conhece-lo como, sem qualquer investigação, decretou: "Ele [Paulo Preto] é totalmente inocente."


Paulo Preto e os negócios em família
Empresa de transportes criada pelo genro e pela mãe do ex-diretor do Dersa alugou guindastes às empreiteiras que construíram o rodoanel paulista

Alan Rodrigues, Claudio Dantas Sequeira e Sérgio Pardellas

À medida que são esmiuçados os passos de Paulo Vieira de Souza, o Paulo Preto, nos subterrâneos do governo tucano, vão ficando cada vez mais claras as relações comprometedoras do ex-diretor do Dersa com as empreiteiras responsáveis pelas principais obras de São Paulo. Em agosto, quando trouxe a denúncia formulada por dirigentes do PSDB do sumiço de pelo menos R$ 4 milhões dos cofres da campanha de José Serra à Presidência, ISTOÉ revelou que a maior parte da dinheirama fora arrecadada junto a grandes empreiteiras responsáveis pela construção do rodoanel.

Agora é descoberto um elo ainda mais forte entre o engenheiro e as construtoras da obra, considerada uma das vitrines do governo tucano em São Paulo. A empresa Peso Positivo Transportes Comércio e Locações Ltda., de propriedade da mãe e do genro do ex-diretor do Dersa, prestou serviços para as obras do lote 1 do trecho sul do rodoanel por um período de, pelo menos, três meses no ano de 2009. A informação foi confirmada à ISTOÉ pela Andrade Gutierrez/Galvão, do consórcio de empreiteiras contratado pela obra. Os serviços consistiram no fornecimento de guindastes para o transporte e a elevação de cargas. "A empresa Peso Positivo, assim como outros fornecedores prestadores de serviços do consórcio, é contratada sempre de acordo com a legislação em vigor. A decisão de contratar prestadores de serviços é exclusivamente técnica", alega a Andrade Gutierrez.
 
Arquivos da Junta Comercial de São Paulo mostram que a Peso Positivo foi criada em 30 de julho de 2003, com capital social de R$ 100 mil. Os sócios são Maria Orminda Vieira de Souza, mãe de Paulo Preto, 85 anos, e o empresário Fernando Cremonini, casado com Tatiana Arana Souza, filha do ex-diretor do Dersa, que trabalha no cerimonial do Palácio dos Bandeirantes, a sede do governo de São Paulo, e que já prestara serviços para a administração de José Serra à frente da Prefeitura de São Paulo.

Tantas coincidências fizeram o PT pedir à Procuradoria-Geral de Justiça de São Paulo que investigasse as relações da Peso Positivo com o rodoanel. "É uma relação incestuosa que existe entre Paulo Preto, sua filha e José Serra", afirmou o líder do PT na Assembleia, Antônio Mentor.

A confirmação da ligação entre as empreiteiras do rodoanel e a Peso Positivo, obtida por ISTOÉ, mostra que as suspeitas tinham fundamento. E também derruba de maneira cabal a versão de Cremonini, apresentada na última semana em entrevista ao jornal "O Estado de S.Paulo". Segundo ele, a empresa "nunca teve clientes" na construção civil. "Meus maiores clientes são a Petrobras e a Votorantim Metais", afirmou o empresário. "A única coisa que o Paulo me deu nestes anos todos foi a mão da filha e uma bicicleta."
 
O íntimo relacionamento de Paulo Preto com as empreiteiras do rodoanel não se restringe ao negócio envolvendo uma empresa de familiares. Na última semana, denúncia da "Folha de S.Paulo" revelou que Paulo Preto, um dia após assumir a diretoria do Dersa, assinou uma alteração contratual na obra. Essa mudança permitiu às empreiteiras fazer alterações no projeto do rodoanel e até utilizar materiais mais baratos. No acordo assinado por Paulo Preto em maio de 2007 ficou definido que, em vez de ganharem de acordo com a quantidade, tipo de serviço ou material usado na obra, as empreiteiras receberiam um "preço fechado" no valor de R$ 2,5 bilhões.
 
Para quem conhece os meandros do mundo da construção civil, a impressão que fica ao analisar as mudanças é de que o diretor do Dersa preferiu privilegiar as empreiteiras, em detrimento da qualidade do empreendimento e da boa gestão do dinheiro do contribuinte. A iniciativa de Paulo Preto também tinha outro propósito: o de adequar o andamento da obra ao timing eleitoral. É que o acordo teve como contrapartida das empreiteiras a garantia de acelerar a construção do trecho sul para entregá-lo até abril deste ano, quando José Serra (PSDB) saiu do governo para se candidatar.

O cronograma foi cumprido a contento. Agora, as empreiteiras apresentam um fatura extra de R$ 180 milhões. Essa espécie de taxa de urgência soma-se, portanto, aos adicionais de R$ 300 milhões já pagos em 2009.

As suspeitas sobre a maneira como Paulo Vieira de Souza atuava no Dersa extrapolam os limites geográficos da cidade de São Paulo. Recaem também sobre a fase III das obras de ligação das rodovias Carvalho Pinto e Presidente Dutra, no município de São José dos Campos. Desde que assumiu a diretoria de engenharia do Dersa, ele assinou dois aditivos sobre o convênio de R$ 84 milhões.

Um desses aditivos previu a "implantação da marginal Capuava", que nunca foi entregue. Onde foi parar o R$ 1,1 milhão, relativo à execução desse trecho, ninguém sabe dizer. "O dinheiro simplesmente desapareceu", acusa o vereador de São José dos Campos Wagner Balieiro (PT). "Tive uma reunião com os diretores do Dersa e ninguém conseguiu me explicar por que a marginal não foi executada, embora o dinheiro tenha sido pago", afirma Balieiro.

sexta-feira, 22 de outubro de 2010

Nicolelis: apoio Dilma porque ela e Lula tem um projeto de nação em que todos os brasileiros são cidadãos.


Entrevista publicada pelo Viomundo.

Aqui e aqui, temos duas pequenas matérias que ajudam a entender que é Miguel Nicolelis.

Miguel Nicolelis, que defende "soberania intelectual" do Brasil, anuncia apoio a Dilma Rousseff

 por Luiz Carlos Azenha

 
Entrevistei pela primeira vez o dr. Miguel Nicolelis quando era repórter da Globo. Ele é um dos mais importantes neurocientistas do mundo. Tratamos, então, do uso de impulsos elétricos capturados no cérebro de um macaco para mover braços mecânicos, pesquisa que ele desenvolveu na Universidade de Duke, nos Estados Unidos. O potencial desse tipo de pesquisa é tremendo: permitir que paraplégicos façam movimentos com o uso de impulsos elétricos do próprio cérebro, por exemplo.
 
Desde então, o cientista implantou em Natal, no Rio Grande do Norte, o Instituto Internacional de Neurociência, uma parceria público-privada. E continua coletando prêmios nos Estados Unidos, alguns dos quais anunciados recentemente:

Setembro 2010 - Miguel Nicolelis recebe outro prêmio científico dos Institutos Nacionais de Saúde dos E.U.A.
 
Dois meses depois de ter recebido dos Institutos Nacionais de Saúde (NIH) dos Estados Unidos US$2,5 milhões para investir em suas pesquisas no campo da interface cérebro-máquina, Miguel Nicolelis volta a ser distinguido com um prêmio de aproximadamente US$4 milhões da mesma instituição. Os recursos devem ser aplicados no desenvolvimento da nova terapia para o mal de Parkinson que vem mobilizando o pesquisador há alguns anos e que, na avaliação dos NIH, se constitui numa pesquisa "arrojada, criativa e de alto impacto". Miguel Nicolelis é a primeira pessoa a receber da instituição americana no mesmo ano o Director's Pioneer Award e o Director's Transformative R01 Award.

*****

Hoje liguei para a Universidade de Duke, nos Estados Unidos, quando soube por e-mail que Nicolelis tinha decidido anunciar publicamente seu apoio à candidatura da ex-ministra Dilma Rousseff.

Ele afirmou que faz isso por acreditar que Dilma representa um projeto de país em linha com o que acredita ser desejável para o Brasil: o desenvolvimento de uma "ciência tropical" e de um conhecimento voltado para garantir a soberania nacional. O áudio e a transcrição aparecem abaixo:

Transcrição:

 
Por que é que o sr. decidiu anunciar publicamente seu apoio à candidata Dilma Rousseff?

Porque desde as eleições do primeiro turno eu cheguei à conclusão que essa é uma eleição vital para o futuro do Brasil e eu estou vendo um debate que está se desviando das questões fundamentais na construção desse futuro e dessa maneira eu achei que como cientista brasileiro, mesmo estando radicado no Exterior — mas que tem um projeto no Brasil e tem interesse que o Brasil continue seguindo este caminho — eu achei que era fundamental não só que eu mas que todos que pudessem se manifestassem a favor e fizessem uma opção pelo futuro que a gente acredita que é o correto para o nosso país.

Que futuro é esse?

