As mentiras vão sendo contadas e repetidas. E novamente repetidas. Até que, de repente, elas assumem a cara da verdade.
Verdades? Mentiras? Fatos? Versões? Tudo balela, né? Não existem verdades, apenas pontos de vistas e tal.
Pode ser. É uma discussão filosófica bem interessante.
Mas, aqui no nosso dia a dia mais corriqueiro, acho que dá pra gente lidar com conceitos mais rasteiros. Aconteceu ou não aconteceu?
Dos arquivos do blog:
Pesquisadora da FGV: com aumento real de 76% na última década, salário mínimo foi o principal fator na redução da desigualdade.
Pesquisadora da FGV: com aumento real de 76% na última década, salário mínimo foi o principal fator na redução da desigualdade.
Pois bem.
Bastou a Dilma manifestar repúdio ao ataque sofrido pelo Chico Buarque para determinada mentira (versão?) voltar a ser repetida mil e tantas vezes. Danem-se os fatos! Vamos repetir a nossa versão - até ela parecer verdade sabida.
Tem acontecido um sem número de vezes. E não vai parar, eu sei.
Mas vamos lá. Faça uma pesquisa, por exemplo no seu Twitter. Digite Dilma e Mariana.
Aí vai um exemplo dos resultados que você encontrará:
Lindo. Critica-se a escolha de prioridades da Presidenta com esta premissa: ela demorou mais pra falar de Mariana que do Chico. Segundo esta verdade sabida, Dilma teria levado uma semana para falar sobre as barragens da Vale/BHP/Samarco
Tivesse isso ocorrido, poderíamos debater sobre a escala de prioridades das mazelas nacionais. Um debate necessário, sem dúvida.
E, pra ninguém precisar supor, lá vai minha posição: o acidente (crime?) ocorrido em Mariana é gravíssimo; mas nossa onda de intolerância (de qualquer lado!) também o é.
E, pra ninguém precisar supor, lá vai minha posição: o acidente (crime?) ocorrido em Mariana é gravíssimo; mas nossa onda de intolerância (de qualquer lado!) também o é.
Agora, o problema é que, debates filosóficos à parte, a premissa da critica é falsa! Isso mesmo: é mentira! Pra esclarecer: não é factual, naquele nível suficiente para o nosso cotidiano medíocre.
Quer ver? Taí, na imagem abaixo: o perfil da Dilma no Twitter no dia 06/11, dia seguinte ao da tragédia provocada pela Vale e seus sócios.
É obvio que a reação da Presidenta ao desastre de Mariana não pode ser medida por uma publicação no Twitter. É possível debater se o seu governo agiu ou não rapidamente.
Mas esta não é a questão aqui.
As postagens criticam a postura da Dilma por sua manifestação no Twitter. E, bem, neste caso, como em muitos outros, a base da crítica é simplesmente falsa.