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Escrito por Nelson de Sá
Como ironizou Vinicius Torres Freire, hoje está sendo um "dia de divulgação de notas de falecimento da autonomia do Banco Central e de diagnósticos sobre o enlouquecimento de seus diretores", por quase toda mídia.
Mas não no exterior.
A "Economist" já traz na edição de hoje a análise "Mudando de direção", com o subtítulo "Aperto fiscal, afrouxamento monetário". Cita argumentos para um lado e outro, não toma posição e fecha dizendo que "o Banco Central do Brasil está diante de uma ação complicada de equilíbrio".
A tradicional seção Lex, do "Financial Times", vai na mesma linha, sob o enunciado "Espaço para manobra":
Banqueiros centrais ao redor do mundo devem estar olhando para o Brasil com uma mistura de emoções. O corte do Banco Central inspira admiração, medo e inveja. A admiração é pelo arrojo persistente. O BC está respondendo bravamente à súbita deterioração do ambiente econômico global. Se o fraco verão global terminar logo ou se a inflação brasileira voltar a subir, o banco vai parecer bobo. Mas a aposta na desaceleração parece boa... Porém o corte abre precedentes temerários. Primeiro: fraqueza política. A crise tornou os banqueiros centrais muito mais políticos, mas na maioria dos países eles têm vantagem sobre políticos e reguladores. No Brasil, parece que cedeu à pressão do governo... Pelo menos os brasileiros têm espaço para manobra. Na maioria dos outros país, mais estímulo monetário não faria nada além de encher bolhas financeiras. Os banqueiros centrais podem se sentir desculpados por invejar a liberdade dos brasileiros.
Também no site do "FT", que até verte para o inglês o comunicado do BC, o editor de América Latina, John Paul Rathbone, ressalta que "o BC do Brasil claramente não sentiu que sentar no muro era uma alternativa" e reproduz nota do HSBC, sobre a provável influência sobre os outros emergentes:
A ação do Brasil mostrou que os bancos centrais dos mercados emergentes estão mais defensivos do que alguns podem ter pensado. O trauma de 2008 simplesmente bateu fundo. Espere que todo mundo deixe de lado o aperto monetário por um tempo, com algumas poucas exceções pontuais como a Índia e talvez a Tailândia.
Rathbone acha que a China pode ser outra exceção, mantendo o aperto para evitar insatisfação política derivada da inflação, mas acrescenta:
A situação do Brasil é muito diferente. Seu governo não precisa se preocupar com revoltas por aumento no preço dos alimentos. Está mais preocupado com o crescimento e em manter o muito necessário fortalecimento da infraestrutura do país.
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