É o futuro da inclusão social, o futuro em que as crianças que ainda nem nasceram possam ter a educação, saúde, ciência, tecnologia e a possibilidade de construir os seus sonhos pessoais sejam eles quais forem. Futuro que nós, a sua e a minha geração não tiveram. E um futuro que não leve o Brasil a retornar a um passado recente onde nós tinhamos, além da insegurança financeira, uma total falta de compromisso com o povo brasileiro e com a coisa brasileira. Então, nesse momento para mim essa é uma eleição vital, é um momento histórico para o Brasil. Eu viajo pelo mundo inteiro e eu nunca vi o nome do Brasil e a reputação do Brasil tão alta (inaudível) e este é o momento de deslanchar de vez e não voltar para o passado.

 
Fale um pouquinho do projeto que o sr. tem em Natal pra gente e da importância que o sr. acredita que o governo Lula teve — eu já li muito o que o sr. escreveu a respeito — para que esse projeto fosse implantado.

Nosso projeto é o primeiro projeto no mundo que usa a ciência como agente de transformação social – ciência de ponta.

Quando, oito anos atrás, comecei esse projeto… fui a São Paulo, me disseram que não havia esperança de fazer nada igual fora de São Paulo, porque 80% da produção científica do Brasil está concentrada no estado de São Paulo. Eu usei isso como um diagnóstico dos erros passados, porque um país que quer se desenvolver como uma federação e que quer oferecer cidadania ao seu povo não pode concentrar a produção de conhecimento de ponta e a disseminação de conhecimento de ponta num único estado da União.

E aí eu propus de levar esse projeto de ponta — que é fazer neurociência como se faz em qualquer lugar do mundo, em lugares que são, que tem a dianteira da fronteira dessa área no mundo — na periferia de Natal, usando essa ciência para desenvolver uma série de projetos sociais que permitem que a criança tenha um projeto educacional desde a barriga da mãe — que faz o pré-natal dentro de nosso campus do cérebro — até a pós-graduação na universidade pública.

E o primeiro grande parceiro desse projeto foi o governo federal, foi o presidente Lula e a seguir quem eu considero o maior ministro da Educação que o Brasil jamais teve, dr. Fernando Haddad, que transformou não só as políticas públicas mas o pensar do Brasil em educação, concluindo e chegando à conclusão que toda criança brasileira tem direito a perseguir seus sonhos intelectuais e não só ser abandonada em alguma escola técnica para servir ao mercado de trabalho. Que ela pode ser física, química, bióloga. É isso o que nós fazemos.
 
Nós criamos um projeto de educação científica que é principalmente um projeto de educação para cidadãos, que vão lá no turno oposto da rede pública, são mil crianças no Rio Grande do Norte, 400 crianças no interior da Bahia — na terceira escola que nós acabamos de abrir — e nós vamos ampliar isso para 2 mil crianças no ano que vem e se tudo der certo para 4 mil crianças em 2012. E esse projeto só foi possível porque o Ministério da Educação e o governo federal acreditam, como a gente, que essas crianças da periferia de Natal, do interior da Bahia, do sertão do Piauí, do Amazonas, de Roraima, também tem direito à educação de altíssimo nível e a perseguir seus sonhos intelectuais.

E como é que isso se conecta com a campanha de Dilma Rousseff?

Essa é uma visão de país onde a cidadania é levada a todos os brasileiros, onde todos os brasileiros tem a oportunidade de acesso ao conhecimento e à informação para fazerem e tomarem decisões por si mesmos, de acordo com a sua própria visão do mundo. Eu acredito que a candidatura da ministra Dilma possibilita viabilizar esse futuro para o Brasil e a candidatura oposta, a candidatura do partido de oposição, ela basicamente não tem mensagem alguma para o resto do Brasil, ela tem mensagem para a sua audiência, que é restrita, na minha opinião, ao estado de São Paulo e talvez até a cidade de São Paulo, não existe projeto de Brasil na outra candidatura. Enquanto a futura presidente do Brasil, Dilma Rousseff, tem um projeto de Nação que é o que sempre faltou para o nosso país. Nós sempre tivemos projetos de alcançar o poder e nunca um projeto de Nação. E o que o presidente Lula fez que foi colocar o Brasil nesse caminho, só pode ser, na minha opinião, continuado, com as políticas públicas que a ministra Dilma tem proposto e que eu acredito vai dar continuidade. Se nós não tivermos essa disposição de ter um projeto de Nação, se nós optarmos como país pela outra proposta, eu temo que infelizmente o Brasil vai perder sua chance histórica de se transformar no país que todos nós queremos ter.

Dr. Nicolelis, qual é a importância do conhecimento que o sr. está transferindo — o sr. está em Duke, agora?

Estou aqui em meu laboratório da Duke [University, na Carolina do Norte] nesse momento, mas quarta-feira já estou viajando para o Brasil, para Natal, onde nós montamos um centro de pesquisas de ponta, de neurociências. Nós estamos transferindo conhecimento, inovação, do mundo todo… Nós estamos a ponto de receber o que vai ser um dos mais velozes supercomputadores do Hemisfério Sul, doado pelo governo da Suiça, um dos maiores centros de tecnologia do mundo – a Escola Politécnica de Lausanne, que fechou um convênio com nosso instituto de cooperação internacional – então nós estamos criando em Natal, na periferia de Natal, num dos distritos educacionais mais miseráveis do país, um centro de disseminação de conhecimento de ponta que está transformando não só a neurociência brasileira como a forma de educar as crianças e a forma de trazer as mães destas crianças para dentro de um projeto de inclusão e de cidadania.

Nós estamos construindo lá o primeiro campus do cérebro do mundo, não existe nada igual em nenhum lugar do mundo. E quando o governo suiço veio visitar as obras, veio ver o que nós estávamos fazendo, eles ficaram completamente encantados. Então, eles decidiram fechar um acordo de colaboração conosco ao mesmo tempo em que eles estão fechando um acordo com a [Universidade de] Harvard. Ou seja, nós ficamos em pé de igualdade com a maior universidade do mundo pela inovação da proposta que nós temos na periferia de Natal, provando que em qualquer lugar do Brasil algo desse porte pode ser feito.

Dr. Nicolelis, além do governo federal e agora do governo da Suiça, existem outras entidades ou instituições privadas colaborando com esse projeto?

Ah sim, este é um projeto privado. Mais de dois terços dos nossos fundos e do nosso suporte financeiro vem de doações privadas de brasileiros que moram fora, no Exterior, de fundações europeias, americanas, nós temos parcerias — inúmeras — pelo mundo afora e a beleza disso é que para cada real investido pelo governo federal nós conseguimos coletar quase três reais privados no Exterior e mesmo dentro do Brasil — o hospital Sírio Libanês, por exemplo, é um de nossos parceiros, a Fundação Lily Safra, da brasileira Lily Safra, é uma outra parceira. Nós conseguimos captar para cada real investido publicamente quase três reais privados, mostrando que é possível, sim, realizar parcerias público-privadas que tenham um fundo e um escopo social tão grande quanto este projeto.

Dr. Nicolelis, qual é a importância de o Brasil desenvolver as suas próprias tecnologias em conjunto com universidades de outros países para a soberania nacional e para a capacidade do país inclusive de reduzir a importação de equipamento fabricado fora do Brasil?

Ah, sem dúvida, eu acho que a Petrobras é o grande exemplo, a Petrobras e a Embraer. Nós precisamos de Googles, Microsofts, IBMs brasileiras. Nós precisamos transferir o conhecimento de ponta gerado pelas nossas universidades e pelos nossos cientistas — e o Brasil tem um exército de fenomenais cientistas dentro do Brasil e espalhados pelo mundo que estão dispostos, como eu, a colaborar com o Brasil. Nós temos que criar uma indústria do conhecimento brasileira. É uma questão de soberania nacional. A questão que me chamou a atenção agora, no começo da campanha do segundo turno, a questão da Petrobras, ela se aplica à indústria do conhecimento, que vai ser a indústria hegemônica na minha opinião, no século 21, que pode vir a ser o século do Brasil.

Mas, para isso, nós temos que investir no talento humano. Nós temos que criar formas dessa molecada — como as nossas crianças de Natal — de se transformar em cientistas, inventores, de uma maneira muito mais rápida e ágil do que as formas tradicionais que requerem todo esse cartório até você receber um doutorado e ser reconhecido oficialmente como cientista. Eu estou encontrando crianças no nosso projeto, por exemplo, de 17, 18 anos, que estão sendo integradas às nossas linhas de pesquisa antes mesmo delas entrarem na universidade, porque elas tem o talento científico, talento de investigação, curiosidade e que podem dar frutos muito mais rápidos do que a minha geração deu para o país.

 
Mas este investimento que pode ser feito com os fundos que vão vir do Fundo Social do Pré-Sal tem que ser feitos para revolucionar a ciência brasileira e criar uma coisa que eu gosto de chamar de "ciência tropical", que é a ciência do século 21, aplicada às grandes questões da Humanidade — energia, ambiente, suplemento de comida, suplemento de água, novas formas de disseminação democrática da informação — tudo isso faz parte do escopo dessa "ciência tropical" em que o Brasil tem condições plenas de ser, se não o líder, um dos grandes líderes deste século.

