Segue em (péssima) tradução minha (com uma ou outra ajuda o Google) e alguns grifos meus, o editorial da The Economist.
O original está aqui.
Novas alianças na América Latina
De que lado o Brasil está?
Tempo para Lula para defender a democracia em vez de abraçar autocratas
Esse é um grande momento para ser um brasileiro e, especialmente, Luiz Inácio Lula da Silva, o inspirador presidente do país. Por muito tempo o gigante da América Latina com desempenho cronicamente baixo, hoje, o Brasil está em todas as listas de meia-dúzia ou mais novos lugares que importam no século 21. Parece que nenhum encontro internacional, seja para discutir a reforma financeira ou a mudança climática, está completo sem Lula, um ex-metalúrgico e líder sindical cuja bonomia e instinto de conciliação entre os opostos políticos fazem dele amigo em toda parte. "Ele é meu homem", jorrou Barack Obama na cúpula do G20 em Londres; Fidel Castro o chama de "nosso irmão Lula".
O novo destaque do Brasil é merecido. Ele decorre, em grande parte, do sucesso de Lula e seu antecessor, Fernando Henrique Cardoso, em estabilizar uma economia previamente disfuncional, levando a um rápido crescimento econômico. Uma das dez maiores economias do mundo, foi uma das últimas delas a entrar em recessão e, agora, parece ser uma das primeiros a abandoná-la. Quando o Goldman Sachs o juntou com China, Índia e Rússia, como as economias do BRIC e disse que eles iriam dominar o mundo, em 2050, houve muitas considerações sobre o Brasil não pertencer à companhia tão musculosa. Certamente, a marca "BRIC" deu ao Brasil um diferencial de marketing. Mas agora é a Rússia, com sua economia deprimida e dependente do petróleo, que parece deslocada.
Lula também merece muito do louvor amontoado sobre ele. Ao tomar posse, em 2003, ele mostrou coragem política na manutenção de políticas econômicas responsáveis, ignorando os clamores de seu Partido dos Trabalhadores, de esquerda, para não pagar a dívida. Seu instinto para a economia racional o transformou de um protecionista em um defensor do livre comércio. Suas políticas sociais ambiciosas ajudaram a triar 13 milhões brasileiros da pobreza, estreitando cada vez mais as desigualdades marcantes da renda. Apesar dos índices de popularidade quase sobrenaturais, ele sabiamente rejeitou falar de mudar a Constituição para concorrer a um terceiro mandato.
O sucesso em casa tem dado oxigênio para a ambição de salto da política externa do governo Lula. Seu Brasil quer ser visto como uma grande potência, definindo-se como o líder de uma América Latina unida e, ao mesmo tempo, buscando novas alianças com outras potências emergentes do "sul" global. Graças a capacidade de Lula para ser tudo para todos os homens, até agora o Brasil tem conseguido influenciar sem estar sob o peso de responsabilidade. Mas, olhando mais de perto, se arrisca a legar uma herança decepcionantemente ambivalente. Acima de tudo, o Brasil precisa decidir o que ele representa e quem são seus reais amigos - sob grande risco de que outros façam essa escolha para ele.
Êxitos do Sul e desconfortos
Embora a história também lhe tenha dado o parentesco com a África, de onde milhões foram trazidos como escravos, o Brasil é, à primeira vista, o mais "ocidental" dos BRICs. Ao contrário da China ou da Rússia, é uma democracia numa região essencialmente democrática. Mas os líderes brasileiros muitas vezes tem preferido ver o seu país como uma potência do sul, um líder do mundo em desenvolvimento. Sob Lula, esse viés tem endurecido. De certa forma, isso é saudável. Lula está certo ao exigir a reforma das instituições mudiais para refletir a evolução do equilíbrio de poder. As exportações do Brasil tem encontrado novos mercados na Ásia, África e Oriente Médio. Mas o que realmente une estes países? Para desgosto do Brasil, a China ajudou a bloquear sua candidatura a um assento permanente no Conselho de Segurança das Nações Unidas, enquanto a Índia fez muito para parar um acordo de comércio mundial. E o viés do Sul passou sw mão em mão com traços mais negativos.
Admiravelmente para uma possível grande potência, o Brasil renunciou às armas nucleares. Menos admiravelmente para um país que defende o Tratadio de não-Proliferação Nuclear, se recusou a assinar um protocolo adicional, negando a inspetores internacionais o completo acesso às suas instalações nucleares civis.
