Matéria do R7.
Estudo mostra que cerca de 10.160 turbinas gerariam energia de hidrelétrica do Xingu.
A usina hidrelétrica Belo Monte, que será construída no rio Xingu (PA), é mais barata do que fontes alternativas, como as usinas eólicas. Esse é o resultado de estimativas feitas pela área técnica do Ministério de Minas e Energia levando em conta toda a energia que poderia ser gerada por Belo Monte - 11,2 mil megawatts (MW).
O custo da hidrelétrica no Pará é estimado em ao menos R$ 19 bilhões – um dos mais altos do mundo para uma obra do tipo. O governo deve bancar a maior parte por meio do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social).
O estudo do ministério, feito a pedido do jornal O Estado de S.Paulo, mostra que, em caso extremo, se toda a energia de Belo Monte tivesse de ser gerada em centrais eólicas ou solares, o gasto seria maior e o custo da energia também.
Devido ao ciclo de cheias do rio Xingu, Belo Monte não deve atingir sua capacidade máxima em praticamente nenhum momento. Os técnicos do ministério fizeram projeções com base na "garantia física" da hidrelétrica, que é a energia média que efetivamente será produzida: 4.571 megawatts médios (MWmed).
Para chegar a essa energia, seriam necessárias 10.160 turbinas eólicas para captar a energia do vento. O custo varia de R$ 47,8 bilhões a R$ 83,6 bilhões.
Debate ambiental
A comparação leva em conta os principais argumentos contra a construção da usina. Em qualquer debate sobre Belo Monte, é comum ouvir que o dinheiro usado na construção da usina poderia ser usado para produzir energia por meio de outras fontes, em tese mais amigáveis ao meio ambiente, como centrais de energia eólica ou PCHs (Pequenas Centrais Hidrelétricas).
Para o ministro de Minas e Energia, Márcio Zimmermann, as hidrelétricas ainda são a fonte mais barata de geração de energia. Belo Monte deve estar entre as três maiores usinas do mundo, atrás de Itaipu (Brasil) e de Três Gargantas (China).
- No Brasil, ainda temos hidrelétricas para explorar e são a fonte mais barata. Então, tenho de fazer delas o carro-chefe. Outras fontes, como eólicas, biomassa e PCHs são excelentes para complementar, mas não têm as características para liderar a expansão.
Além dos efeitos econômicos, chama atenção o espaço físico necessário para as torres das turbinas eólicas.
Se fosse construída uma grande central eólica, contínua, para gerar a mesma energia de Belo Monte, as torres ocupariam área de até 3.047 quilômetros quadrados, duas vezes a cidade de São Paulo. A área alagada para Belo Monte será de 516 quilômetros quadrados.
Ricardo Baitelo, coordenador da campanha de energias renováveis do Greenpeace Brasil, ressalta que, na mesma área onde as centrais eólicas são instaladas outras atividades podem coexistir, como pecuária e agricultura. No caso das hidrelétricas, diz, mesmo se ao lago for dada outra destinação (como turismo), a população precisa ser deslocada.
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