Dr. Nicolelis, onde que está aí o nexo entre o que o sr. acabou de dizer, que o sr. mencionou, e a riqueza da biodiversidade brasileira, que ainda não é explorada?

 Nós nem sabemos o que nós temos, Azenha. Nós nem tivemos a chance de mapear essa riqueza. Todo mundo fala dela mas ninguém pode dar uma dimensão. Então, esse discurso que eu ouço, ambientalista, superficial, que foi caracterizado no primeiro turno, inclusive, da eleição, ele não serve para nada, porque ele não aprofunda nas questões vitais.

As questões vitais é que a soberania do Brasil também depende de investimentos estratégicos no mapeamento das riquezas que nós temos, do que pode ser feito para o povo brasileiro em termos de novos medicamentos, novas fontes alimentares, novas fontes de energia. Existem dezenas de sementes oleaginosas do semi-árido que são não-comestíveis, que são muito mais eficientes na produção de óleo do que a mamona, por exemplo, que poderiam ser usadas em projetos de parceria de cooperativa no interior da caatinga do Brasil, para se produzir óleo biocombustível para trator, caminhão, que aliviariam tremendamente os custos da produção alimentar, familiar, nessa região do Brasil.

Isso precisa ser explorado, precisa ser mapeado com investimentos em pesquisa básica, em estudos de genômica funcional dessas plantas, tentar entender porque elas conseguem produzir esses óleos de alto valor energético e tentar transferir isso para a economia do Brasil. Existe toda uma economia que pode ser altamente sustentável, que pode preservar muito melhor o ambiente do que nós estamos fazendo até hoje e que pode servir de retorno em empregos e conhecimento que ampliariam ainda mais a matriz renovável energética brasileira.

Então, são coisas que estão na nossa cara e que eu acho que só uma política voltada para o Brasil, uma política que dê continuidade ao que o presidente Lula iniciou nestes oito anos, vai ter condições de manter dentro do Brasil. Porque existem evidentemente interesses enormes nessas riquezas nacionais, existe um interesse enorme nos cérebros brasileiros que estão desenvolvendo essas ideias e nós temos que manter isso de uma maneira agregada ao Brasil e não simplesmente dar isso de mão beijada para o primeiro que bater na porta com uma oferta ridícula de privatização ou da venda de nosso patrimônio intelectual para fora do Brasil.

Correio do Povo: MP apreende caminhão propaganda do Serra e cestas básicas; suspeita-se de compra de votos.


Matéria do Correio do Povo.

Ainda no primeiro turno, o Ministério Público Eleitoral flagrou uma estranha pesquisa realiza no centro de
Porto Alegre. Na pesquisa, além de ouvir pedidos de votos para Serra, as pessoas assistiam um vídeo contra Dilma e, ao final, ganhavam uma caixa de bombom.

Caminhão com alimentos e propaganda de Serra é apreendido na ERS-135
Veículo foi interceptado pela Brigada Militar após denúncia ao Ministério Público Eleitoral


Caminhão com alimentos e propaganda de Serra é apreendido no Interior

Patrulheiros do Comando Rodoviário da Brigada Militar apreenderam, no final da tarde desta quinta-feira, um caminhão carregado com sacolas de alimentos e propagandas do candidato à presidência da República pelo PSDB, José Serra. O veículo, que foi utilizado na campanha de um candidato a deputado estadual pelo PSDB, foi interceptado junto ao Posto do Pedágio na ERS-135, entre Passo Fundo e Coxilha, devido a uma denúncia recebida pelo Ministério Público Eleitoral.

O promotor eleitoral Paulo Cirne recebeu a denúncia de que um caminhão estaria percorrendo a periferia de Coxilha, distribuindo alimentos. Segundo as informações repassadas ao promotor, junto com a sacola de alimentos, os beneficiados recebiam uma bandeira da campanha de José Serra. Paulo Cirne passou o alerta para o posto do Comando Rodoviário da BM com os patrulheiros interceptando o caminhão carregado ainda com várias sacolas de alimentos.

O motorista e um ajudante foram presos em flagrante por crime eleitoral e conduzidos para a Delegacia de Policia Federal em Passo Fundo. Até às 20h40min, eles continuavam sendo ouvidos na Polícia Federal

quinta-feira, 21 de outubro de 2010

JT: Filha de Soninha, coordenadora da campanha do Serra, foi nomeada por Serra sem concurso.


Outra matéria do JT, o mesmo assunto: A farra de nomeações de políticos e parentes para cargos no Governo de São Paulo durante a gestão Serra.

Esta matéria de ontém já mostrara que diversos polítcos aliados estão alojados em cargos nas estatais paulistas.

Ao ler a matéria e descobrir que, além de ter ganhado os cargos de Subprefeita e de Conselheira da CETESB, Soninha Francine garantiu um lugarzinho também para sua filha, lembrei deste tweete dela, de um mês e meio atrás:



Atrualização necessária: na verdade, duas filhas e uma irmã da Soninha foram nomeadas sem concurso para cargos no Governo Serra. Sem dúvida, uma família de mérito.
21 de outubro de 2010
Fabio Leite

A filha mais velha da ex-subprefeita da Lapa e coordenadora de comunicação da campanha presidencial do ex-governador José Serra (PSDB) na internet, Soninha Francine (PPS), está nomeada em cargo sem concurso no governo paulista.
Rachel Marmo Azzari Domenichelli, bióloga de 26 anos, ocupa desde 2007 o cargo de assistente técnica da Coordenadoria de Educação Ambiental, departamento ligado à Secretaria Estadual do Meio Ambiente. O salário inicial do posto é de R$ 3,7 mil.
O JT revelou que Soninha recebe como conselheira da Companhia Ambiental de São Paulo (Cetesb) R$ 3,5 mil de jetom – verba paga por cada reunião mensal do conselho. A empresa é ligada à mesma secretaria onde trabalha a filha.
Rachel foi nomeada pelo ex-titular da pasta Xico Graziano, que deixou a secretaria para coordenar o programa de governo de Serra na área ambiental. Ela chegou a ser exonerada em agosto de 2008, período em que Soninha disputava a Prefeitura, mas voltou ao governo em seguida.

O vice de Soninha na ocasião era o escritor, cineasta e ex-secretário de Cultura do Estado, João Batista de Andrade, que hoje recebe R$ 4,4 mil de jetom como conselheiro de administração da Dersa.

Além dele e de Soninha, os conselhos das estatais paulistas empregaram, ao menos até o início do ano, outros dez políticos de partidos que apoiam a candidatura Serra, alguns dos Estados de Pernambuco, Rio de Janeiro, Rio Grande do Norte e Tocantins.

O governo negou haver loteamento político. Já Soninha afirmou que foi nomeada por conta da experiência na área ambiental como jornalista, vereadora e subprefeita. Ontem, ela não retornou a ligação até as 23h para comentar a contratação da filha.

Em nota, a Secretaria Estadual do Meio Ambiente negou que tenha havido indicação política na contratação de Rachel Marmo. Segundo o governo, ela "foi estagiária da Cetesb entre os anos de 2005 e 2006" e, em 2007, já formada em biologia, "foi efetivada na Secretaria do Meio Ambiente, onde se encontra até hoje, nomeada em comissão para o cargo de Assistente Técnico de Coordenador".

Nazistas arremessadores de bolinhas de papel. Há se os dos anos 30 e 40 fossem assim!

JT: Meritrocracia a Serra: estatais de SP empregam até políticos de outros estados; o vice de Gabeira entre eles.


Matéria do JT. aparelhamento cabide inchaço pt dilma

Esta outra notícia, do Terra, traz mais dois exemplos de "aparelhamento do estado" pelo PSDB / PFL (ops, DEM). Ali, descobre-se que pelo menos dois políticos aliados de fora de São Paulo tinham cargo em estatais paulistas. Antero Paes de Barros, do Tocatins (PSDB), e Roberto Freire (PPS), de Pernanbuco, ocupavam cargos na SABESP e na EMURB, respectivamente.

19 de outubro de 2010
Fabio Leite

As empresas estatais paulistas empregaram até o início do ano em seus conselhos de administração ao menos dez ex-parlamentares de partidos que apoiam a candidatura presidencial do ex-governador José Serra – alguns saíram em função da eleição e outros permanecem nos cargos.

A lista inclui a ex-vereadora e ex-subprefeita Soninha Francine (PPS), coordenadora de internet da campanha do tucano, lotada até hoje no conselho da Companhia Ambiental de São Paulo (Cetesb). Ela nega motivação política na nomeação.

Além do PPS e do PSDB, a relação inclui políticos que ficaram sem mandato do DEM, PMDB e PTB, cujos diretórios estadual (no caso peemedebista) ou nacional apoiam Serra. Alguns deles são de Pernambuco, Rio de Janeiro, Rio Grande do Norte e Tocantins.

