quinta-feira, 6 de setembro de 2012

O Brasil é a Nova América?

O artigo abaixo foi publicado no Bullish on Books, um blog da CNBC sobre livros de negócios. O autor, James Dale Davidson, escreveu também o livro "O Brasil é a Nova América: como o Brasil oferece mobilidade ascendente em um mundo em colapso".

Nem sei se, tomado o conjunto da obra, eu gostaria que o Brasil algum dia vire uma "nova América"; não gosto muito da ideia de que a gente venha a repetir o tal sonho americano - que, claro, tem aspectos positivos. Prefiro que a gente construa um outro tipo de sociedade, ainda que aproveitando coisas boas que eles, os norte-americanos, fizeram por lá.

Mas não deixa de ser interessante ver um autor norte-americano fazendo aquilo que, por aqui, é coisa rara: louvar o que nós temos conquistado. 

Capa do livro "O Brasil é a Nova América: como o Brasil oferece mobilidade ascendente em um mundo em colapso"
Brazil Is the New America: How Brazil Offers Upward Mobility in a Collapsing World



Há não muito tempo atrás, havia uma crença generalizada de que os Estados Unidos era o melhor destino do mundo para alcançar ascenção social, uma aspiração que se tornou conhecida como "o sonho americano".

Pela a maior parte dos séculos 19 e 20 isso realmente parece ser verdade.

Mas não mais.

Hoje, o passaporte mais valioso do mundo no mercado negro não é o dos EUA, mas o brasileiro.

O Brasil não só vem crescendo a uma taxa média de 5% enquanto a economia dos EUA patina; o Brasil parece muito mais perspectiva de crescimento no futuro. O Brasil é o maior país tropical do mundo, com uma reserva incrível de recursos inexplorados.

Pra começar, em um mundo árido, o Brasil é a nova superpotência da água. A revista The Economist afirmou: "segundo a avaliação da ONU sobre a água do mundo, de 2009, o Brasil tem mais de 8 trilhões de km³ de água renovável a cada ano, sem dificuldades, mais do que qualquer outro país." Para referência, existem 264 bilhões de galões em um km³. Então, 8 trilhões (ou 8 trilhões) de km³ é um monte de água.

Dos arquivos do blog:


Trinta e cinco anos atrás, o Brasil importava alimentos. Hoje, é o maior exportador mundial de cinco culturas princípais, bem como de carne e frango. Cientistas brasileiros projetaram novas versões tropicais, de ciclo curto, de culturas temperadas, como soja e milho. Elas amaduressem de 8 a 12 semanas mais rápido do que as versões originais temperadas, tornando possível, aos agricultores brasileiros, produzir duas colheitas por ano em vez de uma, como nos Estados Unidos.

Em 2002, o rendimento médio global para a soja no Brasil (2,6 toneladas / hectare) superou o rendimento médio nos Estados Unidos (2,4 toneladas / hectare). Mais significativamente, o custo de produção de soja no Brasil caiu para cerca de US $ 6, 23 por saca de 60 kg, apenas 50% do nível dos EUA, de US $ 11,72.

Enquanto ninguém, fora alguns investidores profissionaism, estava olhando, o Brasil calmamente ultrapassou os Estados Unidos na liderança mundial para a mobilidade ascendente. Com uma população apenas dois terços do tamanho de os EUA, o Brasil criou mais de 15 milhões de empregos ao longo dos últimos 8 anos, enquanto os EUA perderam milhões de vagas. Combinando a independência energética e vastos recursos naturais, incluindo 60% das terras ociosas aráveis do mundo e 25% de sua água doce, o Brasil é a primeira superpotência tropical do mundo, oferecendo uma nova fronteira de crescimento.

Mas não cometa o erro de pensar que o Brasil é apenas um grande e bem regada fazenda. O Brasil tem uma economia diversificada e moderna. Na verdade, a agricultura representa apenas 5,5% da economia brasileira. O Brasil tem também um grande setor de mineração, mas 84% ​​das exportações brasileiras são de produtos manufaturados. Começando com os automóveis e aviões (o Brasil é 3 º produtor mundial de aviões comerciais), aço, ferramentas, têxteis e vestuário, calçados, cimento, produtos químicos, fertilizantes, vagões e locomotivas também são importantes exportações brasileiras. E provavelmente surpreenderia a maioria dos americanos saber que, em vários momentos na última década, o Brasil também foi o maior exportador mundial de programas de televisão, habilmente dublados do português para outras línguas.

Consideremos o embaraçoso tema da independência energética. Os políticos norte-americanos tem falado sobre alcançar a independência energética por décadas. No entanto, eles fizeram pouco ou nada para avançar para esse objetivo. A importação de petróleo pelos EUA subiram de cerca de 30% do consumo, em 1970, para em torno de 70% recentemente.

O Brasil, por outro lado, fez um progresso dramático. Em 1974, o Brasil importou cerca de 80% do seu petróleo. Hoje, a percentagem líquida das importações de petróleo pelo Brasil é inferior a zero. O Brasil se tornou um exportador de petróleo em 2009. Hoje o Brasil tem cerca de 100 bilhões de barris de reservas de petróleo e é amplamente reconhecido como líder mundial em biocombustíveis.

O salário real médio nos Estados Unidos tem estado estagnado durante um quarto de século e um em cada sete americanos agora participa do programa de cupons de alimentação, refletindo um crescimento preocupante da pobreza. (Pelos cálculos oficiais, 5,4 milhões de norte-americanos afundaram na pobreza durante o primeiro ano da presidência de Obama). Enquanto isso, quase 40 milhões de brasileiros saíram da pobreza para a classe média na última década.

Enquanto o crescimento do emprego nos Estados Unidos foi rudimentar, e mais americanos se qualificaram para invalidez permanente do que encontraram empregos durante o atual mandato presidencial, o desemprego brasileiro está em 5,8% e os salários estão subindo devido à escassez de trabalhadores.

Não muito tempo atrás, quem queria viver o "sonho americano" de mobilidade ascendente tinha que viver nos Estados Unidos. Mas o que era verdade nos séculos 19 e 20 já não é no despetar do século 21. Não só 40 milhões de brasileiros saíram da pobreza para entrar na classe média na última década; o Brasil tornou-se um ótimo lugar para ficar rico, somando 19 novos milionários a cada dia desde 2007. Nada mal em comparação com os Estados Unidos, que perdeu 353 milionários a cada dia, só em 2011.

Não é de admirar que um número crescente de americanos estão migrando para o Brasil por  uma oportunidade. Como Scott e Mandy Harker disseram sobre sua decisão de deixar os EUA para o Brasil, "Para nós, era como estar em um navio afundando, esperando ele ir para baixo."

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