Por Bradley Brooks (AP)
RIO DE JANEIRO - Ele é o Pelé da política, nomeado “o político mais popular na Terra" por um outro concorrente ao título - Barack Obama.
O presidente brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva conquista elogios de Havana a Wall Street por um boom econômico tirou levou milhões de pessoas da pobreza. Ele participou de comícios socialistas na Venezuela de Hugo Chávez, menos de duas semanas após convidar George W. Bush para um torneio de pesca.
Agora, após o trazer para o seu continente os primeiros Jogos Olímpicos, o ex-líder trabalhador com um grau de educação fundamental vê sua estrela brilhar mais quente do que nunca, levamdo alguns a se perguntar sobre a vida do Brasil depois de "Lula" - como é conhecido - quando terminar seu mandato, no próximo ano.
"Sob Lula, o Brasil se tornou a marca mais quente no mercado mundial", disse Michael Shifter, do Diálogo Interamericano. "É uma espécie de coroa de glória para sua presidência e seu legado".
Quando o Rio ganhou o Jogos Olímpicos de 2016, sexta-feira, ele superou o lobby dos Obamas para Chicago e o ex-presidente do Comitê Olímpico, Juan Antonio Samaranch, implorando para ver os jogos em Madrid em seus anos de crepúsculo. Silva pulou em um aglomeração frenética, abraçou o jogador brasileiro de futebol Pelé e rompeu em lágrimas.
"Nosso tempo chegou. Ele chegou!" , disse ele durante a apresentação final do Rio de Janeiro, em Copenhague.
Essa mistura de um chame pé no chão e uma retórica de pregador trouxe Lula ao palco mundial e conquistou o Comitê Olímpico Internacional, após três candidaturas anteriores do Brasil haverem sido abatidas.
Mas, quando ele foi eleito pela primeira vez, em 2002, os laços de Silva com Chávez e Fidel Castro de Cuba, além de seu passado como líder sindical preso sob uma ditadura militar, assustou os investidores internacionais - quase levando a economia do Brasil a um colapso.
Silva governou como um centrista, construindo um boom econômico ajudado pelo aumento dos preços das commodities. E ele promoveu garndes cortes fiscais no meio da crise global para levar os brasileiros a uma série de gastos, ajudando o Brasil a se livrar da crise financeira global mais rápido do que qualquer outra nação.
Ele usou sua trajetória para se tornar a voz moral para as nações em desenvolvimento – irritando muitos em todo o mundo ao dizer, em março passado, que a crise financeira global, que prejudicava os pobres, foi causada por "pessoas brancas de olhos azuis." Os mancheteiros do Nova York Post o apelidaram de "Brazil Nut."
Mas as mudanças atuais no G20, no Banco Mundial e no Fundo Monetário Internacional, para aumentar o poder de voto das economias emergentes, podem ser atribuídas diretamente a Silva, que viu seu país de superar a Rússia e o Canadá e se tornar a oitava maior economia do globo.
A verdadeira “loucura” (nut) em Lula, dizem seus apoioadores, é a sua capacidade de se conectar com qualquer pessoa, passando, facilmente, de uma reunião com líderes mundiais em seus ternos sob medida para, vestindo um macacão laranja, se reunir com os trabalhadores do petróleo.
O presidente iraniano, Mahmoud Ahmadinejad, pediu a Silva, no início deste ano, para ajudar a negociar o fim da invasão de Israel na Faixa de Gaza. Poucos meses depois, o ministro das Relações Exteriores de Israel pediu-lhe para convencer o Irã a suspender seu programa nuclear.
"O Brasil tem tido esta enorme boa sorte de manter boas relações com a mais ampla gama de regimes que eu já vi", disse Peter Hakim, da Inter-American Dialogue. "Há muito poucas pessoas que podem fazer o que Lula tem feito".
Mas não tem sido tudo suave.
Silva sobreviveu a escândalos políticos que tiraram alguns de seus conselheiros mais próximos. Por alto, altos assessores supostamente pagaram senadores por votos, apesar de as investigações nunca terem ligado Silva à ilegalidade. Os crimes violentos também continuam a ser brutais no Brasil - a questão que se levantou para inviabilizar a candidatura, de resto forte, do Rio de Janeiro.
Mas seus críticos são amordaçados diante de um índice de aprovação de 77%.
O encanto de Silva pode ter ganhado a atenção do COI. Mas foi, em ultima instânciam, a transformação do Brasil que venceu pelo Rio.
Mais de 19 milhões de brasileiros foram retiradas da pobreza durante seus dois mandatos, de acordo com a Fundação Getúlio Vargas. Seu programa “Bolsa Família" paga aos pobres para manter seus filhos na escola e vaciná-los. Ela agora atinge 40 das 190 milhões de pessoas da nação.
Ele é extremamente populista quando se trata de defender o desenvolvimento econômico da Amazônia pelo Brasil e de propor novas leis, que darão à estatal petrolífera uma maior participação nas maciças reservas de petróleo marítimas descobertas nos últimos dois anos.
Mas muitos querem saber onde ele deixa o Brasil quando um novo presidente tomar posse, em 1 de janeiro de 2011.
Os principais concorrentes são o candidato da oposição e governador de São Paulo, José Serra - que perdeu mal para Silva, em 2002, mas agora lidera as pesquisas iniciais –, e a chefe de gabinete de Silva e sucessora escolhido a dedo, Dilma Rousseff.
Dois outros candidatos potenciais poderiam afetar a eleição - Aécio Neves, o popular governador de Minas Gerais, e a senadora Marina Silva, que serviu como Ministro do Ambiente de Silva, antes de se demitir em protesto por um compromisso do Brasil para a preservação da Amazônia.
"A grande diferença poderia ser no status ou posição internacional do Brasil", disse David Fleischer, cientista político da Universidade de Brasília. "Lula é um tremendo e carismático lider político, e nenhuma dessas pessoas são é."
Outros dizem que o país se tornou uma potência tal, que a sua partida terá pouco efeito.
As próximas eleições no Brasil irão "de certa forma desmistificar Lula", disse Mauricio Cardenas da Iniciativa América Latina da Brookings Institution, em Washington.
Ana Paula Fereira de Mello, 23, concorda.
"Lula nos deu um papel global, mas a nossa nova imagem, como uma nação vencedora, não irá mudar quando ele sair", disse a Secretária carioca, que faz faculdade à noite. "Nós chegamos, e não sairemos para qualquer lugar."
O escritor da Associated Press em São Paulo, Alan Clendenning, contribuiu para este relato.
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