Todos recebem, por reunião mensal, entre R$ 3,5 mil e R$ 4,4 mil, o chamado jetom. Como o regulamento permite até 2 sessões remuneradas por mês, eles podem acumular até R$ 7 mil e R$ 8,8 mil no período.

O JT obteve nomes dos conselheiros a partir de balanços de 2009 das estatais publicados em Diário Oficial até abril deste ano, mês no qual Serra renunciou ao governo para disputar à Presidência, sendo substituído por Alberto Goldman (PSDB).

Na lista, há seis políticos que já deixaram os conselhos este ano para saírem candidatos, assumir mandato eletivo ou trabalhar nas campanhas. É o caso, por exemplo, do ex-secretário-geral da Presidência no governo FHC e tesoureiro nacional do PSDB, Eduardo Graeff, auxiliar de comunicação na campanha de Serra. O tucano aparecia como conselheiro da Cetesb até abril deste ano, mas, segundo o governo, já deixou o cargo.

Junto com Soninha até hoje na Cetesb estão ainda os ex-deputados federais Koyu Iha (PSDB-SP) e Ney Lopes de Souza (DEM-RN). Todos ganham jetom de R$ 3,5 mil, o que corresponde a 30% do salário dos diretores da companhia, atualmente em R$ 11,8 mil. Em dezembro, todos os conselheiros recebem o equivalente a dois jetons de gratificação.
Já o suplente de senador João Faustino (PSDB-RN), que era subsecretário da Casa Civil, recebia até julho jetons da Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM), de R$ 3,5 mil, e da Empresa Metropolitana de Transportes Urbanos (EMTU), de R$ 4,4 mil. Ele só deixou o cargo há três meses para assumir mandato por conta da licença do senador Garibaldi Alves Filho (PMDB-RN).

Quem também esteve em conselho – Empresa Paulista de Planejamento Metropolitano (Emplasa) – até o limite permitido pela lei eleitoral (março) foi o ex-deputado federal Márcio Fortes (PSDB-RJ), que atua como um dos arrecadadores da campanha de Serra. Ele se afastou do cargo para ser vice de Fernando Gabeira (PV-RJ) na disputa ao governo do Rio.

Na Companhia de Desenvolvimento Agrícola (Codasp) estava o ex-deputado Edinho Araújo (PMDB), que renunciou para concorrer a federal. Na Dersa, CDHU e Empresa Metropolitana de Águas e Energia (Emae) estavam, respectivamente, ex-deputados Claury Silva (PTB), que era secretário de Esportes, e Ronaldo Pereira (PSDB-TO) e o ex-senador Geraldo Melo (PPS-RN), que, segundo o governo, deixaram os cargos este ano.

NÃO HÁ LOTEAMENTO, DIZ GOVERNO

Em nota enviada por e-mail, o governo estadual afirma que "não existe loteamento" político nas nomeações dos conselheiros de administração das empresas estatais paulistas e destaca que "75% dos cargos dos conselhos são ocupados por representantes ligados diretamente ao governo".

"Não existe 'loteamento' e a administração dessas empresas, a exemplo das demais sociedades de economia mista, públicas e privadas, é realizada em conjunto pelo Conselho de Administração e Diretoria Executiva, conforme previsto na Lei Federal nº 6.404/76", diz a nota oficial. Segundo o governo, "é importante lembrar que o conselho não têm caráter executivo" e "o papel dos conselheiros é deliberar e auxiliar na formulação de políticas e diretrizes gerais de longo prazo que norteiam as estratégias de negócios" das empresas. A assessoria do governo destaca que a gestão das empresas "cabe aos membros das diretorias executivas, que também ocupam cargos nos conselhos das empresas que administram, e cuja seleção é exclusivamente baseada em perfil técnico."

De acordo com o governo, os critérios adotados para o preenchimento das vagas nos conselhos são os seguintes: "a presidência é reservada ao secretário da pasta à qual a empresa é vinculada; as demais vagas são ocupadas pelo diretor-presidente da empresa, por servidores graduados do Poder Executivo, por acionistas minoritários e membros independentes, por representantes da sociedade civil com perfil técnico, econômico ou político, e por representantes dos empregados."

Em um quadro com dados atualizados, o governo afirma que existem hoje 223 conselheiros em 21 empresas paulistas, sendo "75% dos cargos ocupados por representantes ligados diretamente ao governo". Segundo os dados, há 16 secretários de governo ocupando a presidência das estatais, 98 servidores graduados do Executivo, 7 acionistas minoritários, 35 "representantes da sociedade civil com perfil técnico, econômico ou político", entre outros.

'NÃO PERGUNTARAM MEU PARTIDO', AFIRMA SONINHA

Nomeada no conselho da Cetesb, a ex-subprefeita da Lapa, Soninha Francine (PPS), negou haver favorecimento político na sua indicação e disse não ver problema em acumular a função com a coordenação da campanha do tucano José Serra à Presidência. "Ninguém me perguntou a qual partido eu era filiada, mas sabiam da minha experiência na área ambiental, como jornalista, vereadora e subprefeita", disse ela, que após a entrevista por telefone twittou: "JT prepara matéria sobre conselheiros de empresas públicas…"

segunda-feira, 18 de outubro de 2010

FSP: gráfica da família de assessor de Serra flagrada com milhões de panfletos que ligam Dilma ao aborto; texto é assinado por bispos, mas a Igreja nega autoria.

Matéria da Folha de São Paulo.


BRENO COSTA
A Polícia Federal apreendeu ontem, por determinação da Justiça Eleitoral, cerca de 1 milhão de panfletos que pregam voto contra o PT devido à posição favorável à descriminalização do aborto.

A gráfica que imprimia os jornais pertence à irmã do coordenador de infraestrutura da campanha de José Serra (PSDB), Sérgio Kobayashi.

Arlety Satiko Kobayashi é dona de 50% da Editora Gráfica Pana Ltda, localizada no Cambuci, na capital paulista.

A empresária é filiada ao PSDB desde março de 1991, segundo registro do TSE (Tribunal Superior Eleitoral).

O ministro do TSE Henrique Neves concedeu liminar para a apreensão dos panfletos atendendo a representação do PT para apuração de crime de difamação. O partido também pede investigação sobre quem pagou a impressão do material.
Sérgio Kobayashi atribuiu ontem a uma coincidência o fato de a gráfica Pana ter sua irmã como sócia. A assessoria da campanha de Serra negou qualquer relação entre o candidato e a produção dos panfletos, nem por meio de encomenda, financiamento ou indicação de gráfica.

"A campanha de José Serra não aceita a insinuação de conluio de qualquer tipo entre a atividade eleitoral e a Igreja Católica. É um desrespeito à Diocese de Guarulhos e à própria Igreja imaginar que possam ser correia de transmissão de qualquer candidatura. A Igreja Católica não é a CUT", diz a nota.
Responsável pelo contato com a gráfica, Kelmon Luís de Souza afirmou que encomendou 20 milhões de panfletos em nome da diocese e que o dinheiro para a impressão veio de "doações pesadas de quatro ou cinco fiéis".

NOTA DA CNBB
Bispos do braço paulista da CNBB divulgaram nota ontem na qual dizem que "não patrocinam a impressão e a difusão de folhetos". Contudo, o bispo que assina a nota de ontem, dom Nelson Westrupp (de Santo André), presidente a Regional Sul 1 da CNBB, é um dos que assina o texto reproduzido nos panfletos apreendidos.
"O Regional Sul 1 da CNBB desaprova a instrumentalização de suas declarações e notas e enfatiza que não patrocina a impressão e a difusão de folhetos a favor ou contra candidatos", diz a nota divulgada ontem em Indaiatuba (SP). Os bispos que comandam a regional não quiseram falar após a apreensão dos panfletos.
Cerca de 50 bispos paulistas se reuniram durante duas horas anteontem para redigir a nota que demonstra o recuo da regional. Eles avaliaram que o erro do texto de agosto, já retirado do site da regional, foi ter citado o PT e ter feito referência a Dilma.

"O erro que foi a apresentação de siglas partidárias. Isso não poderia ter acontecido", disse o bispo de Limeira, d. Vilson Dias de Oliveira.

quinta-feira, 14 de outubro de 2010

Pesquisa americana revela: no Brasil pedido de propina é menos comum que nos EUA.


Matéria do Correio Braziliense copiada do Estado de Minas.

Correio Braziliense

Publicação: 10/10/2010 14:40 Atualização:
Pesquisa coordenada pela Vanderbilt University, com apoio do United States Agency for International Development (USAID), e realizada em 22 países americanos aponta o Brasil com o segundo menor índice de solicitação de suborno por parte de funcionários públicos. O trabalho foi realizado entre os anos de 2008 e 2009 e vem sendo divulgado pelas entidades realizadoras.

A pesquisa envolveu a aplicação de entrevistas de campo em 22 países americanos, mediante um questionário aplicado via internet, a partir dos Estados Unidos, onde está situada a Vanderbilt University. Um total de 34.469 pessoas responderam à seguinte pergunta: "Durante o último ano, algum funcionário público solicitou suborno a você?"

