terça-feira, 20 de março de 2012

BBC: programa brasileiro de estudos no exterior tem escala e velocidadesem precedentes


Matéria publicada pela BBC Brasil.






O programa Ciência sem Fronteiras, que prevê a entrega de milhares de bolsas de estudo para que brasileiros se capacitem no exterior, foi qualificado pela revista britânica The Economist como a "mais ousada tentativa do Brasil de estimular seu crescimento econômico".

Lançado em 2011, em parceria dos ministérios da Ciência e da Educação, o projeto tem como meta formar alunos de graduação e pós-graduação em países como Alemanha, EUA e Reino Unido, para torná-los, nas palavras do governo federal, "competitivos em relação à tecnologia e inovação".

"Até o final de 2015, mais de 100 mil brasileiros (oficialmente, o governo brasileiro diz que serão 75 mil) terão passado cerca de um ano no exterior nas melhores universidades do mundo, estudando temas como biotecnologia, oceanologia e engenharia de petróleo, que o governo considera essenciais para o futuro do país", escreveu a Economist em sua edição que chegou às bancas nesta sexta-feira. "Isso custará R$ 3 bilhões, sendo um quarto disso pago por empresas e o resto, pelo dinheiro dos impostos."

Dos arquivos:
O vira-lata, a cramberry e a jabuticaba
Keneth Rapoza, na Forbes: as descobertas da Petrobras no pré-sal são, para o Brasil, o que pousar na lua foi para os EUA
Corte seco.
Valor: Bolsa família reduz evasão escolar e melhora aproveitamento dos alunos.
Jornal da Ciência: UFRJ inaugura laboratório que impulsiona programa nuclear
Portal Exame: Embrapa se prepara para atender a demanda externa por seus serviços e sua tecnologia.
Newsweek: com suas conquistas desde 2003, o Brasil surge como modelo na luta contra a pobreza.

A revista cita autoridades defendendo que a melhoria na qualidade da mão de obra brasileira pode fazer "uma grande diferença" - ainda que no longo prazo - no fomento às taxas de crescimento da economia, atualmente menores que as de outros países do grupo Bric.

Além disso, brasileiros diplomados ganham, em média, 3,6 vezes mais do que os formados apenas no ensino médio, segundo a publicação britânica.

Mão de obra qualificada
"Empresários se queixam da dificuldade em encontrar mão de obra qualificada (no Brasil). Pessoas treinadas em áreas científicas são especialmente escassas. O Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada) diz que muitos dos 30 mil engenheiros formados anualmente no país vêm de instituições medíocres", prossegue a reportagem.

"As autoridades esperam que estudantes retornem com boas ideias do exterior e elevem os níveis (de ensino) esperados nas universidades brasileiras."

A revista também cita Allan Goldman, do grupo sem fins lucrativos Institute of International Education, dizendo que o programa brasileiro tem "escala e velocidade sem precedentes".

Até então, o envio de brasileiros para estudos no exterior era menor que o de países como Índia e China.
"Os EUA são o destino mais popular, mas até o ano passado havia apenas 9 mil brasileiros em campi americanos (excluindo-se os estudantes de idiomas). Juntos, os chineses e indianos somavam 260 mil", afirma a Economist.

sexta-feira, 16 de março de 2012

Eu só sei de mim - e olhe lá.

Corte seco

Os pés estão absolutamente paralelos - um ao outro e ao meio fio junto deles. O corpo e a coluna, em unidade, são mantidos perfeitamente estirados perpendicularmente ao solo, como se os quisesem substitutos de um poste. O homem estende o braço direito, até então alinhado junto ao troco, na altura exata de seu ombro e em direção ortogonal a da calçada. Desta forma, ele solicita a parada do ônibus.

O veículo para ao lado do homem. Girando o corpo precisos noventa graus, ele se coloca de frente para o coletivo e, com os pés novamente em rígido paralelismo, perfaz a distancia até a porta com passos idênticos. Diante da porta, em seu exato centro, o sujeito suspende simultaneamente os dois braços até as alças e, depois uma, das pernas, formando com seu joelho um ângulo reto. Firme e seguro, ele traz a outra perna para o primeiro degrau, sem que se altere a angulação entre sua coluna, o chão e o vão da porta; repetindo a operação, novamente precisa, ele se coloca diante da roleta.

Ali, após um novo giro de noventa graus, com que se põe frente a frente com o trocador e com o peito paralelo ao balconete, o homem estica por completo seu braço esquerdo para o lado, postando sua mão à altura de seus ombros, e descreve com ela um setor de circulo para efetuar o pagamento. Recebido o troco, realiza o movimento inverso com seu braço para, em seguida, vencer a roleta com com precisão que impede qualquer meneio da cabeça ou a oscilação de uma mísera vértebra ou do quadril.

