segunda-feira, 1 de fevereiro de 2010

Terra Magazine: O Governo Federal, as grandes empresas nacionais e o exemplo de EUA, Japão e Coréia.

Artigo de Carlos Drunnond para o Terra Magazine.

Aqui, há um artigo do Stephen Kanitz sobre o mesmo assunto. Ele classifica a política de estímulo à formação de empresas de classe mundial como um dos legados do Governo Lula, que, nessa condição, tendem a moldar o futuro do país.

Carlos Drummond
De Campinas (SP)

O anúncio do apoio oficial à formação, pela construtora Camargo Corrêa, de uma grande empresa de energia a partir da aquisição do controle ou de participações em companhias do setor confirma a adoção de uma estratégia vencedora em países como os Estados Unidos, o Japão e a Coréia e seguida também por países como a China e a Índia.

A constatação histórica de que não há país que tenha se desenvolvido sem grandes empresas nacionais alicerça a política do governo de estimular, por meio de financiamentos do BNDES, a formação de players de porte mundial. Entre as operações mais recentes destacam-se a compra da Brasil Telecom pela Oi; da Aracruz pela Votorantim, formando a Fibria, maior empresa de celulose do mundo; da Bertin e da americana Pilgrim's Pride pela JBS-Friboi; a fusão da Perdigão e da Sadia, gerando a Brasil Foods, maior processadora de frango do mundo.

O rápido crescimento da Coréia do Sul apoiou-se na política governamental de formação dos chaebol, grupos empresariais gigantes - a exemplo de Samsung, Hyundai e LG - que desempenharam um papel fundamental na sua evolução econômica. Os chaebol foram inspirados nos keiretsu, conglomerados símbolos do desenvolvimento japonês. Mitsubishi (que inclui o Banco de Tokio, a Tokio Marine, a Shin-Nippon Petroleum), Mitsui (Fuji, Toshiba, Toyota, Toshiba) e Sumitomo (Banco Sumitomo, Mazda, NEC) e Fuyo (Canon, Hitachi, Nissan, Yamanha) estão entre os principais keiretsu.

O principal exemplo de êxito econômico da grande empresa é o dos Estados Unidos. Entre 1888 e 1905, 328 grandes companhias resultantes de fusões, com uma capitalização conjunta de US$ 7 bilhões, concentravam dois quintos do capital manufatureiro do país. "Uma proporção espantosamente alta chegou aos nossos dias", constatou o historiador Ross M. Robertson. Dentre essas três centenas de empresas, 156 dominavam os seus setores.

Entre as vantagens de o Brasil ter grupos empresariais gigantes e que sejam players mundiais estão a internalização de tecnologia; a menor probabilidade de terem o controle adquirido por empresas de outros países, devido ao seu grande tamanho, que favorece também a atração de investimentos e a construção de um horizonte de expectativas mais estável para a tomada de decisões de outras empresas e também das médias e das pequenas.

Carlos Drummond é jornalista. Coordena o Curso de Jornalismo da Facamp.

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