Texto de Jorge Furtado, publicado pelo Nassif.
Aqui, há mais dados sobre o assunto.
Pequeno comentário meu.
Talvez o colunista da Folha disponha de dados dos quais eu não tenho conhecimento. Nesse caso, obviamente, só poderia render-me à realidade. Mas, como ele não deu a fonte, em tese apenas, permito-me uma certa perplexidade com uma frase sua.
Segundo ela, a frase, homicídios, roubos a bancos e sequestros talvez sejam os crimes que mais afetam o ânimo da população. Tá, quantos aos homicídios, vamos deixar passar. Mas roubo a banco e sequestro? A nossa população realmente está mais preocupada com roubos a banco do que com furtos e roubos em residências ou de veículos? Nos tiram o seu sono os sequestros, e não as ameaças, a violência nos estádios ou aquela praticada pela polícia? É isso mesmo?
Talvez no meio em que o colunista viva, de fato, sequestros sejam uma preocupação cotidiana. E, obviamente, não digo que eles e os assaltos a bancos não devam ser coibidos. Mas, intuitivamente e sem nenhum dado mais concreto, acredito que o tráfico de drogas, os pequenos crimes de ruas (roubos e furtos), os roubos de carro e em residências, entre outros, afetem muito mais o "ânimo da população".
Bom, sei que o meu eles afetam muito mais.
Mas, fazer o que? É tudo, sempre, uma questão de ponto de vista. Visto de seu lugar social, talvez o colunista esteja certo. É provável que nos meios em que ele circula o sequestro seja efetivamente uma preocupação que afete o ânimo daquela população específica.
Parafreseando o Ministro Joaquim Barbosa, eu diria: saia às ruas, "jornalista".
A Folha errou, mais uma vez. Para variar, o mais novo erro factual da Folha é contra o governo federal (Lula, Dilma) e a favor do governo paulista (Serra). O mais recente erro da Folha está na coluna de hoje de Clóvis Rossi, intitulada “Questão social, questão policial”:
“Era uma vez uma certeza: as obscenas pobreza e desigualdade brasileiras eram as principais responsáveis pela igualmente obscena violência urbana. Aí, veio uma expressiva redução da pobreza. (…) Logo, a conclusão inescapável é a de que diminuiu a violência urbana, certo? Errado, mostram as estatísticas que esta Folha divulgou ontem, relativas justamente a um período (primeiro trimestre de 2010) em que a economia está bastante aquecida e, por extensão, aquece almas e corações de pobres e classe média (ricos nunca passaram frio, nem na idade do gelo na economia). Aumentaram os homicídios, os roubos a bancos e os sequestros, talvez as categorias de crime que mais afetam o ânimo da população. (…) É fatal concluir que a questão social continua sendo relevante, como é óbvio, mas não pode ser tomada como a única nem a principal causa da violência”.
Clovis Rossi, FSP, 02/04/10
http://www1.folha.uol.com.br/fsp/opiniao/fz0205201003.htm (só para assinantes)
http://www1.folha.uol.com.br/fsp/opiniao/fz0205201003.htm (só para assinantes)
O jornalista da Folha esqueceu de avisar que as estatísticas que o jornal divulgou ontem se referem às taxas da violência EM SÃO PAULO E NÃO NO BRASIL. A manchete na matéria da Folha de ontem é: “Homicídios crescem 23% em São Paulo”. O sub-título: “Após nove anos em queda na capital paulista, número de assassinatos no primeiro trimestre de 2010 supera o de 2009”
Fatos: a pobreza e a desigualdade social diminuíram NO BRASIL (durante o governo Lula). Em 2009, violência aumentou EM SÃO PAULO (durante o governo Serra).
Clóvis Rossi reconhece que houve, no Brasil, uma “expressiva redução da pobreza”. E afirma, com base nos dados da cidade de São Paulo, que a violência, ao contrário da pobreza, aumentou.
Os dados disponíveis sobre o Brasil, até 2007, são bastante claros: o número de assassinatos cresceu significativamente durante o governo tucano (de 41.950 em 1998 para 49.695 em 2002), período em que a desigualdade social permaneceu praticamente inalterada. E caiu durante o governo petista (de 51.043 em 2003 para 47.707 em 2007), quando houve expressiva redução da pobreza.
O Brasil não é São Paulo. O número de homicídios, NO BRASIL, aumentou ou diminuiu em 2008 e 2009? Eu não sei. A Folha e Clóvis Rossi também não sabem ou, se sabem, não informam.
Depois de comparar alhos com bugalhos, Clovis Rossi afirma que “é fatal concluir que a questão social continua sendo relevante, como é óbvio, mas não pode ser tomada como a única nem a principal causa da violência”. O jornalista da Folha não esclarece qual seria, se não a questão social, a principal causa da violência. O futebol? Cachaça? Mulheres? Engarrafamentos? Quem sabe, a maldade humana?
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