O resultado do estudo mostrou que, no Brasil, 1,6% dos entrevistados afirmou ter sido vítima de pedido de suborno por parte de servidores públicos. Esse resultado colocou o Brasil à frente de países como Estados Unidos, Uruguai, Argentina e México, que apresentaram, respectivamente, índices de cobrança de propina de 2,2%, 2,3%, 7% e 9,2%.

O Chile apresentou o menor índice na pesquisa, com 1,2% dos respondentes afirmando terem recebido pedido de propina de funcionário público. A Bolívia foi o país com maior índice de solicitação de suborno por parte de funcionários públicos, alcançando 18%.

O ranking da propina:
* quanto maior o percentual, mais comum é o suborno no país

1º Chile 1,2%
2º Brasil 1,6%
3º Estados Unidos 2,2%
4º Panamá 2,3%
5º Uruguai 2,3%
6º El Salvador 2,5%
7º Colômbia 2,7%
8º Venezuela 2,9%
9º Jamaica 3,7%
10º Guatemala 3,8%
11º Honduras 4,2%
12º Costa Rica 5%
13º República Dominicana 5,2%
14º Nicarágua 5,3%
15º Argentina 7%
16º Belize 7,4%
17º Equador 8,9%
18º México 9,2%
19º Paraguai 9,5%
20º Haiti 11,9%
21º Peru 12,1%
22º Bolívia 18%

quarta-feira, 13 de outubro de 2010

Itamar Franco: se Serra fosse um homem verdadeiro, defenderia o Governo FHC ou diria o que realmente pensa.


Matéria da Agência Estado publicada pelo Paraná Online e sugerida pelo Viomundo.

Agência Estado

O governador de Minas Gerais, Itamar Franco, soltou o verbo hoje contra o presidenciável do PSDB, José Serra, acusando-o de disseminar "inverdades" e de ter "bombardeado" o Plano Real no seu início. "Ele nunca apoiou o Plano Real. Posso dizer porque fui presidente da República. Desde o início ele tentou bombardear o plano", declarou Itamar, ao chegar a Brasília, onde reúne-se amanhã com o petista Luiz Inácio Lula da Silva e depois com o presidente Fernando Henrique Cardoso. Saiu até em defesa do presidente, ainda que de forma indireta.

"O candidato Serra quer viver à sombra do presidente, mas tem medo de sair às claras, ao sol, e dizer: 'Sou o candidato do presidente'. Ele acha isso uma coisa vergonhosa. Por que ter vergonha de ser o candidato do presidente?", questionou o governador mineiro. Segundo Itamar, "se Serra fosse um homem verdadeiro, deveria defender a política deste governo, ao qual serviu por oito anos, ou dizer o que realmente pensa".

Ressaltando que não criticava a pessoa de Fernando Henrique, Itamar afirmou que a atual política econômica resultou em "empobrecimento dos municípios, dos Estados e da população". Acusou o ministro da Fazenda e o Banco Central de tentarem esconder os erros cometidos e obrigar os candidatos à Presidência a seguirem o mesmo caminho.
 
"Há um desvio na rota da ordem econômica que vai precisar ser alterado", disse o governador. "Chega hora em que o povo quer mudar." Cabo eleitoral de Lula, para quem gravará mensagens de apoio amanhã, Itamar prometeu que "em Minas, o Serra vai ter uma derrota pior do que teve no primeiro turno". Segundo ele, o arco de alianças em torno do petista deve se ampliar neste segundo turno em Minas, onde Lula já obteve 53% dos votos válidos.
 
O governador disse ainda que o presidenciável do PSDB mente ao dizer que criou os medicamentos genéricos, porque isso teria ocorrido durante seu mandato, através de um decreto. "Ele deveria ter a decência de dizer que os genéricos surgiram no governo Itamar, não pelo Itamar, mas pelo grande ministro da Saúde que foi o Jamil Hadad", afirmou Itamar.
 
O ex-presidente também queixou-se da afirmação feita por Serra durante o primeiro turno, atribuindo a Itamar a privatização da Light e da companhia elétrica do Espírito Santo, ocorrida no governo Collor de Mello, quando Itamar era seu vice. ‘Ele falou uma deslavada inverdade, não sei um vocábulo mais forte do que este‘, disse o mineiro. ‘Eu não privatizei em meu governo nenhuma empresa de energia elétrica.‘

Amanhã Itamar reúne-se com o presidente para discutir a situação financeira do Estado. Segundo ele, a dívida de Minas Gerais era de R$ 18 bilhões quando ele assumiu o governo estadual e, quatro anos depois, já chega a R$ 28 bilhões apesar de já ter pago R$ 8 bilhões ao Tesouro Nacional. Segundo ele, o vice de Lula, José Alencar, tem um projeto que reduz o comprometimento dos gastos dos Estados com a dívida de 13% da receita líquida para 5% e que poderá ser adotado no caso de vitória do petista.

Uol: Serra diz que, se eleito, quer aumentar idade para mínima para aposentar.


Matéria publicada pelo Uol.

Maurício Savarese
Do UOL Eleições

Diante de uma plateia de funcionários públicos, o candidato do PSDB à Presidência da República, José Serra, afirmou nesta quarta-feira (29) que, se eleito, tem a intenção de promover uma reforma da Previdência, baseada na idade dos contribuintes. O tucano indicou também a necessidade de uma reforma tributária" em fatias, para não unir dez grupos diferentes contra o projeto".

"Eu, particularmente, toda a questão previdenciária eu quero refazer no Brasil de maneira realista, que funcione", disse o presidenciável. "Eu prefiro mexer muito mais na idade do que na remuneração. Essa é uma questão importante, mas há algo que temos de examinar com a abertura, para fazer uma coisa séria. Do contrário, nós ficamos com um pé em cada canoa nessa matéria".

Mais tarde, questionado por jornalistas, o ex-governador de São Paulo afirmou que seus comentários sobre o assunto foram "apenas ênfase", e que é favorável à aposentadoria integral para funcionários públicos. "[Mas] também não precisam se aposentar com 40 e poucos anos", afirmou.

Atualmente, homens têm direito à aposentadoria integral se comprovarem 35 anos de contribuição previdenciária, contra 30 anos das mulheres. Existe também a possibilidade de requerer aposentadoria proporcional - a partir dos 53 anos de idade e 30 anos de contribuição para os homens, e dos 48 anos de idade e 25 de contribuição para mulheres.

Essas modalidades estão sujeitas ao cálculo do fator previdenciário, equação que leva em conta a idade ao se aposentar, o tempo de contribuição e a expectativa de vida divulgada pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) para a idade do segurado.

Há ainda a aposentadoria por idade. Nessa categoria, homens e mulheres precisam ter, respectivamente, 65 e 60 anos - para os trabalhadores rurais são necessários 60 anos completos para homens e 55 para mulheres.

O tucano, segundo colocado nas pesquisas de intenção de voto, não defendeu nenhuma idade específica para promover mudanças na Previdência se for eleito. "Tem que examinar as leis", disse ele, que se comprometeu a ter "diálogo com as entidades para formular mais eficiente". O encontro foi promovido pelo
Fonacate (Fórum Nacional Permanente de Carreiras Típicas de Estado).

Reforma tributária

Serra, que tenta forçar um segundo turno com a líder nas pesquisas, Dilma Rousseff (PT), acusou o governo federal de não compreender as relações entre o Congresso e as mudanças na legislação tributária, o que impediria um modelo mais eficiente no Brasil. Ele afirmou ainda que a adversária não conseguiria ter profundidade para discutir o assunto.

Em seguida, afirmou ser "quem mais entende" da relação entre Congresso e mudanças na legislação. "Nessa reforma tem que pegar um objetivo de cada vez para que os adversários não se somem", afirmou.

O candidato do PSDB cancelou dois eventos a que compareceria nesta quarta-feira no Estado: uma visita à cidade de São José dos Campos e outra a Osasco. No início da noite ele fará uma caminhada em Barueri, na região metropolitana da capital paulista, e termina o dia com um ato de campanha na Mooca, bairro onde nasceu na zona leste de São Paulo.

domingo, 3 de outubro de 2010

quarta-feira, 29 de setembro de 2010

Rothkopf, no FP: Dilma assumirá muito melhor preparada que alguns líderes que assumiram grandes potências recentemente.


Artigo publicado pelo Foreign Policy.
Os desafios de escolher o antecessor certo, à moda do Brasil.Postado por David Rothkopf quarta-feira, 29 de setembro de 2010.

 

Se um dos segredos para o sucesso em qualquer trabalho é escolher o antecessor certo, então Dilma Rousseff pode estar começando com um golpe contra ela.

