Texto publicado no Blog do Alê acerca de matéria do Valor.
Quinta-feira, 06 de Maio de 2010 - 14:19
Construtoras do 'Sul Maravilha' sentem a falta de nordestinos que pararam de migrar.
Em poucos parágrafos, a matéria "Construtoras já temem apagão de mão de obra", publicada no Valor Econômico de hoje, confirma que o Brasil está mudando de fato. Leitura obrigatória, nem é preciso comentar muito, pois para bom entendedor, ‘meia palavra basta’. Apenas destaco em negrito os efeitos palpáveis dessa mudança, que para quem está no topo é silenciosa e quase imperceptível. Por isso, a imprensa brasileira estar usando tanto a frase 'o mercado se surpreendeu'.
São as empresas do setor que acreditam que o Bolsa Família e o próprio aquecimento do mercado nordestino estão provocando a redução das migrações do Nordeste, não é discurso governamental. Se alguém acha que essa redução não é uma boa notícia ou que é pouco, paciência, em outubro teremos opções para estes.
"As construtoras venderam R$ 22 bilhões em imóveis em 2008, R$ 26 bilhões no ano passado e já anunciaram planos ambiciosos para este ano: as maiores falam de expansão entre 30% e 50%. Quase todas essas obras já começaram a ser erguidas ou estão perto de sair do papel. A dúvida é se haverá braços para atender tamanha demanda. Os mais alarmistas já temem um apagão de mão de obra. Está difícil contratar profissionais qualificados e com experiência. Empresas, que atuam na baixa renda, resolveram efetivar funcionários antes terceirizados, criando planos de carreira e até em remuneração variável para o pessoal de obra.
Segundo o Sinduscon, 40% dos que trabalham em obras são serventes e 60%, qualificados. As empresas acreditam que o Bolsa Família e o próprio aquecimento do mercado nordestino provocaram a redução das migrações do Nordeste.
Para ter gente suficiente e bem treinada, as empresas adotam as mais diferentes estratégias. Na maioria das construtoras, os canteiros viraram escolas. Entre um tijolo e outro, os funcionários fazem uma pausa para participar de cursos de capacitação ou mesmo alfabetização.
A corrida por estagiários de engenharia civil e os programas de trainee também se tornaram comuns no setor. A Gafisa efetivou 103 engenheiros no ano passado, um recorde para a empresa, e este ano está com 450 estudantes na companhia. A MRV, que este ano vai construir 40 mil unidades, investe em um programa de trainee e contratou 5 mil novos funcionários apenas para os canteiros desde janeiro. Já conta com 18,5 mil trabalhadores nas obras.
"Na década de 80, se você anunciasse uma vaga na obra, fazia fila", afirma Rubens Menin, presidente da MRV. "Hoje, precisamos investir em capacitação e participação nos lucros para reter os profissionais".
O efeito direto dessa falta de mão de obra se vê nos salários: o piso do setor varia entre as cidades, mas um ajudante ganha, em média, R$ 770. Um mestre de obras ganha mais de R$ 4 mil, chegando a quase R$ 10 mil no mês do pagamento da participação nos lucros. (Daniela D'Ambrosio)
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