Artigo do Brasil Econômico explica como a redução da Selic pode alavancar os investimentos produtivos.
Redução da rentabilidade dos títulos públicos forçará os empresários a garantir retorno sobre a produção.
Após a Taxa Básica de Juros (Selic) romper sua mínima histórica ao alcançar o patamar de 8,5%, industriais e especialistas do setor indicam que os empresários serão obrigados a levar mais dinheiro para as companhias para conquistar o retorno que era garantido pelos investimentos em títulos públicos.
Assim, a indústria terá de enfrentar a falta de competitividade do país e realocar recursos em produção e diferenciação de seus principais produtos.
Entre os setores mais sensíveis à redução da Selic estão os de bens de consumo duráveis, como produtos de linha branca, eletroeletrônicos e automotivos. Com isso, máquinas e equipamentos também serão beneficiados com as novas necessidades da indústria manufatureira.
Ozires Silva, reitor da Unimonte e fundador da Embraer, comenta que os empresários terão que se movimentar com a perda de rentabilidade dos títulos públicos.
"Agora não há mais espaço para a renda fixa. O retorno ficará cada vez mais baixo e os empresários terão que investir na própria companhia para melhorar a produtividade e reduzir os custos."
Dados indicam que há espaço para que os aportes em máquinas e equipamentos, além de pesquisa e desenvolvimento, aumentem.
Segundo pesquisa da Confederação Nacional da Indústria (CNI), 60% dos investimentos são custeados pelas próprias empresas, mas elas seguram boa parte do capital, cerca de um quarto do montante, devido ao bom retorno fornecido pela Selic e pelas incertezas econômicas.
Silva afirma que não há mais saída para os empresários. "O retorno dos investimentos está mais atrativo que o dos títulos, e a indústria terá que se movimentar para sobreviver", avalia.
Outros reflexos da queda da Selic são indiretos, mas poderão subsidiar um ambiente econômico melhor para que o setor possa voltar a crescer. O principal deles é a redução da volatilidade do câmbio.
A expectativa é de que o real perca atratividade no mercado internacional à medida que os títulos brasileiros valham menos. A atual taxa do dólar, em torno de R$ 2,00, é entendida como o piso para os industriais.
"É um nível de câmbio que atende os interesses do Brasil. Se permanecer neste patamar, espera-se algum efeito positivo na produção industrial em seis meses", diz o presidente da Fiesp, Paulo Skaf.
Skaf também acredita que a demanda pode aumentar com a redução da Taxa Básica de Juros, mas a posição atual dos bancos configura uma barreira entre os industriais e seus potenciais consumidores.
"A Selic baixa tenderia a estimular o crédito e a demanda, porém o sistema bancário está muito seletivo e não vem expandindo o crédito. Assim, a demanda continua fraca", argumenta Skaf em tom de reclamação.
Nenhum comentário:
Postar um comentário