Seu atual chefe e campeão político do Brasil, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, bem pode ter a atuação mais difícil de em todo o mundo. Apesar dos esforços de alguns comentaristas em tirar-lhe uma lasca ou duas (assim como jovens atiradores no velho oeste americano tentaram impulsionar sua reputação enfrentando o gatilho mais rápido na cidade), o carismático presidente do Brasil tem feito um trabalho notável. Embaralhando - e mandando para o lixo da história - as antigas distinções entre esquerda e direita, Lula conseguiu um boom econômico, grandes reformas sociais e a elevação d do Brasil para o topo da lista de países no mundo. (Veja a excelente história no Latin Business Chronicle de hoje ... rapidamente se tornando leitura obrigatória para qualquer um interessado na América Latina ... resumindo as recentes realizações económicas do Brasil. É uma coisa deslumbrante.)A pergunta é: O que uma garota tem de fazer? Dilma, que quase certamente se tornará a primeira mulher presidente do Brasil - apesar de um ligeiro deslizamento recente nas pesquisas, devido a um escândalo que não a implica de forma alguma; uma daquelas sugeiradas curiosamente cronometradas para vir à luz nas semanas antes de uma eleição - vai herdar um país com expectativas muito elevadas. Alguns críticos esperam que a ausência dos dons extraordinários de Lula ausente a fará vacilar. Mas leia a sua história e você descobrirá uma gestora excepcionalmente realizada, dura como prego e politicamente astuta, que virá para o cargo muito melhor preparada e equipada do que alguns outros líderes que assumiram as grandes potências recentemente.

De fato, uma vez que uma tarefa central do seu mandato será o esforço para explorar as enormes reservas de petróleo nas costas do Brasil - tornando o Brasil um grande produtor de petróleo - sua experiência como ministra da Energia é o ideal. O fato de que naquela posição ela dirigiu a Petrobras, a gigante estatal de petróleo, que completou recentemente uma captação maciça que fez dela a quarta empresa mais bem capitalizada do mundo, dá-lhe muito mais entendimento sobre negócios que muitos líderes políticos ... mesmo que os seus pontos de vista sobre as responsabilidades de uma empresa nacional de façam desconfortáveis alguns puristas de mercado.

É, na verdade, uma interessante nota que, se Dilma ganhar, ela se juntará Dmitry Medvedev como o segundo chefe de estado do BRIC a ter gerido sua companhia nacional de petróleo. Isso se torna ainda mais ressonante quando visto à luz do fato de um dos principais candidatos a assumir um papel de alto dirigente chinês na próxima transição daquele país é uma ex-engenheiro de energia. O que os BRICs sabem que nós não sabemos?

Há outra comparação com Medvedev que também se coloca: a questão de como você lida com um antecessor poderoso que não vai embora? Dilma vai ser vista como um fantoche de um ativo Lula como Medvedev seria de Putin? Ou será que ela frustrará essa expectativa, como Medvedev? A maioria dos que conhecem Dilma diz que é improvável ela ser fantoche de alguém; mas ela provavelmente vai procurar regularmente por Lula. Isso sugere que um modelo melhor para o relacionamento pode ser encontrado não em Moscou, mas em Cingapura, onde Lee Kwan Yew, o pai daquele estado, tem mantido um papel como Ministro Mentor.

Nos Estados Unidos, é claro, a maioria dos analistas olha para a questão através do filtro padrão global dos EUA - o que significa para nós? Por um lado, a resposta pode ser menor do que se poderia pensar. Os Estados Unidos perderam influência ao passo que o Brasil astuta e eficazmente traçou um curso independente. (O que é o caminho acertado ... como em encontros ... a instigar o interesse americano.) Esta mudança se sustentou no fato de que a China é hoje tanto o maior parceiro comercial como o maior investidor no Brasil.

A tensão permanente acerca da intervenção do Brasil na disputa nuclear iraniana, e a irrefletida decisão dos EUA de continuar a punir os brasileiros por sua iniciativa mal sucedida mas mal compreendida não vai ajudar. O Brasil de Dilma não vai mudar de rumo – e, de fato, não deveria. Com outras prioridades mais urgentes, Dilma é deve manter a continuidade da experiente e bem sucedida equipe de Amorim no Itamaraty, um grupo que, apesar da controvérsia, levou a níveis sem precedentes a influência internacional do Brasil. (Se o próprio Amorim não ficar, o principal candidato para o Ministério dos Negócios Estrangeiros é extremamente realizado seu vice, Antonio Patriota, um pensador diplomata de carreira de classe mundial.)

Assim, se a próxima líder do Brasil vai enfrentar grandes desafios, cercada pela equipe realizada e eficaz, que produziu muito progresso para o país nos últimos oito anos, ela está bem posicionada para manter a impressionante dinâmica atual desse país.

Nature: Lula mudou a ciência no Brasil com aumento contínuo do investimento em pesquisa; Dilma deve manter a política


Matéria da Nature.

Ciência segura nas eleições do Brasil
Próximo chefe de Estado não deve perturbar o status quo.

Anna Petherick 



Dilma Rousseff pode ser ainda melhor para a ciência brasileira do que o presidente Lula.
Como muitos outros brasileiros, os cientistas do país têm esperança que as eleições presidenciais de 03 de outubro tragam o mínimo possível de mudanças. Depois de quase uma década de forte apoio à ciência pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, sua provável sucessora, Dilma Rousseff, tem tudo para manter esse quadro. A educação formal do próprio Lula pode ter sido escassa, mas, durante seus sete anos como presidente, ele elevou o status da ciência no Brasil por meio de um aumento constante da participação do financiamento da pesquisa no produto interno bruto (ver gráfico) – que, por si só, cresceu de forma impressionante (ver Nature 465, 674-675, 2010). Ele também tem elevado perfil científico do Brasil, escrevendo numerosos editoriais sobre suas iniciativas em desenvolvimento da ciência, inclusive um na revista Scientific American, em 2008, e seu ministro da ciência por cinco cinco anos, Sérgio Rezende, publicou pesquisa sobre o spin-waves teoria na Physical Review Letters, enquanto no cargo.




"O governo Lula trouxe um aumento muito importante no financiamento e fez um trabalho muito importante em termos de estabelecimento de políticas e definição de agenda", diz Paulo Gadelha, presidente da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), Instituto de Pesquisas Biomédicas do Rio de Janeiro. "Foi a primeira vez que reunimos áreas tradicionais relacionadas à política industrial com àquelas relacionadas à saúde, ao financiamento à ciência e à agricultura."

Mas nem tudo foram boas notícias, contudo. A ex-Ministra de Meio Ambiente de Lula, Marina Silva - que está agora está disputando contra Dilma - se demitiu em 2008 porque acha que o governo não está fazendo o suficiente para proteger a Amazônia. Apesar de suas preocupações, os números de 2009 mostraram que o desmatamento caiu para um nível recorde de 7.464 quilômetros quadrados. Outra forte queda é esperada quando os números de 2010 forem divulgados, ainda este ano.

Rousseff, candidata de centro-esquerda do Partido dos Trabalhadores, detém uma posição forte como candidata ungida por Lula para a eleição. Desde o final de agosto, quase 50% dos brasileiros entrevistados disseram que pretendem votar nela para presidente. Os candidatos precisam metade da votação popular, mais um voto, para ganhar em definitivo, e seu riva mais próximo, José Serra, da oposição de centro-direita do Partido Social Democracia Brasileira, está oscilando em torno de 28%. Silva está em terceiro lugar.

Espera-se que Dilma Rousseff prossiga com as políticas de Lula em seu mandato. No entanto, não seria necessariamente uma má notícia para a ciência, se Serra ganhasse. A valorização dos benefícios económicos a longo prazo da inovação é espalhado de forma bastante equilibrada por todos partido, afirma Eduardo Viotti, da Universidade Columbia, em Nova York, que aconselha o Senado brasileiro sobre a política para a ciência. Serra foi um popular ministro da saúde, durante a presidência do antecessor de Lula, Fernando Henrique Cardoso, quando muitas das leis que sustentam os gastos de Lula em ciência foram aprovadas.

Se Dilma Rousseff conquistar a vitória, ela poderá fazer ainda mais para a ciência brasileira do que Lula. Muito se fala de como ela não tem o seu carisma, mas, com sua longa carreira como administradora diligente e eficaz, "ela provavelmente será capaz de ir mais longe em algumas das discussões que estão acontecendo no momento, por exemplo na integração entre a política científica e tecnológica e a política de saúde", Viotti aponta. Esse tipo de integração cuidadosa, é claro, recai sobre os ombros do ministro da ciência, que é deve ser um dos últimos a ser nomeado no novo gabinete.