O governo Lula mostra também uma indiferença enigmática com a democracia e os direitos humanos para além das fronteiras do Brasil. Celso Amorim, o ministro das Relações Exteriores, argumenta que as condenações dos países ricos aos países pobres por abusos são tendenciosas e ineficientes. Grupos de direitos humanos reclamam que no Brasil da ONU se alinha com países como China e Cuba para proteger regimes abusivos. Lula felicitou Mahmoud Ahmadinejad por sua vitória nas eleições profundamente falhas do Irã, comparando os protestos da oposição maciça aos torcedores de futebol cujo time perdeu. A primiera viagem internacional de Ahmadinejad após a posse será para Brasília. Obama pediu a Lula para "usar sua influência" para convencer seu convidado para travar o seu suspeito trabalho nuclear. Se o Brasil ocupa um assento rotativo no Conselho de Segurança das Nações Unidas, em Janeiro próximo, pode ter que escolher se quer a volta de sanções mais duras contra o Irã.
No triangulação entre democratas e autocratas
Em muitas destas circunstâncias há um rastro tácito ds anti-americanismo. Isso é mais caro para o Brasil na América Latina. A influência ianque lá está em declínio, enquanto a influência da China e outros países está a crescer. Se agora há receios de uma "nova guerra fria" na região, como alguns no Brasil se preocupam, o homem que arrisca começá-la não é Obama, mas um dos amigos de Lula, Hugo Chávez, da Venezuela.
Sim, o senhor Chávez é eleito, mas ele sempre mostra poucos sinais de estar disposto a abandonar o poder nas urnas e constantemente atiça tensões na região. Foi o medo de que o presidente de Honduras estivesse transformando seu país no mais recente domínio chavista que levou ao equivocado golpe lá em junho. Agora, o senhor Chávez ameaça guerrear contra a Colômbia porque ela está atualizando um acordo que concede instalações em bases militares para os Estados Unidos, que está ajudando a combater as FARC e os traficantes de droga. Só os paranóicos podem interpretar isso como uma ameaça à Venezuela ou a Amazônia. Contudo, o Brasil escolheu manifestar preocupação com as bases, permanecendo em silêncio sobre a escalada armamentista de Chávez e a clara evidência de que o seu povo vendeu armas para as FARC.
Ninguém deve esperar que o Brasil atue como xerife da América. Mas é no seu próprio interesse, para evitar uma nova guerra fria na região. A maneira de fazê-lo não é errar entre democratas e autocratas, como Lula parece pensar. É envergonhar Chávez, traçando uma linha clara e pública a favor da democracia, o sistema que permitiu que um torneiro pobre chegasse ao poder e mudasse o Brasil. Por que outros países deveriam merecer menos?
O original está aqui.
Novas alianças na América Latina
De que lado o Brasil está?
Tempo para Lula para defender a democracia em vez de abraçar autocratas
Esse é um grande momento para ser um brasileiro e, especialmente, Luiz Inácio Lula da Silva, o inspirador presidente do país. Por muito tempo o gigante da América Latina com desempenho cronicamente baixo, hoje, o Brasil está em todas as listas de meia-dúzia ou mais novos lugares que importam no século 21. Parece que nenhum encontro internacional, seja para discutir a reforma financeira ou a mudança climática, está completo sem Lula, um ex-metalúrgico e líder sindical cuja bonomia e instinto de conciliação entre os opostos políticos fazem dele amigo em toda parte. "Ele é meu homem", jorrou Barack Obama na cúpula do G20 em Londres; Fidel Castro o chama de "nosso irmão Lula".
O novo destaque do Brasil é merecido. Ele decorre, em grande parte, do sucesso de Lula e seu antecessor, Fernando Henrique Cardoso, em estabilizar uma economia previamente disfuncional, levando a um rápido crescimento econômico. Uma das dez maiores economias do mundo, foi uma das últimas delas a entrar em recessão e, agora, parece ser uma das primeiros a abandoná-la. Quando o Goldman Sachs o juntou com China, Índia e Rússia, como as economias do BRIC e disse que eles iriam dominar o mundo, em 2050, houve muitas considerações sobre o Brasil não pertencer à companhia tão musculosa. Certamente, a marca "BRIC" deu ao Brasil um diferencial de marketing. Mas agora é a Rússia, com sua economia deprimida e dependente do petróleo, que parece deslocada.
Lula também merece muito do louvor amontoado sobre ele. Ao tomar posse, em 2003, ele mostrou coragem política na manutenção de políticas econômicas responsáveis, ignorando os clamores de seu Partido dos Trabalhadores, de esquerda, para não pagar a dívida. Seu instinto para a economia racional o transformou de um protecionista em um defensor do livre comércio. Suas políticas sociais ambiciosas ajudaram a triar 13 milhões brasileiros da pobreza, estreitando cada vez mais as desigualdades marcantes da renda. Apesar dos índices de popularidade quase sobrenaturais, ele sabiamente rejeitou falar de mudar a Constituição para concorrer a um terceiro mandato.