Parado agora justo no meio do corredor, o passageiro gira sobre o eixo de sua coluna, virando-se para a dianteira do ônibus. Segue então seu caminho até o primeiro banco do veículo, a passos rigorosamente iguais, como atestaria quem os medisse. Com apenas um exato passo lateral, posta-se em posição para sentar-se, finalizando a operação com harmonia perfeita, simétrica, absoluta - geométrica, poderíamos dizer.

Instantes depois, em alta velocidade e desgovernado pelo estouro de um pneu, o ônibus colide frontal e ortogonalmente contra um poste. Em um vôo cheio de voltas barrocas, o homem é atirado contra o para-brisa e, através dele, à calçada.

Estatelado sobre a calçada, depois de cruzá-la sem direção certa, aos rodopios e meias-cambalhotas, em posição digna de um contorcionista - aparentando ter mais membros que de fato tem – o corpo do homem finalmente volta a conhecer ângulos variados e a possibilidade de curvaturas e posturas assimétricas.

Pena, porém, já não haver, então, proveito para essas vãs liberdades.

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Achei esse texto (bem velhinho) no HD e deu vontade de postar aqui.

segunda-feira, 5 de março de 2012

Holanda manda delegação conhecer experiência do Conselhão

Matéria publicada pelo Brasília em tempo real.


O Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social recebeu nesta sexta, dia 2, representantes do Conselho Científico Holandês que está em missão no Brasil. Os conselheiros holandeses tinham como objetivo principal conhecer melhor o trabalho desenvolvido pelo CDES e entender melhor como o tema do novo padrão de desenvolvimento está sendo tratado.

A reunião entre o CDES e o Conselho Científico Holandês foi aberta pelo conselheiro Murillo de Aragão que apresentou o trabalho do Conselho, falando de como se deu a criação do CDES no Brasil, passando pela composição, chegando, por fim, nos principais temas tratados. Aragão enfatizou a importância do Conselho como fórum de diálogo, lembrando que as recomendações feitas pelo CDES são fruto de um intenso debate em que a busca pelo consenso é um dos principais objetivos.

Leia também:
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Keneth Rapoza, na Forbes: as descobertas da Petrobras no pré-sal são, para o Brasil, o que pousar na lua foi para os EUA
Portal Exame: Embrapa se prepara para atender a demanda externa por seus serviços e sua tecnologia.
Newsweek: com suas conquistas desde 2003, o Brasil surge como modelo na luta contra a pobreza.

Ao comentar a apresentação, Peter van Lieshout, um dos representantes do conselho holandês, se mostrou muito impressionado com a amplitude de representações presentes no CDES. Comparando com seu similar holandês e com outros conselhos europeus, ele ressaltou que as instituições internacionais tendem a ter uma composição dividida entre empresários e trabalhadores o que de alguma forma restringe sua atuação. Ary Quintella, diretor internacional da Secretaria de Assuntos Estratégicos explicou que essa multiplicidade de representações se dá muito em função das dimensões e diversidades econômicas, sociais, culturais e regionais brasileiras.

Em um segundo momento da reunião, o professor da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Ricardo Bielchowsky, fez uma apresentação sobre o novo modelo de desenvolvimento brasileiro. Bielchowsky foi consultor do CDES quando da elaboração da Agenda do Novo Ciclo de Desenvolvimento, lançada em junho de 2010. O professor fez um resumo rápido sobre os principais padrões de comportamento brasileiros, que seriam: 1) 1930 a 1980 - desenvolvimento via industrialização com alto crescimento econômico (7,4% de 1950 a 1980); 2) 1980 - 2002 - período de instabilidade macroeconômica (1980 a 1994), caracterizado pelo baixo crescimento da economia; 3) a partir de 2003 - novo padrão de desenvolvimento, com retomada do crescimento econômico.

Para o professor Bielchowsky há hoje um embrião de um promissor projeto de desenvolvimento nacional, que consiste de três "motores" de investimento, que seriam i) o crescimento e redistribuição de renda por meio da produção e consumo de massa, ii) atividades provenientes de recursos naturais (como petróleo e hidrelétricas) e iii) a infraestrutura. Como "turbinadores" destes "motores", o professor coloca i) a ciência e tecnologia e inovação e ii) políticas adequadas para os setores tradicionais.

Ao fim do encontro, os representantes holandeses se disseram muito bem impressionados com a amplitude do trabalho que vem sendo realizado pelo CDES e disseram que a missão no Brasil irá se reunir com mais de quarenta instituições brasileiras. O Conselho Científico Holandês é o principal órgão de aconselhamento do governo, sendo vinculado ao Gabinete do Primeiro Ministro.  Atualmente, está trabalhando no projeto intitulado: "Como viveremos daqui a 20 anos?", com o objetivo de guiar a estratégia de crescimento econômico do país.