A escolha do ministro das Finanças de Dilma também vai ser fundamental. Luciano Coutinho, apontado como o favorito para o cargo, é atualmente chefe do Banco Nacional de Desenvolvimento, o BNDES, no Rio de Janeiro. Pelo menos no papel, Coutinho parece ser um ministro das Finanças de sonho para a comunidade de pesquisa. Ex-secretário executivo do Ministério da Ciência e Tecnologia, Coutinho é também professor da Universidade Estadual de Campinas, em São Paulo, e especialista em economia da inovação. Ele já declarou que, como ministro das finanças, ele cortaria o déficit do Brasil e, assim, as taxas de juros - um passo que pode impulsionar o investimento em pesquisa e desenvolvimento corporativo no Brasil. Cientistas têm feito lobby junto a políticos de forma invulgarmente agressiva e coordenada este ano. A Academia Brasileira de Ciências e a Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência fizeram circular uma carta a todos os candidatos presidenciais exortando-os a prestar mais atenção à educação em ciência básica e matemática.
Além disso, uma comissão nomeada por Rezende, liderada pelo físico Luiz Davidovich, da Universidade Federal do Rio de Janeiro, está terminando um guia para a equipe do próximo governo. Ele contém recomendações formuladas em conjunto por cientistas em conferências regionais e nacionais de política científica, tais como a necessidade de maior ênfase na formação científica, para permitir ao Brasil aproveitar a recém-descoberta riqueza em petróleo, encontrado ao largo da costa de São Paulo e Rio Janeiro em 2007, enquanto a preserva a Amazônia. Como equilibrar essas questões em uma política de mudança climática coerente é fundamental para o futuro do Brasil.

terça-feira, 28 de setembro de 2010

IG: segundo Serra, deputado ajudado pelo Governo do Estado tem obrigação de apoiar sua candidatura. Fisiologismo?


Matéria do Ultimo Segundo / IG, destacada pelo Blog do Nassif.

Será que eu entendi direito? Se o Governo do Estado de São Paulo ajudou um deputado (melhor nem querer saber que ajuda é essa), ele é obrigado a apoiar o ex-governador Serra em sua campanha? Teria o candidato Serra tentado usar a máquina do Governo do Estado de São Paulo para comprar apoio de deputados do PMDB? Dinheiro e máquina pública em troca de apoio: é isso?


Candidato tucano critica deputados estaduais do PMDB que declararam apoio a Dilma Rousseff
Piero Locatelli, enviado a Barretos (SP) | 27/09/2010 20:12

O candidato do PSDB à Presidência, José Serra, reclamou hoje dos deputados do PMDB de São Paulo que declararam apoio à presidenciável petista Dilma Rousseff na reta final de campanha. O tucano afirmou que é necessário "deixar os traíras de lado". As críticas foram direcionadas principalmente ao deputado estadual Uebe Rezeck, candidato à reeleição e prefeito de Barretos por três mandatos.

No começo da campanha, Rezeck participou de várias atividades com o candidato tucano ao governo do Estado, Geraldo Alckmin, e chegou a pedir votos a Serra. "Aqui em Barretos, tem um deputado que é traíra, que é o doutor Rezeck, que foi muito apoiado pelo governo do Estado e, na última hora, foi chamado pelo outro e foi apoiar Dilma", disse Serra ao chegar ao aeroporto de Barretos no início da noite desta segunda-feira.

Na sua chegada, o tucano foi saudado por um locutor de rodeio vestido a caráter, com roupa e chapéu de vaqueiro. Serra tomou emprestado o microfone do vaqueiro para fazer seu discurso no aeroporto. O candidato disse ainda que a consequência da deserção nos votos peemedebistas "será insignificante" nas urnas. E acrescentou que "gente como Rezeck não tem estrutura moral para fazer política".

A respeito da medida que impedia a divulgação no Tocantins de informações sobre suposto envolvimento do governador e candidato à reeleição Carlos Gaguim em esquema de desvio de recursos públicos, Serra elogiou a decisão do Tribunal Regional Eleitoral do Tocantins (TRE-TO) que derrubou nesta tarde a censura à imprensa no Estado.

O candidato desembarcou em Barretos com tempo fechado, vindo de Presidente Prudente, após tentativa frustrada de chegar a Araçatuba, onde tinha agenda na tarde de hoje. Questionado pelos jornalistas sobre o fato de não ter feito perguntas diretamente para Dilma Rousseff no debate de ontem à noite, na TV Record, Serra não quis falar sobre o assunto. Tampouco respondeu a perguntas sobre a crítica feita a ele pela candidata verde, Marina Silva, que na manhã de hoje, em Guarulhos, o acusou de "intimidar a imprensa".

PML, na Época: tucanos acusam Lula e o PT, mas são eles que impõem censura.


Artigo da Época, sugerido pela indispensável "Maria Frô"

O artigo tem uma lucidez rara na velha mídia, mas é interessante notar os limites impostos pelo coorporativismo. Lendo o texto, parece que apenas caciques tucanos acusaram Lula e o PT; não há menção sequer à gritaria histérica de manchetes e articulistas ressoando as acusações.

Paulo Moreira Leite

Menos de uma semana depois que o PSDB promoveu um ato de protesto em defesa da liberdade de imprensa, no Largo São Francisco, em São Paulo, Mauro Paulino, diretor do DataFolha, escreve no jornal:

"Enquanto o PT vociferava contra os excessos da imprensa, o PSDB opunha-se concretamente ao direito constitucional de livre acesso à informação, censurando divulgações de pesquisas no Paraná. A pedido do candidato tucano Beto Richa, os juízes do TRE local proibiram os institutos de divulgar seus resultados. A decisão transforma o Paraná em um sombrio laboratório da classe política em seu anseio de reservar essas informações apenas para consumo próprio. Aos eleitores, cobaias da desinformação, oferecem em troca a boataria das porcentagens."

Trata-se de um caso didático para quem levou a sério as denuncias de ameaça à liberdade de imprensa levantadas nos últimos dias. Eu sempre disse que eram acusações de fundo eleitoral. O vexame paranaense demonstra isso.

Até agora, Lula pode ter xingado e esbravejado. Acho que o presidente tem o direito de manifestar sua opinião, mas que precisa ser cometido e manter a prudência, pois se trata de uma autoridade com poder de perseguir, pressionar — e até de assinar cheques.

Mas é preciso reconhecer que Lula não foi à Justiça para pedir a publicação de notícias desagradáveis contra seu governo. Imagine se tivesse feito isso quando surgiram as denúncias sobre Erenice Guerra. Ou se resolvesse impedir a divulgação das pesquisas que mostram que a vantagem de Dilma Rousseff diminuiu.

Este é o aspecto curioso deste episódio. Os tucanos acusam os petistas de pressionar a imprensa para não publicar notícias desagradáveis. Mas, na hora da dificuldade, é o PSDB quem parte para a truculência.

Isso ensina alguma coisa?

Acho que sim — e lembra, em escala miniatura, aquilo que aconteceu em 1964. Me perdoem a comparação, mas ela é inevitável.

Depois de acusar um governo constitucional de preparar a instauração de uma republica sindicalista e abrir o terreno para um regime comunista, seus adversários deram um golpe de Estado, suspenderam as liberdades e as eleições democráticas por 25 anos.

Ao promover a censura, uma semana depois de acusar o governo Lula de pretender fazê-lo, os tucanos do Paraná deram uma demonstração da fraqueza de seus anunciados compromissos com a liberdade, não é mesmo?

C-se: Marcelo Tas: Veja só publica o que favorece seus interesses e quer o monopólio da verdade.


Matéria do Comunique-se.

Da Redação

Em sua edição de 01/11, a revista Veja afirmou na coluna "Veja Essa" que o jornalista Marcelo Tas recebe dinheiro de Fábio Luis Lula da Silva, filho do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Em resposta, Tas enviou uma carta para a direção da revista, desmentindo as acusações e exigindo retratações. Como não foi atendido e não obteve nenhum retorno do veículo, explicou o fato e publicou a carta em um post de 06/11 em seu blog no UOL.

No texto, Tas classificou de "mentirinhas maldosas" as afirmações de Veja e disse que enviou a carta à revista mesmo sob avisos de que a mesma não seria publicada. Também escreveu que "é triste constatar que uma revista que se diz defensora da liberdade de expressão e dos valores democráticos mostre na prática que sua real vocação é exatamente o contrário. Na verdade, Veja só publica o que favorece os seus próprios interesses".

Questionado sobre de que forma denegrir sua imagem favoreceria os interesses da revista, Tas respondeu que ele é o maior interessado em entender a real motivação da semanal da editora Abril. Ele ainda levantou a tese de que Veja atua no sentido de conquistar o monopólio da verdade a qualquer preço, "nem que para isso tenha que manipular os fatos e mentir redondamente (...). Este procedimento arrogante, de dono da verdade, fica patente na atitude da revista de não publicar minha carta de resposta ou mesmo ouvir o "outro lado" antes de publicar a nota, como sugere regra elementar de bom jornalismo", afirmou, em entrevista por e-mail ao Comunique-se.

Tas foi contratado em fevereiro de 2005 para apresentar o programa Saca-Rolha, que ia ao ar às 23h30 pela Rede 21, emissora do Grupo Bandeirantes de Comunicação. Em maio de 2006, a Rede 21 mudou de nome para PlayTV! e a Gamecorp, empresa na qual o filho do presidente é sócio, ficou responsável pela faixa de horário entre 17 e 22h00. A coluna "Veja Essa" afirmou que o jornalista passou a aparecer na PlayTV! ao mesmo tempo em que ele começou a receber dinheiro de Fábio Lula, no ano de 2006.

