sexta-feira, 30 de setembro de 2011

Keneth Rapoza, na Forbes: as descobertas da Petrobras no pré-sal são, para o Brasil, o que pousar na lua foi para os EUA

Artigo publicado no site da Forbes e (muito mal) traduzido por mim.
As descobertas de petróleo em águas profundas no Rio de Janeiro em 2007 foram um salto à frente gigante para o Brasil.

Entre 1959 e 1969, o orçamento do governo dos EUA para o programa espacial foi de 225 bilhões (dólares de 2007) - e o do amado programa Apollo foi de US$ 136 bilhões. Andar na lua foi a superação dos cosmonautas russos pelos EUA. Foi também uma prova do que ficou conhecido como excepcionalismo americano. Alguns países tem isso. Outros não.

O Brasil tem.

Investidores e aventureiros selvagens, de Jacques Custeau a Sir Richard Branson, disseram que a exploração em alto mar é a próxima grande missão da Terra. Nós podemos explorar o fundo dos oceanos antes que o homem possa explorar Marte. E o que encontraremos no fundo do oceano provavelmente será algo que todos querem: petróleo.

A companhia petrolífera brasileira Petrobras achou - cerca de quatro anos atrás, na costa do Rio de Janeiro, quilômetros abaixo do nível do mar e mais um tanto abaixo do leito de sal do Oceano Atlântico. Estima-se que a Bacia de Santos armazena até 40 bilhões de barris de petróleo. A Petrobras a encontrou. Foi o pouso lunar do Brasil.

Nos próximos 10 anos, a indústria de petróleo e gás vai investir cerca de US $ 3 trillion exploração e perfuração de petróleo ao redor do mundo. Desse total, cerca de um terço será investido no Brasil. Ao longo dos próximos cinco anos, a Petrobras vai investir mais em petróleo de águas profundas (224,7 bilhões de dólares, segundo a empresa) do que a NASA gastou em 10 anos na missão Apollo.

Perfuração em águas profundas é caro. A perfuração do pré-sal exige tecnologias avançadas. É quase impossível ver abaixo todo o aquele sal. "É essencialmente ir onde nenhuma perfuração foi antes", disse José Valera, um advogado de Mayer Brown, ao Financial Times nesta semana. "Em águas profundas, é um verdadeiro esforço de exploração. Agora estamos descobrindo esses tremendos recursos. Isso realmente é uma nova fronteira ".

Cerca de 40% da Bacia de Santos foi leiloado, com outros 60% ainda a leiloar. Alguns poços estavam secos, mas, com base no que a Petrobras confirmou até agora, é provável que o Brasil passe de 19º  para quinto maior produtor de petróleo na Terra. Isso irá colocá-lo perto de Venezuela, um dos cinco maiores produtores de petróleo para os EUA.

A descoberta de petróleo pela Petrobras vai fazer tanto economicamente para o Brasil quanto a missão Apollo fez para a ciência americana. Os poços de petróleo da Petrobras no Atlântico não são um zumbido nacional temporário, como a Copa do Mundo da FIFA, que virá ao Brasil em 2014, ou até mesmo os Jogos Olímpicos de Verão de 2016. Isso é permamente, notícias boas de longo prazo para o Brasil.

"Toda a economia do Brasil vai se beneficiar muito com o que a Petrobras descobriu no oceano", diz Pedro Cordeiro, um analista do setor de petróleo e gás da Bain & Company no Rio de Janeiro. "O Brasil é o que a Noruega foi 34 anos atrás, pouco antes das descobertas do Mar do Norte. Antes disso, a maior exportação da Noruega era o bacalhau. Agora, eles produzem cerca de 2,2 milhões de barris de petróleo por dia. O Brasil vai produzir cerca de 2,5 milhões de barris por dia. Toda a tecnologia da Noruega para petróleo em águas profundas se expandiu, e agora eles exportam mais isso do que petróleo. Eles construíram a sua indústria de petróleo a partir do zero e hoje são um dos centros de petróleo do mundo. "O preço do petróleo Brent bruto é baseado principalmente no petróleo norueguês. "É para ai que o Rio está indo. Vai se tornar a nova Houston."

A Petrobras é de propriedade majoritária do governo, mas, fora os EUA e a Europa, este é um dos únicos mercados de petróleo estrangeiros que permite aos investidores estrangeiros entrar e perfurar. Todas as grandes do petróleo estão no Brasil por causa da Bacia de Santos, apesar de ter que formar parceria com a Petrobras e ceder de 30% da parceria para a gigante petrolífera brasileira. Todas as grandes de serviços de perfuração estão lá, mesmo sendo contra os incentivos do governo, que favorecem o crescimento dos atores locais. Elas estão lá porque tem que estar. O rico em petóleo Oriente Médio é majoritariamente fechado para empresas privadas. O Brasil na década de 2000 é tão bom quanto poderia ser. O setor está tão aquecido, que, quando a OGX Petróleo  (dirigida pelo bilionário da Forbes Eike Batista) fez uma oferta pública inicial para sua empresa em 2008, ela arrecadou quase US $ 5 bilhões dos investidores e ainda não tinha descoberto uma gota de óleo.

"A descoberta da Petrobras será uma bênção para a economia brasileira", diz Cordeiro de seu escritório na Cinelândia, uma região do Rio visitada pelo presidente Barack Obama em março. "Você está olhando para cerca de um trilhão de reais ($ 555 bilhões) em infra-estrutura necessária e eu estimo que 40% desse dinheiro será apenas para a indústria de petróleo e gás", diz ele. "O petróleo e o gás são importantes, mas haverá um montante de investimento devido a esta descoberta em áreas como biocombustíveis ou até mesmo a tecnologia de biocombustíveis."

O Brasil nem sempre percebeu isso bem. Eles estão constantemente propondo novas mudanças nos royalties sobre o petróleo, que pode irritar as companhias de petróleo estrangeiras, e mesmo a Petrobras, que também tem que pagá-los. A Agência Nacional do Petróleo quer leiloar mais campos de petróleo no segundo semestre de 2012, o primeiro leilão desde 2007. A  atual disputa por royaties entre os estados, clamando por sua parte da recompensa, está retardando as coisas tanto quanto o derramamento de óleo BP reduziu a produção no Golfo do México.

Isso é a política brasileira ordinária. A Petrobras enfrenta desafios extraordinários. Mas este é um programa e uma grande multinacional, que a política no Brasil nunca vai enfraquecer.

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