O sucesso em casa tem dado oxigênio para a ambição de salto da política externa do governo Lula. Seu Brasil quer ser visto como uma grande potência, definindo-se como o líder de uma América Latina unida e, ao mesmo tempo, buscando novas alianças com outras potências emergentes do "sul" global. Graças a capacidade de Lula para ser tudo para todos os homens, até agora o Brasil tem conseguido influenciar sem estar sob o peso de responsabilidade. Mas, olhando mais de perto, se arrisca a legar uma herança decepcionantemente ambivalente. Acima de tudo, o Brasil precisa decidir o que ele representa e quem são seus reais amigos - sob grande risco de que outros façam essa escolha para ele.
Êxitos do Sul e desconfortos
Embora a história também lhe tenha dado o parentesco com a África, de onde milhões foram trazidos como escravos, o Brasil é, à primeira vista, o mais "ocidental" dos BRICs. Ao contrário da China ou da Rússia, é uma democracia numa região essencialmente democrática. Mas os líderes brasileiros muitas vezes tem preferido ver o seu país como uma potência do sul, um líder do mundo em desenvolvimento. Sob Lula, esse viés tem endurecido. De certa forma, isso é saudável. Lula está certo ao exigir a reforma das instituições mudiais para refletir a evolução do equilíbrio de poder. As exportações do Brasil tem encontrado novos mercados na Ásia, África e Oriente Médio. Mas o que realmente une estes países? Para desgosto do Brasil, a China ajudou a bloquear sua candidatura a um assento permanente no Conselho de Segurança das Nações Unidas, enquanto a Índia fez muito para parar um acordo de comércio mundial. E o viés do Sul passou sw mão em mão com traços mais negativos.
Admiravelmente para uma possível grande potência, o Brasil renunciou às armas nucleares. Menos admiravelmente para um país que defende o Tratadio de não-Proliferação Nuclear, se recusou a assinar um protocolo adicional, negando a inspetores internacionais o completo acesso às suas instalações nucleares civis.
O governo Lula mostra também uma indiferença enigmática com a democracia e os direitos humanos para além das fronteiras do Brasil. Celso Amorim, o ministro das Relações Exteriores, argumenta que as condenações dos países ricos aos países pobres por abusos são tendenciosas e ineficientes. Grupos de direitos humanos reclamam que no Brasil da ONU se alinha com países como China e Cuba para proteger regimes abusivos. Lula felicitou Mahmoud Ahmadinejad por sua vitória nas eleições profundamente falhas do Irã, comparando os protestos da oposição maciça aos torcedores de futebol cujo time perdeu. A primiera viagem internacional de Ahmadinejad após a posse será para Brasília. Obama pediu a Lula para "usar sua influência" para convencer seu convidado para travar o seu suspeito trabalho nuclear. Se o Brasil ocupa um assento rotativo no Conselho de Segurança das Nações Unidas, em Janeiro próximo, pode ter que escolher se quer a volta de sanções mais duras contra o Irã.
No triangulação entre democratas e autocratas
Em muitas destas circunstâncias há um rastro tácito ds anti-americanismo. Isso é mais caro para o Brasil na América Latina. A influência ianque lá está em declínio, enquanto a influência da China e outros países está a crescer. Se agora há receios de uma "nova guerra fria" na região, como alguns no Brasil se preocupam, o homem que arrisca começá-la não é Obama, mas um dos amigos de Lula, Hugo Chávez, da Venezuela.
Sim, o senhor Chávez é eleito, mas ele sempre mostra poucos sinais de estar disposto a abandonar o poder nas urnas e constantemente atiça tensões na região. Foi o medo de que o presidente de Honduras estivesse transformando seu país no mais recente domínio chavista que levou ao equivocado golpe lá em junho. Agora, o senhor Chávez ameaça guerrear contra a Colômbia porque ela está atualizando um acordo que concede instalações em bases militares para os Estados Unidos, que está ajudando a combater as FARC e os traficantes de droga. Só os paranóicos podem interpretar isso como uma ameaça à Venezuela ou a Amazônia. Contudo, o Brasil escolheu manifestar preocupação com as bases, permanecendo em silêncio sobre a escalada armamentista de Chávez e a clara evidência de que o seu povo vendeu armas para as FARC.
Ninguém deve esperar que o Brasil atue como xerife da América. Mas é no seu próprio interesse, para evitar uma nova guerra fria na região. A maneira de fazê-lo não é errar entre democratas e autocratas, como Lula parece pensar. É envergonhar Chávez, traçando uma linha clara e pública a favor da democracia, o sistema que permitiu que um torneiro pobre chegasse ao poder e mudasse o Brasil. Por que outros países deveriam merecer menos?
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