O jornalista contesta essa afirmação, apontando que seu programa é veiculado fora do horário gerido pela Gamecorp e que, desde que trabalha na emissora, nunca foi vítima de censura ou pressão para abordar determinado assunto. "Muito menos recebi dinheiro, como diz a Veja, para defender o filho do presidente ou qualquer outra figura, político, partido ou grupo comercial", disse. Além disso, Tas afirma o fato da revista ter afirmado que ele começou a aparecer na PlayTV! em 2006, quando na verdade foi em 2005, denota que Veja "sequer deu-se ao trabalho de apurar as informações antes de publicá-las".

Tas atribuiu o texto a Julio César Barros, um dos editores sênior da revista. Por telefone, Barros afirmou que não foi ele quem escreveu o texto, que não sabia porque havia sido citado por Tas e que por isso não iria comentar o caso. Apontou que o responsável pela redação da "Veja Essa" foi o editor Felipe Patury, que por sua vez afirmou que se trata de uma nota não assinada e que por isso não é sua opinião que está expressa ali, mas sim a da publicação.

Eurípides Alcântara, diretor de redação da Veja, afirmou que mandou apurar esse assunto internamente e que ainda não tem uma resposta definitiva. O diretor garantiu que assim que essa resposta for obtida ela será dividida com este Comunique-se.

Em manifesto, juristas afirmam que Governo Lula consolidou liberdades e valores democráticos.

Segue a íntegra do manifesto de juristas acerca dos riscos à democracia no Governo Lula (com grifos meus em negrito).


Em uma democracia, todo poder emana do povo, que o exerce diretamente ou pela mediação de seus representantes eleitos por um processo eleitoral justo e representativo. Em uma democracia, a manifestação do pensamento é livre. Em uma democracia as decisões populares são preservadas por instituições republicanas e isentas como o Judiciário, o Ministério Público, a imprensa livre, os movimentos populares, as organizações da sociedade civil, os sindicatos, dentre outras.

Estes valores democráticos, consagrados na Constituição da República de 1988, foram preservados e consolidados pelo atual governo.

Governo que jamais transigiu com o autoritarismo. Governo que não se deixou seduzir pela popularidade a ponto de macular as instituições democráticas. Governo cujo Presidente deixa seu cargo com 80% de aprovação popular sem tentar alterar casuisticamente a Constituição para buscar um novo mandato. Governo que sempre escolheu para Chefe do Ministério Público Federal o primeiro de uma lista tríplice elaborada pela categoria e não alguém de seu convívio ou conveniência. Governo que estruturou a polícia federal, a Defensoria Pública, que apoiou a criação do Conselho Nacional de Justiça e a ampliação da democratização das instituições judiciais.

Nos últimos anos, com vigor, a liberdade de manifestação de idéias fluiu no País. Não houve um ato sequer do governo que limitasse a expressão do pensamento em sua plenitude.

Não se pode cunhar de autoritário um governo por fazer criticas a setores da imprensa ou a seus adversários, já que a própria crítica é direito de qualquer cidadão, inclusive do Presidente da República.

Estamos às vésperas das eleições para Presidente da República, dentre outros cargos. Eleições que concretizam os preceitos da democracia, sendo salutar que o processo eleitoral conte com a participação de todos.

Mas é lamentável que se queira negar ao Presidente da República o direito de, como cidadão, opinar, apoiar, manifestar-se sobre as próximas eleições. O direito de expressão é sagrado para todos – imprensa, oposição, e qualquer cidadão. O Presidente da República, como qualquer cidadão, possui o direito de participar do processo político-eleitoral e, igualmente como qualquer cidadão, encontra-se submetido à jurisdição eleitoral. Não se vêem atentados à Constituição, tampouco às instituições, que exercem com liberdade a plenitude de suas atribuições.

Como disse Goffredo em sua célebre Carta: “Ao povo é que compete tomar a decisão política fundamental, que irá determinar os lineamentos da paisagem jurídica que se deseja viver”. Deixemos, pois, o povo tomar a decisão dentro de um processo eleitoral legítimo, dentro de um civilizado embate de idéias, sem desqualificações açodadas e superficiais, e com a participação de todos os brasileiros.

ADRIANO PILATTI - Professor da PUC-Rio

AIRTON SEELAENDER - Professor da UFSC

ALESSANDRO OCTAVIANI - Professor da USP

ALEXANDRE DA MAIA - Professor da UFPE

ALYSSON LEANDRO MASCARO - Professor da USP

ARTUR STAMFORD - Professor da UFPE

CELSO ANTONIO BANDEIRA DE MELLO - Professor Emérito da PUC-SP

CEZAR BRITTO - Advogado e ex-Presidente do Conselho Federal da OAB

CELSO SANCHEZ VILARDI - Advogado

CLÁUDIO PEREIRA DE SOUZA NETO - Advogado, Conselheiro Federal da OAB e Professor da UFF

DALMO DE ABREU DALLARI - Professor Emérito da USP


DIOGO R. COUTINHO - Professor da USP

ENZO BELLO - Professor da UFF

FÁBIO LEITE - Professor da PUC-Rio

FELIPE SANTA CRUZ - Advogado e Presidente da CAARJ

FERNANDO FACURY SCAFF - Professor da UFPA e da USP

FLÁVIO CROCCE CAETANO - Professor da PUC-SP

FRANCISCO GUIMARAENS - Professor da PUC-Rio

GILBERTO BERCOVICI - Professor Titular da USP

GISELE CITTADINO - Professora da PUC-Rio


GUSTAVO JUST - Professor da UFPE

HENRIQUE MAUES - Advogado e ex-Presidente do IAB

HOMERO JUNGER MAFRA - Advogado e Presidente da OAB-ES

IGOR TAMASAUSKAS - Advogado

JARBAS VASCONCELOS - Advogado e Presidente da OAB-PA

JAYME BENVENUTO - Professor e Diretor do Centro de Ciências Jurídicas da Universidade Católica de Pernambuco

JOÃO MAURÍCIO ADEODATO - Professor Titular da UFPE

JOÃO PAULO ALLAIN TEIXEIRA - Professor da UFPE e da Universidade Católica de Pernambuco

JOSÉ DIOGO BASTOS NETO - Advogado e ex-Presidente da Associação dos Advogados de São Paulo


LENIO LUIZ STRECK - Professor Titular da UNISINOS

LUCIANA GRASSANO - Professora e Diretora da Faculdade de Direito da UFPE

LUÍS FERNANDO MASSONETTO - Professor da USP

LUÍS GUILHERME VIEIRA - Advogado

LUIZ ARMANDO BADIN - Advogado, Doutor pela USP e ex-Secretário de Assuntos Legislativos do Ministério da Justiça

LUIZ EDSON FACHIN - Professor Titular da UFPR

MARCELLO OLIVEIRA - Professor da PUC-Rio

MARCELO CATTONI - Professor da UFMG

MARCELO LABANCA - Professor da Universidade Católica de Pernambuco

MÁRCIA NINA BERNARDES - Professora da PUC-Rio

MARCIO THOMAZ BASTOS - Advogado

MARCIO VASCONCELLOS DINIZ - Professor e Vice-Diretor da Faculdade de Direito da UFC

MARCOS CHIAPARINI - Advogado

MARIO DE ANDRADE MACIEIRA - Advogado e Presidente da OAB-MA

MÁRIO G. SCHAPIRO - Mestre e Doutor pela USP e Professor Universitário

MARTONIO MONT'ALVERNE BARRETO LIMA - Procurador-Geral do Município de Fortaleza e Professor da UNIFOR

MILTON JORDÃO - Advogado e Conselheiro do Conselho Nacional de Política Criminal e Penitenciária

NEWTON DE MENEZES ALBUQUERQUE - Professor da UFC e da UNIFOR

PAULO DE MENEZES ALBUQUERQUE - Professor da UFC e da UNIFOR

PIERPAOLO CRUZ BOTTINI - Professor da USP

RAYMUNDO JULIANO FEITOSA - Professor da UFPE

REGINA COELI SOARES - Professora da PUC-Rio

RICARDO MARCELO FONSECA - Professor e Diretor da Faculdade de Direito da UFPR

RICARDO PEREIRA LIRA - Professor Emérito da UERJ

ROBERTO CALDAS - Advogado

ROGÉRIO FAVRETO - ex-Secretário da Reforma do Judiciário do Ministério da Justiça

RONALDO CRAMER - Professor da PUC-Rio

SERGIO RENAULT - Advogado e ex-Secretário da Reforma do Judiciário do Ministério da Justiça

SÉRGIO SALOMÃO SHECAIRA - Professor Titular da USP

THULA RAFAELLA PIRES - Professora da PUC-Rio

WADIH NEMER DAMOUS FILHO - Advogado e Presidente da OAB-RJ

WALBER MOURA AGRA - Professor da Universidade Católica de Pernambuco